Ricardo III - Meu Reino Por Um Cavalo
É engraçado ver isso agora. Hoje é terça-feira, não é sexta, nem sábado, tudo bem que é antes do feriado, mas a Lapa está totalmente vazia. quase sinto o silêncio me tocar. Vejo tristemente a mesma viatura, com as luzes vermelhas piscantes se aproximarem da escadaria, garanto que se eu tivesse aqueles "cones" (que um dia eu já esbarrei e cai), certamente eles iam querer subir escadaria acima também. Um dos vermes passou do meu lado com uma arma grande na mão, olhou o que eu estva fazendo, mas eu ignorei. Sentei bem no começo da escadaria, de forma a não levantar "suspeitas", só tô pensando na vida e espero que isso esteja bem claro. Agora chegaram mais duas viaturas, nem sei se o nome disso é viatura, deve ser comburão porque é grande e assustador. Não entendo muito bem o que eles esperam, afinal é terça e nem dez horas da noite. mas duas meninas se aproximaram, sentam perto de mim, devem tentar passar a mesma impressão. Só vejo mulheres, engraçado. Tem umas turistas lá na frente e uma guia chata que vive sorrindo. A outra viatura foi embora, agora só tem comburão. Talvez se a maconha ou o pó estivesse na minha vida estaria ainda mais incomodada com isso.
Quero ter filhos, um deles vai ser uma menina, vou deixar ela fazer o cabelo dela como quiser e incentivar e ainda vou dar uma roupa amarela pra ela.
Não quero mais ouvir falar em THE. Não suporto a idéia de não passar, assim como não supoto a idéia de passar. Seria terrível. Queria mesmo dormir, aproveitar o feriado. vou dormir até quinta de noite, quando tiver que ir para o teatro.
Faz um tempão que eu não falao de verdade com a Bianca e faz mais tempo ainda que ela não tá tão perto de mim quanto antes. Tenho amigos para cada área específicada minha vida. Tem o Rubens que serve pra muita coisa mesmo. Tenho a Helaine e a Nara, sem elas tenho certeza que não seria completa. A Bianca é diferente, posso passar anos sem ver ela, mas sei que vai ser como sempre quando a vir. Criei um carinho tão grande por ela que sinto medo quando as pessoas não sentem a mesma coisa, sei que ela precisa muito de mim. Faz muito tempo que descobri isso, não sei se é a infteira verdade (da parte dela) mas é o que sinto. DEVO ESTAR DO LADO DA BIANCA. Mas os papéis se invertem, quero muito agora chorar no colo dela. Talvez porque eu saiba a reação dela e como isso vai ser confortante. Quando choro, ontem, hoje, sei que preciso dela. Queria poder chorar um pouquinho no seu colo.
Ao mesmo tempo que sou muito intensa, e sinto raiva com grande explosão também sou muito flexível.
Tô com medo que minha vida esteja relacionado com comodidade. Não quero me apoiar em símbolos porque me acostumei com eles. Não gosto de ser tratada como lixo. Não sou, sei que não sou. Mas não é muito saudável essa relação. Ela é muito de ceder da minha parte e pouco de receber. Quero receber coisas bem sutis mas não recebo. Quero ser útil. Lembro que sentada nesse mesmo lugar eu ouvi o Bruno dizer como foi que ele começou a amar. Quero ir no show do Lulu Santos. Quero voltar a a fazer minha vida sozinha. Como era antes. Vou lançar um manifesto da castidade, do celibato, da solidão: Como ser feliz sem precisar de ninguém. Como ser feliz sem esperar por ninguém. Como alcançar a plenitude no vazio. Gostaria de ser vazia. De poder parar, olhar para o nada e ver o nada. Pensar dói, principalmente quando se pensa em coisas absurdas sem nexo ou com nexo demais. A lógica tá doendo um pouco.
Quando disse ha algum tempo atrás acho que foi segunda passada, que alguma coisa que acontecer depois de um sonho que me deixou angustiada acho que estava com a razão. As coisas estão acontecendo. E a angústia veio em maior proporção.
Quero resolver meu caminho agora. Tô calma, muito calma aparentemente. Mas muito angustiada por dentro. Quero paz e só consigo isso quando durmo.
Escadaria do Selarón. Lapa, 11 de outubro de 2005 22:15
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