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Um Dia a Menos
1.
Margarida: (deitada de costas no escuro. Abre e fecha os olhos. Só uma pequena parte do que é dito pode ser comprovada.) Eu desconfio que a morte vem. Morte? Será que uma vez os tão longos dias terminem? Assim devaneio calma, quieta. Será que a morte é um blefe? Um truque da vida? É perseguição? E assim é.
2.
Troca de roupa, acende o primeiro cigarro.
Voz: (A voz chega a ela ora de um lado ora de outro. Ora fraca e distante, ora um sussurro no seu ouvido. No curso de uma única frase pode mudar o local e o tom. Seus longos silêncios são outra característica.) Era um cigarro de marca cara, desse fumo louro, cigarrilha estreita e comprida, qualidade social de uma pessoa que não era por acaso ela. Aliás, por mero acaso, não era muitas coisas. E por mero acaso havia nascido. E depois? Depois. Depois. Pois então. Assim mesmo. Não é?
Margarida: Então pois então é assim mesmo.
Augusta: Há melhoria depois.
Margarida: Assim mesmo havia já chegado de assim era.
3.
Margarida: O jornal. (Meio animada, vai pegar o jornal.)
Luta 1: Ela pega o jornal.
Margarida: (Lê no jornal) Margarida Flores, Rua General Isidro.
Luta 2: Vizinho pega o jornal.
Luta 1: Ela pega o jornal.
Margarida: Margarida Flores.
Criança: (correndo) Margarida Flores de Enterro.
Margarida: (repreensiva) Margarida Flores de Jardim.
Voz: É que simplesmente as coisas não eram do seu lado. Pensou uma bobagem, até sua pequena cara era de lado. Em esquina. Nem pensava se era bonita ou feia. Ela era óbvia.
4.
Telefone toca.
Voz: Depois. Depois não tinha problemas de dinheiro. Depois havia o telefone.
Margarida faz que vai ligar para alguém.
Voz: Mas sempre que telefonava tinha a impressão nítida que estava sendo importuna. Por exemplo, interrompendo um abraço sexual. Ou então era importuna por falta de assunto.
Telefone toca.
Margarida: (contendo o trêmulo da voz) Alô? Sim?
Telefone, voz macia de homem: É Margarida Flores de Jardim?
Margarida: Margarida Flores de Bosques Floridos!
Voz: Para um drinque se deveria ir na certa vestida de modo mais audacioso, mais misterioso, mas pessoal, mais... Ela não era muito pessoal. E que incomodava um pouco, não muito. E, além do mais, o telefone não tocou.
5.
Margarida: (Fala de si mesmo como se fosse de outro.) Sempre há alguma coisa pela qual se guiar e arrumar. Diz falando de si, Ela fala de si mesma falando de outro. Também se inventa, pela companhia. Quanto a ela mesma, ela se guiava pelo fato de não ser casada, de ter a mesma empregada desde que nascera, de ser uma mulher de trinta anos de idade, pouco batom, roupa pálida... e que mais? Evitou depressa “o que mais” pois a essa pergunta cairia num sentimento muito egoísta e ingrato: sentir-se-ia só, o que era pecado porque quem tem Deus nunca está só. Tinha Deus, pois não era a única que o tinha? Fora Augusta.
6.
Banho de talco, libidinoso.
7.
Homem: Flauta e Viola.
Voz: Como se “flauta e viola” fossem na realidade o seu secreto, ambicionado e inalcançável modo de ser.
Margarida: (baixo) Flauta e viola.
8.
Margarida Fuma Diante da Televisão.
9.
Telefone toca.
Voz: (para Margarida) Conte os passos e multiplique por dez. E some. Conte os passos.
Margarida corre rápido, depois diminui a velocidade bruscamente.
Voz: (durante a corrida) Ela costumava contar as coisas, por uma espécie de mania de ordem, afinal inócua e até divertida. Acha consolo nos números. Partes de um certo ritmo cardíaco e calcula quantas batidas por dia. Por semana. Por mês. Por ano.
Margarida: (estaca) ACONTECEU! Juro!
Telefone toca 4 vezes.Sente uma dor aguda no coração a cada toque.
Margarida: (com voz bem negligente) Alô...
Constança: (voz rouca de mulher velha) Por obséquio, por favor, pode chamar ao aparelho para mim a Flávia? Meu nome é Constança.
Margarida: (Inflexão monótona. Sem vida. Sempre a mesma inflexão monótona. ) Madame Constança, sinto lhe informar que nesta casa não vive ninguém com o nome de Flávia, sei que Flávia é um nome muito romântico, mas é que não tem aqui nenhuma, que é que eu posso fazer?
Constança: Mas essa não é a rua General Isidro?
Margarida: É, sim, mas que número de telefone pediu? O quê? O meu? Mas lhe asseguro que moro aqui há exatamente trinta nos, quando nasci, e nunca houve nesta casa nenhuma jovem chamada Flávia!
Constança: Jovem, coisa alguma, Flávia é um ano mais velha que eu e se esconde a idade isso é problema dela!
Margarida: Talvez não esconda a idade, quem sabe, Madame Constança.
Constança: Que esconde, lá isso esconde, mas pelo menos faça-me o favor de lhe dizer que atenda logo o aparelho e já!
Margarida: Eu... eu... eu estava tentando lhe dizer que nossa família foi a primeira e única moradora desta casinha e lhe afianço, juro por Deus, que nunca morou aqui nenhuma senhora Flávia, e não estou dizendo que a senhora Flávia não existe, mas aqui, minha senhora, aqui -não e-x-i-s-t-e...
Constança: Deixe de ser grosseira, sua sirigaita! Aliás como é o seu nome?
Margarida: Margarida Flores do Jardim.
Constança: Por quê? Há flores no jardim?
Margarida: Ah, ah, ah, a senhora tem bom humor! Não, não há, flores no jardim mas é que meu nome é florido.
Constança: E isso adianta alguma coisa?
Silêncio.
Constança: Adianta ou não adianta, enfim?
Margarida: É que não sei responder porque nunca tinha antes pensado nisso. Só sei responder coisas que já pensei.
Constança: Então faça uma forcinha e mentalize o nome de Flávia e verá que saberá responder.
Margarida: Estou mentalizando, estou mentalizando... Ah, encontrei! O nome de minha empregada de criação é Augusta!
Constança: Mas, criatura de Deus, estou perdendo a paciência, não é de empregada de criação que quero, é Flá-vi-a!
Margarida: Não quero parecer grosseira, mas minha mãe sempre disse que as pessoas insistentes são mal-educadas, desculpe!
Constança: Mal-educada? Eu? Criada em Paris e Londres? Você ao menos sabe francês ou inglês, só para praticarmos um pouco?
Margarida: Só falo a língua do Brasil, minha senhora, e creio que é tempo da senhora desligar porque a essa hora meu chá deve estar gelado.
Constança: Chá às três horas da tarde? Bem se vê que você não tem a mínima classe, e eu a pensar que você pudesse ter estudado na Inglaterra e que soubesse pelo menos a que horas se toma chá!
Margarida: O chá é porque eu não tinha o que fazer... Madame Constança. E agora eu lhe imploro em nome de Deus que não me torture mais, imploro de joelhos que desligue o telefone para eu acabar de tomar meu chá brasileiro.
Constança: É, mas não precisa choramingar por isso, Dona Flores, minha única e pura intenção era falar com Flávia para convidá-la para um joguinho de bridge. Ah! Tive uma idéia! Já que Flávia saiu, por que é que você não vem à minha casa para umas carteadas a dinheiro baixo? Hein? Que acha? Não se sente tentada? E que acha de distrair uma senhora já de certa idade?
Margarida: Meu Deus, não sei jogar jogo nenhum.
Constança: Mas como não?!
Margarida: É isso mesmo. É como não.
Constança: E a que se deve essa falha na sua educação?
Margarida: Meu pai era estrito: na sua casa não entravam vícios de baralho.
Constança: Seu pai, sua mãe e Augusta eram muito antiquados, se me permite dizer e acho que...
Margarida: Não! Não lhe permito dizer! E quem vai desligar o telefone sou eu mesma, com licença de sua madame (deixou o telefone fora do gancho).
10.
Voz: Hora do jantar! (Pausa) Hora de deitar!
Margarida entrou na cama, sob as cobertas. De olhos abertos. Pega as pílulas.
Pai: Cuidado, Leontina, com a dose, uma dose a mais pode ser fatal.
Margarida: Eu, respondia Leontina, não quero largar esta boa vida tão cedo, e só tomo duas pilulazinhas, o suficiente para ter um sono tranqüilo e acordar toda rosada para meu maridinho.
Voz: Não tinha nenhuma má intenção. Foi buscar um copo. Abriu um dos vidros: tirou duas das pequenas pílulas. Tinha gosto de mofo e açúcar. Não notava em si a menor má intenção.
Copo após copo engoliu todas as pílulas dos três grandes vidros.
Margarida: (tomando o segundo vidro.) Eu.
Voz: E não era um simples ensaio: era na verdade uma estréia. Toda ela enfim estreava. E antes mesmo que terminassem, já sentia uma coisa nas pernas, tão boa quanto nunca antes sentira. Ela nem sabia que era domingo.
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Estou bêbado. Mais do que quando estava no bar. Depois, pra mim, é sempre pior (ou melhor), sempre mais forte. Estou ouvindo Travessia na versão da Elis de 74, com guitarras e arranjos experimentais, essas coisas que gosto. Acho que me passaram uma cantada ou uma provocação, ele sempre provoca. Um vez disse aquele “aparece” com aquela cara. Hoje perguntou: “Vai pra casa?”. Disse “vou”. E ele: “Ah!” Poxa, Travessia tá acabando eu nem ouvi profundamente. Nem passei por ela realmente. Gosto da bateria, das pedras na estrada. Ah, vai repetir, nossa, por que, será problema do Nero? Forte eu sou mas não tem jeito hoje eu tenho que chorar minha casa não é minha e nem é meu este lugar e meu irmão ta chagando ouço o barulho da chave estou só e não resisto muito eu tenho pra falar. Tantantantantan solto a voz na estraadasssss. Meu caminho é de peeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeedraaaaa. Hoje tudo está meio bêbado, parece que não estou bêbado de cerveja, mas de um dia inteiro que passou. Gosto tanto da Cecília, espero que ela goste de mim também. Gosto de todos e hoje fali mais com o André embora tenho o visto no almoço e não tenho falado. Na verdade o conheci bêbado
Dandandandadan. Tun tum. Nada de triste existe que não se esquece. Sonhos. Kurossawa. O medo em minha vida nasceu muito depois. A luz está acesa. Eu estou aceso. Fui provocado e não reagi. Por quê? O que estou esperando? Quem estou esperando?
Hoje foi tudo bom e leve.
To de azul mas parece que to de verde musgo. Beber depois do ensaio é bom, quando pagam sua conta é melhor ainda.
Subi a rua aqui cantando baixinho. É, eu to bêbado mesmo.
Eco.
Os aborígenes dançam e a dança faz parte da vida deles. E a vida deles faz parte da dança. Há uma necessidade de dançar pelo bem estar geral, algo essencial. Onde está nossa essência, nossa necessidade? A sociedade deles é menor e menos complexa. Mas a gente tem que ter necessidade também. Aquele coreógrafo moderno se inspirou neles, esqueci o nome dele e vi o vídeo hoje, era legal. Nossa, to escrevendo tudo errado, mas to corrigindo. Corrigindo tudo. Muito. Tudo tem que estar certo. No vídeo, a coreografia era uma visão não era inspirado. Era rsrsrsrsrsrssr inspiardo nos aborígenes, mas não na forma, mas sim na essência. Bonito. Legal. Bacana.
Lembrei agora de uma coisa: foi pra mim?
Fotos antigas. Que sentido elas fazem?
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Não vejo mais você faz tanto tempo
Que vontade que eu sinto
De olhar em seus olhos ganhar seus abraços
É verdade eu não minto
E nesse desespero em que me vejo
Já cheguei a tal ponto
De me trocar diversas vezes por você
Só pra vê se te encontro
Você bem que podia perdoar
E só mais uma vez me aceitar
Prometo agora vou fazer por onde
Nunca mais perdê-la
Agora que faço eu na vida sem você
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
E te querendo eu vou tentando te encontrar
Vou me perdendo
Buscando em outros braços seus abraços
Perdido no vazio de outros passos
Do abismo que você se retirou
E me atirou e me deixou aqui sozinho
Agora que faço eu na vida sem você
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
E te querendo eu vou tentando me encontrar
E nesse desespero em que me vejo
Já cheguei a tal ponto
De me trocar diversas vezes por você
Só pra vê se te encontro
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Primeiro ensaio – 30/04/2008
Júlio: Alongamento rápido. Relaxamento. No fim do alongamento ele colocou uma música. Tomás foi surgindo daí. Usou fala durante o relaxamento, não gosto. Pede para ele pensar em uma movimentação nova. Na movimentação estranha, Tomás parece total disponível, não sai ainda do chão. Permanece nele, sai às vezes com o quadril. Buscou o animalesco bem fácil. O farejador do chão. Ele se morde. Levanta. Passa a andar. Girar. Procura algo no teto. Pula. Voltou às quatro patas. Mudança no estilo da música. Tem uma desconcentração. Júlio deve falar mais alto. Tomás usa já objetos da sala. Procurando no próprio corpo, se apalpa. Mãos guiando. Cabeça. Fechou os olhos, vergonha?
Objetos: Pincel, tinta, gaze, papelão. Foi principalmente na tinta, sentiu com o dedo e depois cheirou. Muito introspectivo. Deixe ele nele. Quis pedir pra ele ir pro corpo não humano. Mas acho que ele já está no meio de outra construção. ELE DÁ AS COSTAS PRA MIM O TEMPO TODO. Trabalho bem lúdico, de descoberta. Achou o PARCEIRO que faltava no papelão. Ele não usou o pincel.
Amanda: Palavras separadas da rubrica inicial de “Fim de Partida” de Beckett: Ir, andar emperrado/vacilante, cabeça inclinada pra trás, saber, abrir, descer, 6 passos, pegar, riso breve, lençol.Selecionadas por mim: andar emperrado/vacilante e cabeça inclinada pra trás. Primeiro empurrar o chão. Peso terrível na nuca. Sons. Constatações com Tomás: proteção gostou. Mais forte. No começo foi experimentação. Achava angústias. Sensação de não querer fazer. Oposto de sair da Terra.
Reunião – 12/05/2008
Para o próximo ensaio: Alongamento. Andada pelo espaço: trabalho do corpo atento, trabalho com os eixos: olhar e bacia, lugar da força. Ombro relaxado, lugar certo da cabeça, do queixo ombro aberto. Com música: foco – saída e mudança de foco. Corrida – círculo, sentir os braços na corrida. Círculo – falar. Parado – falar. Sem música. Olhos fechados. Repetição do que foi feito com a música. Até parar, deixar 15 minutos sem comandos.
Ensaio – 14/05/2008
Consegui fazer todo o descrito, mas ainda espero mais. Não sei se meus comandos foram suficientes claros e audíveis. Tentei ser clara. Todos os comandos estavam muito frescos na memória, mas minhas sensações corporais nem tanto. Não sei dizer quando ele sofre de cansaço, porque ele é o ator ideal e só mostra o cansaço se eu pedir.
Na andada ele não reclamou. Na corrida ele sofreu mas não reclamou. Mas, quando ele teve que ficar parado ele sofreu muito visivelmente. A ponto de eu sentir medo. Não saber se ele ia cair ou não. Mas ele não se entregou. A coisa mais bizarra é isso. Ele se manteve NOSSO, todo o tempo. Tanto que quando eu deixei ele sentar ele deitou, mas logo se corrigiu e sentou, esperando e dizendo sem palavras: “estou pronto, me usem.”
Ele passou 50 minutos sem reclamar correndo, enquanto que os OITO minutos do ficar parado foi quase levado ao desmaio. E ele falou que sentiu profunda vontade de GRITAR. “E por que não gritou?” Ele além de não saber responder demonstrou profunda surpresa com a pergunta. Surpresa não pra mim, mas para ele mesmo. “É verdade, por que eu não gritei?” É engraçado como a ausência de comando pode ser um grande comando vindo do começo.
Psicose 4h48 – Sara Kane
1º longo parágrafo p1 – 2 versos. “Lembre-se da luz até o final p. P2 até “pessoas”. 3 versos antes do último. “não quero mesmo morrer”. Os números página 3. P4 “nada pode” até “viver”. P5 “corpo e alma nunca podem se casar.” P10 “Não há uma droga... absurdo desespero”. P15 “uma caspa sobre” até “estado de sítio”.
Ler durante caminhada, mas só até a p17.
Dia da primeira crise do Júlio.
Trabalho do Nada – 21/05/2008
Andar. Corrigir. Correr. Foco. Saída. Empurrar o chão. 14:06 começou a andar. 14:20 insiro o texto com letra maior. 14:30 Repetir de cabeça palavras do texto: Pisca. Corta. Afaga 3. Queima. Brilha. Dor maravilhosa 2. Soca 1. Sente 5. Sufoca. Afaga. (As três últimas palavras não estão no texto.) Ordem escolhida: Soca (vômito). Dor maravilhosa (batida no rosto). Afaga (mexe no meu cabelo, faz carinho no meu cabelo, cheira o meu cabelo). Sente (passa a mão no braço e vai pra trás.) 14:46 5 minutos de pausa. Mandei excluir um dos movimentos. Retirou a dor. Logo: Soca maravilhosa afaga dor sente. Repetição 14:56. Frase “cheira o meu cabelo” que ficou. Novas qualidades. Vai repetir até 15:30. Começa a falar o que quiser na partitura. Demorou pra entender o começo. Considerações do ator: Sofrimento, escuridão, aflição, estranheza, sala de jantar do Dalí (bad trip). Fechar a janela é apertar o botão de desligar o mundo. Socar foi boca do estômago – imagem poética. A partir da repetição as frases foram ficando mais dele. Idéia do sonho: duas bacias de água e rolo de lã. Trazer objeto em um recipiente de viagem para o próximo encontro.
Pro dia 28/05/2008
Encontro já com Adassa.
1-Caminhada com mala. Caminhada parada. 2-Marcar território 3- Reconhecer território (interior e exterior). 4-Observar o colega. 5-Apresentar os objetos. 6-Escrever despedida. 7-Mudar de posição. 8- O outro lê a carta. 9- Guardar os objetos do outro. 10- Caminhar até correr. 11-Exercício da Amanda. 12- Escrever carta de ódio. 13- Olhar objeto do colega. 14- Interação com os objetos.
Encontro 28/05/2008 às 14:16 1º experimento com Adassa.
Alongamento de cima pra baixo. Um silêncio incomodado pelo professor da outra sala. Tomás chegou um pouco ríspido, seco. Não sei o que aconteceu. Caminhada com a mala só deve acontecer quando houver necessidade. Tomás anda lentamente. Adassa parada. Concentrada por dentro. Júlio manda caminhar pensando no ambiente, espaço, pensando no que tem na bolsa. Ritmos diferentes. Ele começa a acelerar. É a música. Começa a descrever círculos. Não se esbarram. “Pra onde levariam os objetos? Pra onde fugiriam com ele?” Quero indicar pra eles se olharem mais. Mas acho precipitado interferir. Parece que ela puxa ele. Ela se ajeita, ela está de cordão. Outro. Júlio pede mais ritmo. Manda marcar o chão com giz. Ele faz um quadrado torto, ela faz um círculo muito bem feito. Difícil se observar. Vi que ele se mexe e falo que eles podem se mexer. Falo pro Júlio tentar dar mais tempo pra cada coisa. De novo: Procurei a frente do Tomás e ele me deu as costas. A cara neutra que vira hostil está só no olhar de quem vê. Queria dizer: “Tenta não se perder, se manter nos seus propósitos de observação.” Mas não sei. Não falo. Manda eles se encontrarem no olhar. Se comunicarem, se observarem. “Percebam que os dois estão protegidos, os dois tão carregando bolsas.” A música acabou. Coloquei os dois pra se observarem. De pé. No físico. Não no que poderia estar pensando. Se viram de costas e falam uma palavra por vez. Adassa: CABELO Tomás:Céu Adassa: Ciclo Tomás: Mochila. Tomás trouxe duas cartas de amigas. Ele chama seus cadernos de alma. “Alma do ano passado”, “alma desse ano...” Trouxe duas fotos: da mãe e da Virgínia Woolf. O livro “Cem anos de solidão” e outro da Virgínia. Encartes de Cd, todos que estavam aqui no Rio. Adassa está interpretando. No primeiro momento. Agenda, compromissos e contas. Foto da família na formatura, filipeta da peça que representa. Lenço do avó que virou dela e a faz lembrar da avó. Incensos da Índia. Acende pra ficar bem. Toda mística. Tranqüilidade, dado por um amigo. “Pintar é coisa que gosto” trouxe pincel e tinta. Florais que ela se sente bem. Chave. “Casa é um canto seguro.” Cordão pessoal. Mãe que deu o cordão. Tem um mantra gravado. E uma pedra nova, se sente pelada sem ele. 14:58 – carta de despedida. 15:05 – fim da carta. Júlio pede pra caminhar no espaço. Coloco a música. Começam a andar. Correr/Parar/Correr. Comecem a pensar de tudo que querem se livrar. Tudo que tem ódio. Adassa termina antes de Tomás. Ou não termina, só larga a caneta antes, eu pensei que tivesse terminado. Se observam, Júlio é contraditório. Falar isso com ele. Manda perceber o corpo que mudou. O olhar, a postura. Palavras: Adassa- Água. Tomás- Copo. Adassa- Geladeira. Tomás- Som. Manda abrir o território de novo. Convidar com o olhar o outro a entrar no território. Trocar o território simultaneamente. Conferir o novo território. Confiar no outro as suas coisas. Júlio permite que eles façam o que quiserem, mas eles não tocam em nada. Manda ler a carta. Adassa:"As duas?" Júlio: "As duas." Observar os objetos, lembrar do que foi visto. Lido. Perceber o que trás. Adassa se abstém de ler as almas. O mesmo, mas menos, para as cartas das amigas. 15:38: "Agora guardem." Peço novas palavras intercaladas: Tomás - cadeado. Adassa - Confiança. Tomás - coração. Adassa - Paisagem. Considerações. Tomás. Sensações. História materializada. Eles escrevem coisas semelhantes. Adassa. Por mais permissões ela não se sentiu à vontade de ler a alma. Mas ela sabia que aquilo bastava. Critério de escolha dos objetos. Tomás: CD, música. Cartas que não chegaram antes e chegaram juntas agora. A falta mesmo dos objetos, ele se mudou agora. Pegou o essencial de transformação. Adassa. Se mudou há pouco tempo também. Tem poucas coisas. Pegou o essencial. Achou ótimo escrever carta. Tinha certeza que as coisas não iam sair da vida, porque tinham importância dentro, já tá tudo dentro. E Tomás também. Adassa. Entrar no território foi meio como invadir, mas depois isso passa. Porque o outro também está no seu. Adassa. A corrida ajudou muito na carta de ódio. Tomás concorda. Tomás. Impulsivo, mas ela também estava total. Boa surpresa.
Estrutura do ensaio de dia 11/06/2008
Somente Adassa
Alongamento do Júlio
Andada no espaço
Preocupações: Corpo atento, bacia-eixo, foco, ombro relaxado, queixo, olhar-eixo e aberto.
Paradas na palma. Novo foco ao sair.
Com música:
-Corrida
-Círculo - sentir os braços (2 ou 3 vezes)
-Círculo - falar (2 ou 3 vezes)
-Falar parado (2 ou 3 vezes)
-Escrever (2 ou 3 vezes)
Sem música:
-Diminuir o ritmo
-Fechar o olho
-Andar, parar, andar
-10 minutos, aproximadamente, parada
Comandos inseridos na corrida: "Você está à espera de algo que você sabe que vai acontecer, mas você não sabe o que é."
Músicas escolhidas:
Mescla de algumas faixas do Danç-eh-sa do Tom Zé e O Seguinte é Esse dos Barbatuques.
Foram usadas mais ou menos faixas.
Rio, 11/06/2008 - Início às 14:25 (atraso)!
Encontro nos moldes do encontro de (colocar a data)
Nossos ensaios são sempre com a luz apagada. Estou sentada. Essa posição pode ser hierárquica demais. Hoje é só Adassa.Tenho que começar a pensar no meu próprio alongamento. Júlio dá o alongamento. 14:30 - começou a andar. 14:39 - Coloquei a música. 14:45 - Virou minha macaquinha. O braço direito dela está tenso demais. 14:45 - Começou a falar. 14:02 - Falar e rir. Mandei um comando e ela não ouviu, ou não entendeu, ou não cumpriu. 15:05 - papel. 15:15 - Saiu do papel. 15:19 - diminuí o ritmo. Tão difícil diminuir quanto aumentar. 15:24 - PORRADA TOTAL. As mãos estão muito tensas. Abriu o olho. Agora vai ficar parada pra sempre. 15:27 - Começou a evidenciar a respiração. Tosse. 15:28 - pode deitar. Júlio comanda o relaxamento. (Nenhuma revelação genial). Palavras usadas: Desconforto, desconfiança, medo, angústia, preocupação. Quando os paro sem comando tenho medo de deixar mais tempo, tenho medo da queda. 15:36 - Fim do relaxamento. Considerações. Concentração para atender os comandos (único pensamento), paradas não serviram para descansar. Música ajudou. Falar é difícil, escrever é mais fácil (sinto o contrário com o Tomás). Ela mesma disse que se prendeu, mas é involuntário. Assim como não teve muitas coisas observadas no final. A avó está doente. Ela ficou pensando nisso e tentou esquecer, mas vinha sempre à tona. Acho que ela se reprime muito, não está entregue. Mas não quero largar por isso. Quero descobrir como captar. Acho que a descoberta vai ser mais difícil que as descobertas com o Tomás. Ela viajou durante as paradas de olhos fechados. Quase abriu os olhos porque pensou, depois da viajem que poderia estar acontecendo alguma coisa demais. Contou um momento em que viajou em uma aula de canto...
Estrutura para o encontro de 18/08/2008
Cada um vai sentar no seu canto e relatar o seu dia em um papel.
Andar. Correr. Música. Movimentação das partes do corpo. Espécie de dança.
Coro. Movimento em conjuntos.
Água.
Falar sobre o dia que escreveu:
Palma - repete/ Palma - pára de repetir.
2 palmas - pausa/ 2 palmas - retorna.
Entregar hoje o caderno em que o Tomás vai escrever as impressões de experimentado.
(Coro, repetição, cansaço, expurgação)
Somente Tomás, Adassa pediu para não fazer. Júlio vai ser experimentado com ele.
Músicas pensadas:
1º Steve Reich - 4,5
2º Sonic Youth - 1,3,4,5
3º Barbatuques - 1,2,3,4,5,6,8,9,11,13,14
4º Jogos de Armar - 1,2,3,4,7,8,9,10,11,13,14
Rio, 18/06/2008
Seguindo a ordem das músicas pretendo observar até onde posso ir. Eles começaram a escrever. Estão nessa. Minha indicação foi de um dia importante, talvez devesse ter dito um dia curioso ou interessante. Não sei. Vermos com o resultado. Estão concentrados. O restritivo não é bem o tempo, disse para estruturarem bem. Eles têm um bom tempo. Além disso, eles devem lembrar dos mínimos detalhes. Talvez o encontro não aconteça. Não sei. Talvez seja mais um movimento em vão. Já são duas e trinta e um e não parece que qualquer um deles quer parar de escrever. Ninguém pensa em bater na porta pra avisar que vai entrar. Coloquei uma cadeira. O professor da salsa do lado me incomoda profundamente. Como comi umas coisas estranhas me sinto meio Alice. Impressões diferentes. 22 minutos. Talvez eu devesse tentar também. Esse é um dos exercícios que nunca testei em mim mesma.
Preocupações. Com quem vou trocar o dia de hoje se Júlio será também um experimentado? Será que eu vou filtrar o que dizer?
Tenho minhas hesitações. Como agora, 14:40, não sei se devo parar o não, apressá-los. Não sei. Entao deixo correr, contando com que eles se cansem, quase meia hora depois. Comprar uma fita crepe. Não vejo a hora de poder ensaiar em casa. Tenho vontade de me matar pra provar coisas pro mundo. Tomás acabou: 14:43. Júlio continua. Devo dar o tempo dele. Como ele viu o Tomás acabar é provável que se apresse. De repente eu só quero me matar pra fugir das responsabilidades. Insuportável ficar pensando, que ela permaneça dormindo por muito tempo, até dia 3. Não sei. tenho medo de rir na cara dela. De provocar mais ódio. Mais conflito. Queria que o outro sumisse. E metade por ele
14:46 - Terminaram de escrever. Começam a caminhar. Já vejo o meu coro surgir! 15:00 - música. Saída junta. Tomás ansioso. Ainda tá difícil. Vou fazer esse exercício de novo depois do próximo. Paro a música - Eles tentam me evidenciar uma parte do corpo. 15:26 - Coro e corifeu - Sonic 2, inclui a 2. Tem momentos de encontro sim. 15:41 - Barbatuques. 15:51 - continua. Tomás ainda estava meio surdo. O dois têm problemas, têm que se ouvir mais. Enxergam as indicações intuitivas no outro, mas acabam perdendo-se em si mesmos. Tomás já se demonstrou ansioso no seu andar junto. O ritmo é difícil de seguir. Nem sempre eles encontram ou eles o dominam. Até a troca visual tem dificuldades. Estão exaustos. Ótimo.
Comentários. Júlio não conseguiu se concentrar. Odeia fazer coro e corifeu. Tomás achou muito difícil. Gostou. Está refletindo sobre.
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