O melhor café você conhece pelo cheiro

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Não dormirá mais nunca

Macbeth não dormirá mais nunca
E se ele trucida o sono, se ele se atormenta, se ele, um assassino não dormirá mais nunca, nós, os não assassinos, dormimos, dormiremos? Macbeth é bem melhor que nós. Ele se incomoda. Mata e sente. E você? Mata? Sente? Nem matar ou nem sentir escondem muita coisa.
E ser a Senhora sem nome? De que adianta?

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sábado, 24 de novembro de 2007

O Homem falou - 09/10/2007





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Por mais que tentemos..

Acreditar que tudo volta ao normal depois que se faz uma viagem no tempo é no mínimo ingenuidade. Depois que voltei no tempo e que voltei pra cá de novo percebi que minhas memórias tinham mudado. Simplesmente o passado mudou e eu mudei também. Tudo porque ao voltar mexi em coisas que não devia. Agora como voltar pro passado de novo pra acertar tudo? No cinema bem que parece mais fácil. Agora eu tenho que conviver com essas memórias novas, mas sem esquecer as antigas. Parece que sei o que podia ter acontecido (meu primeiro passado) e o que aconteceu e fico confrontando as duas possibilidades. Ambas são ruins. Mas a que não é real é sempre mais atraente, diferente não podia ser.
Agora que o passado mudou, é bobagem fingir que o presente é nosso. Não é. O presente é do passado. E a gente nem se conhece mais.
O silêncio me dominou de tal forma e ninguém percebe. Eu não gosto mais de ninguém novo. Só o meu passado (meu primeiro passado) presta. E vou ficando cada vez mais sozinha. Porque o tal passado não é meu mais. Logo saio só, ando só, vivo só, volto só. E logicamente, por não gostar de ninguém novo os novos também não gostam de mim. Convivo com a letra escrita, a tela, o palco, com os sons. Quero poder agora construir passados também. Vivendo de ruína sou a heroína melancólica.
Minha esperança é o Sol, que nunca vai morrer. Um dia eu vou deixar de estar em silêncio. Ou um dia as pessoas vão ver que meu silêncio é minha mais contundente forma de gritar. Mas eu nem sei a continuação desse "um dia..". Não vai acontecer nada, afinal.

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quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Manuel

Quem nos manuelizou?
Quem nos legionalizou?
Quem foi, quem foi?

Agora o mundo é polissémico. Agora. Antes ele permitia-se a explicações. Explicar é o que fazemos quando discordamos da interpretação de alguém. Quando achamos ela errada. Hoje não vou explicar. Me explicar. Sei que o que é, o que achou e respeito que ache diferente do que eu no fundo acho que de fato é. Mas não é. Não é porque depois que falo a palavra não é minha. Depois que escrevo o escrito não é meu. É de quem lê. Não estou aqui para me olhar, estou aqui para ser vista. Se ficar imaginando como me vêem (algo que de fato faço) não vou passar de uma louca (algo de fato passo). A melhor maneira de entender é esquecer que um dia devia ser entendido. Esqueça do resto. Olhe somente pro que você acha. Pro que você pensa. Só você importa. Seja egoísta ao ponto de não olhar pra nada. Única maneira de entender. E entender bem. Entender exatamente tudo.
Eu entendo que não preciso mais estar aqui. Eu entendo que acabou. Eu entendo que o melhor lugar de viver é a fantasia. Eu entendo que a Vida é Sonho.

Não Preciso Mudar Quem Me Ama Vai Me Amar Do Jeito Que Eu Sou

E o tempo todo você fica testando a incondiocionalidade do amor. Até que um dia você comprova o que já sabia.

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domingo, 18 de novembro de 2007

Impressões de Ensaio - Ensaio 4 13/11/2007

Repetição? Quem gosta de repetição?
Corridinha em volta do pátio interno. Davi está ensaiando suas atrizes no caminho que leva até o quarto do rei. Vai estragar tudo. O pio da coruja será a aguda Laíse. Empurrar a parede. Entrei em cena realmente cansada, ofegante. Não Laura, eu não estou forçando a respiração, pero así es se así te parece. Mas concordo que entrei mal. Dispersa. Fui elogiada demais. Me sinto qualquer péssima coisa. Pior ensaio.
Júlio!! Estamos os dois distraídos. Dependo intensamente de ser dirigida. Não sei o que estou fazendo. Pausas que não tiveram nos outros ensaios. Estamos distraídos, rindo de qualquer coisa.
Use mais o espaço. Estava entendendo o espaço como arena. Pedi pra Nina sentar do outro lado, daí seria obrigada a olhar pro outro extremo da sala. Laura explicou o espaço. Tenho enorme espaço vazio pra usar sozinha nesse monólogo medieval (grunido).
Esse ensaio não está rendendo. E eis de repente entra Diogo e fica procurando por qualquer coisa. Eu espero. Ele demora. Esse ensaio tá uma merda e a gente não vai sair daqui.
Numa das paradas Laura disse mil coisas. Não vou lembrar de nada na cena. Ela espera um momento de parada natural pra falar. Em nenhum momento parou por si só, interrompeu.
Na nossa primeira passagem mal consegui tocar no Júlio. Me forcei na segunda a fazer isso, sem qualquer pretensão de ficar cênico. Era imprescindível. Larguei meu texto. Se tiver que ficar com o texto do Júlio terei a obrigação de estar perto dele. Agora a gente vai se engolir.
Laura disse que estou pecando com o texto, concordo. Hoje não é o meu dia. Quero novidades.

Impressões de Ensaio - Ensaio 3 07/11/2007

Começa. Começou com a merda da minha entrada. Laura e Nina atentas. Não queria olhar pra elas porque tinha (e tenho) a impressão que estou, antes de fazer a Lady, procurando uma reação às minhas ações. Olhei pouco. Ao mesmo tempo não cabia outro lugar pra olhar. Então ficava procurando as duas.

O Júlio está bem concentrado, gosto disso, me dá segurança.

Primeira parada. Laura falou pra eu olhar mais pra platéia. Encarar em vez de paqueirar. Passei a olhar.

Ela disse pra eu não andar muito. Só com motivo. Com certeza teria dito a mesma coisa se eu estivesse dirigindo. Deve ser nervosismo insistente. Tentei não andar mas tinha o medo de parecer fincada no chão. Ela tornou a falar: base. Parei na base. Realmente é impossível eu me ver estando do lado de dentro.

A cena continua. Júlio entra. Estamos nos entregando. Trazer as tesouras representando os punhais foi ótimo. Depois a sujeira foi ótima.

A Laura fala, a gente não se mantém. Teve uma vez que a gente se manteve. Tem a ver com o tom de voz que ela usa. Acho que ela vai perceber isso.

Nina saiu da sala. Voltou na exata hora em que eu estava entrando. Acho que não usei bem isso.

Esperei durante muito tempo até entrar depois da minha saída. Várias vezes o Júlio repetiu o mesmo texto. Foi bom pra sentir do lado de fora as minha mãos. Elas estão sujas como as do Júlio. Ah, agora estou racicionando demais aqui esperando. Quero entrar! Vambora, Júlio!

Entrei. Saber que tá pra acabar me dá tranquilidade. Laura elogiou coisas que não sei quais são, tudo muito vago. Falei pra ela falar na hora da próxima vez.

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sábado, 17 de novembro de 2007

Impressões de Ensaio - Ensaio 2 06/11/2007

A primeira coisa que senti quando olhei pra Laura, antes mesmo de começar, foi que a atitude dela mudou. Me deu meu texto digitado. Sinto ela mais segura. Acho até que acredito mais nela.

Estou quarenta vezes mais curiosa do que no primeiro ensaio.

Trouxe a saia que a Laura pediu no primeiro ensaio. Uma bota. Faz parte do processo. Não queria vestir a saia porque o Júlio não trouxe nada. Vesti. Laura apagou a luz, me senti tão melhor.

Nunca tinha feito ensaio com tanta gente olhando, principalmente ensaio tão específico. Nervosa estou. Que o medo não me domine.

Explicado o exercício fui tentar. Júlio também está nervoso. Mas quem não está? A "platéia" parece estar nervosa por mim. Primeira entrada: ansiosa. Segunda entrada: nervosa. Na terceira acho que as correções já passavam por outros caminhos que não o nervosismo. Acho que conseguir dominar o medo. Ah, queria até que durasse mais tempo. Acabou. Me sinto nova. O novo processo é uma permissão. Me sinto muito bem.

Agora espero estar mais coisas, mais calma. Respeito os pontos da Laura.

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Impressões de Ensaio - Ensaio 1 31/10/2007

Não tive, e nem me esforcei para ter, tempo para reler Macbeth. Reli bem porcamente a minha cena. Sinto mal esse texto desde a primeira leitura na aula, das análises de personagens que fizemos. Mas não sei o que esperar.
Solene blablabla em uma sala ovo, cheia de computadores pretos, cadeiras que giram.
Da minha parte houve um desconforto empático com relação a posição da diretora. O que eu diria? Quero que acabe logo. Parece uma situação forçada.
Sempre odiei ser a primeira a entrar em cena. Dessa vez sou a primeira a falar numa leitura dorida. A gente mais gagueja que fala. Lemos, conversamos e depois fugimos. Não sei como a Laura se sentiu, mas eu me sentiria bem desconfortável no seu lugar.
Quando acabou foi um alívio mas estou instigada, e antes ansiosa, para saber que tal processo mágico de improvisação é esse. Tensão.

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domingo, 11 de novembro de 2007

Vou te arrepiar

.

sábado, 10 de novembro de 2007

Bate em mim

_Tivemos observado um certo desconforto no âmbito sentimental. Isso procede ou estou me excedendo?
_Procede.
_Observa-se inclusive uma atitude caótica de contenção. Tem sentido o que digo?
_Todo sentido.
_Você pode explicar porquê?
_Posso. Eu sempre posso.
_Então...
_Mas poder não é querer. Não vou falar sobre isso.
_Ao menos agir quanto a isso você vai?
_Não posso. O caos é essencial agora. Parece que chamei por ele durante muito tempo. Ter essa espécie de coisa agora é antes confortador que desesperante.
_Mesmo com todo mal que sentir pode causar.
_Sentido específica eu não mergulho no escuro.
_Você está certa disso?
_Não. Mas sei que agora não posso voltar atrás. O dia em que eu me livrar disso eu serei vazia e explosiva de novo. Agora eu sou só vai e controlada. Vejo o lado bom.
_Ainda bem.
_Mas estou presa a isso. Não há mais o que fazer.
_Não.
_Não. Vou viver de imagem. Eu sempre vivo de imagem. Depois do carnaval eu e Lucy a caminho de destino claro. Quem nos espera? O vazio vai me responder mais alegremente que qualquer resposta divina. O vazio curará o tanto que lavrei.

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sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Necessidade, desejo, necessidade, vontade







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segunda-feira, 5 de novembro de 2007

A a a a nálise lise

Análise do Texto Teatral


Casa de Bonecas Henrik Ibsen



Trabalho desenvolvido através da apostila de Yan Michalski pela aluna Amanda Doria Magalhães, DRE:107337475.


Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Filosofia e Ciências Humanas
Escola de Comunicação
Curso de Artes Cênicas
Habilitação em Direção Teatral
Professor: Eduardo Vaccari
2º semestre de 2007

Índice:
1- Fatores ambientais
1.1- Localização geográfica
1.2- Tempo
1.3- Ambientação econômica
1.4- Ambientação sócio-política
1.5- Ambientação religiosa
2- Ação anterior
3- Divisão de unidades
4- Atitudes de polarização
5- Personagem
6- Anexos
6.1- Final alternativo
6.2- Canção de Nora
6.3- Apelidos de Nora
7-Bibliografia 1.1 Localização geográfica

Apesar de ter escrito Casa de Bonecas na Alemanha, em 1879, Ibsen sempre ambienta suas peças na Noruega, país onde nasceu. Isso não fica evidente na cena. Mas há citações que indicam um localização geográfica que pode coincidir com a norueguesa.

P7
Está no Natal e é dia de inverno, demonstrando que estão no Hemisfério Norte, onde o inverno ocorre nessa época do ano.
P23
Os médicos recomendaram uma viagem ao sul, para a Itália. Se eles estão ao norte da Itália é provável que estejam em algum país da Europa Setentrional ou Ocidental.
p49
Krogstad fala que estava no restaurante Olsen. Talvez com uma pesquisa histórica mais profunda possamos definir esse restaurante como próprio da Noruega.1.2 - Tempo

Casa de Bonecas foi concluída (em versão definitiva) em meados de setembro de 1879. Parece que a peça se passa no mesmo momento histórico em que foi escrita, inclusive assim fazendo jus ao realismo de Ibsen.


Ato I

O primeiro ato se passa no dia ou na tarde de 24 de dezembro.
P7
A estufa está acesa, é dia de inverno.
P19
Nora diz que Cristina viajar no inverno é muita coragem. Denunciando um inverno rigoroso.
Diz que dentro de casa está quente:
“Mas tire esse casaco, ou você ainda está com frio?”
P37
Comentário sobre o fogo, para frisar que o frio estava intenso.
P46-47
Corrente de ar quando a porta se abre.
Crianças brincam com a neve. Ana Maria parece congelada ao voltar de fora.
P63
“Ah, como aqui está quentinho e gostoso”. A casa é sempre um lugar bem quente em contraposição com o lado de fora.
P68
Nora está com calor dentro de casa.

Ato II
O segundo ato se passa na tarde de 25 de dezembro. Durante a cena vai escurecendo, a cena termina às 17h.
P72
O tempo está horrível do lado de fora.

Ato III

O terceiro ato acontece na noite do dia 26 de dezembro. Termina na madrugada do dia 27.
P135
A casa está quente. Mais uma vez evidenciando a contraposição de temperaturas.


1.3 - Ambientação econômica

"Ibsen não só 'criticou' a classe média _ ele a aniquilou." (ADLER, p25, 2002)

Ibsen fala da classe média em todas as suas peças. Havia e há a diferença de classes. Falar da classe média é falar dessa diferença. Falar de dinheiro é falar da classe média. Ele via claramente que a classe média vivia uma vida baseada em mentiras. Queria pôr um fim nisso. A classe média destrói o ser humano ao colocá-lo dentro de instituições falidas que sobrevivem em cima de mentiras, como a família, a moral, a religião, por isso a peça é recheada de apontamentos que indicam o caráter falido da sociedade. Falar dessa classe, antes de qualquer uma, era entender o problema em sua origem e atacá-lo.

Ambientação econômica de Helmer e Nora:
O casal parece viver como uma classe média da época. Que vive em apartamento, fazendo economias. Além disso tem duas empregadas, o que pode ser sinal de uma classe média não tão baixa, mas admitir tal coisa é olhar a peça do século XIX com os olhares de hoje. Os diálogos indicam que a situação econômica está para se tornar melhor, no entanto só se pode falar do que se vê na cena.

Ato I

P7
A cena se passa em um “salão agradável, decorado com bom gosto, mas sem luxo”. Essa informação pode guardar que os Helmer moram em uma habitação de classe média.
P9
Primeiro Natal dos Helmer que não precisam economizar tanto.
Helmer vai guanhar um grande ordenado a partir do ano novo.
P16
Helmer diz que tem um emprego seguro e um bom ordenado.
P45
Nora diz que o apartamento é apertado para hospedar Cristina.

Ambientação econômica de Rank:

Rank é rico e herdeu o dinheiro do pai.

Ambientação econômica de Cristina:

Está a procura de um emprego fixo.
O marido morreu e não deixou nada para ela.

Ambientação econômica de Krogstad:

O motivo de querer o emprego não é financeiro. Ele não necessita do dinheiro.
1.4 - Ambientação sócio-política

Na apostila de Yan Michalski, a ambientação política está separada da ambientação social, no entanto, analisar essas duas questões distintamente seria um grande problema na medida em que as questões sociais são fruto das questões polítcas e vice-e -versa.
A sociedade onde se passa a peça é uma socidade apegada a sentimentos de submissão da mulher ao homem; que claramente vive de aparências, com atitudes sendo sempre tomadas pensando na opinião pública; valoriza o dinheiro e acredita que a felicidade só pode vir através dele; dentre outras marcas claras que são recorrentes durante a peça, ou são fruto das três características citadas acima.


Ato I

P8
Entregador deixa uma árvore de Natal. Marca de uma sociedade cristã.
P10
Helmer diz que Nora é “bem mulher mesmo”. Como se houvesse determinado jeito de ser próprio da mulher e que este estaria associado a uma atitude inconseqüente.
“Não há liberdade nem beleza numa vida baseada em dívidas” Socialmente dívidas não são bem aceitas.
P11
Presentes diferenciados para cada criança, baseados na sexualidade delas. Bonecas para a menina e cavalinho para o menino.
P14
Helmer atribui Nora pedir dinheiro a ele como algo hereditário, que está no sangue dela, herança do pai.
P16
Helmer fica feliz por pensar que tem um bom ordenado. A felicidade, socialmente, está associada a uma condição financeira estável.
P17
Helmer diz que Nora trabalhar seria estragar os olhos e as mãos dela. O que indica que o trabalho em si é visto com maus olhos, que trabalhar é uma condição que, se é não é necessário, deve ser evitado.
P22
Nora fala: “é muito agradável ter bastante dinheiro e não precisar fazer economia”. Reforçando que a felicidade é sempre associada a questões financeiras.
Nora fala dos trabalhos que fez como costuras, crochê, bordados. Trabalhos manuais associados a condição de mulher.
P26
Cristina fala que deve viver por alguém para ser completa. Não consegue enxergar a felicidade em si mesma. Esteve sempre tendo que cuidar de alguém e agora não vê outro caminho de vida senão esse.
P27
As pessoas pensam que Nora em um momento decisivo não prestaria para nada, possivelmente por ser uma mulher e esposa.
P30
Uma mulher casada não poderia pedir dinheiro emprestado sem o consentimento do marido.
P32
Seria humilhante e doloroso a Helmer, com sua independência masculina, saber que deve algo a uma mulher. O homem sempre é visto como alguém superior, que tem total domínio de todas as situações.
P34
Trabalhar fazendo cópias para Nora a fez se sentir como um homem. No entanto, trabalhar fazendo crochê e bordados não dava essa dimensão a ela. Fica claro que determinados trabalhos são destinados a mulher e outros não.
Nora imaginava que um homem rico havia se apaixonado por ela, sendo talvez essa a sua única possibilidade de ascenção social. Sempre associada a algo além dela. Sua independência nessa sociedade somente seria através de outras pessoas, nunca por si só.
P39
A falta de caráter é tida como doença.
P40
Rank questiona se realmente Nora sabe o que é a sociedade.
P41
Helmer tem o direito de proibir doces dentro de casa. Ele manda na mulher.
P46
Helmer fala que só uma mãe aguentaria ficar com as crianças depois delas voltarem. As crianças são atribuição de mãe, não de pai.
P51
Nora diz a Krogstad que apesar de ser mulher tem influência. Mostrando que, nessa sociedade, uma coisa exclui a outra.
P53
Após o seu erro no passado, Krogstad não conseguiu emprego. Somente no banco. Mostrando como é difícil alguém se rerguer nessa sociedade após um erro moral.
P66
É sempre um erro falsificar uma assinatura.
P67-68
Analogia recorrente:
Doença e moral.
Helmer diz que crianças respiram o micróbio do mal se estão sob uma atmosfera mentirosa.
Helmer tem mal estar físico quando está com alguém de caráter duvidoso.
P67-68
Helmer associa o crime a uma mãe desonesta. “A má influência da mãe é mais freqüente.”

Ato II

P73
Ana Maria teve que largar a filha para conseguir um bom emprego. E ainda ficou grata por isso.
P77
Cristina diz que Nora não pode ter amizade por Rank. Uma mulher não pode ter uma amizade por um homem.
P80
Nora e Cristina dizem que um homem pode resolver melhor a questão de empréstimo do que uma mulher.
P84
Sentem medo de ser mal vistos pela sociedade.
P85
Helmer seria mal visto se mudasse de opinião por influência de Nora, um mulher.
P86
Helmer vai demitir Krogstad antes por ele não tratá-lo com subordinação do que por ele ser um mal funcionário ou ter cometido algo no passado.
P91
Rank compara sua saúde a uma questão econômica.
P101
Estar com o marido é como estar com o pai, diz Nora.
P108
Krogstad tem o desejo de subir na vida, desejo geral.
P114
É Helmer quem tem a chave da caixa de correio. Nora não recebe correspondências ou estar estão sob o poder do marido.

Ato III

P125
Krogstad diz que Cristina é uma mulher calculista por ter deixá-lo, tudo por causa de dinheiro. Um homem não consegue ver o sacrifício de uma mulher.
P127
Mais uma vez Cristina se diz só por não ter ninguém de quem cuidar.
P128
O trabalho é tão importante que Cristina não sabe como viver sem trabalhar, sendo este o seu maior e único prazer.
P136
Helmer pergunta se Cristina gosta de tricó, ela responde mais que uma afirmativa: “Claro”. Assumindo que é um dever da mulher gostar de tricó.
P142
Helmer fica surpreso ao ver Nora falando de pesquisa científica.
A partir de P151
Helmer diz que Nora é hipócrita, mentirosa, criminosa quando descobre que ela falsificou a assinatura. Se sente envergonhado. Diz que herdou do pai a falta de religião, moral e a ausência de sentido de dever.
Diz que ela é ingrata, destruiu sua felicidade, não tem princípios.
Helmer a proibe de educar as crianças.
P153
Helmer lê a carta enviada para Nora.
A partir de P154
Helmer diz que Nora não tem discernimento para julgar o que fez, que não tem capacidade para agir por conta própria.
Diz que ela possui inferioridade feminina.
Diz que ela não tem idéia do que seja o coração de um homem de verdade.
Diz que ela é duplamente sua propriedade.
P157
Nora diz ser a primeira vez que eles conversam, Helmer acha que assunto sério seria somente seu trabalho.
P158-159
Nora compara a sua situação de casada com a sua situação de filha. Sempre incompreendida. Eles nunca a amaram. Sempre a trataram como objeto, como boneca.
Ela não consegue ver a diferença de seus gostos e os do marido, de tanto que foi anulada perante ele.
P159-160
Helmer acha que Nora é ingrata pela maneira que está agindo. Quer educá-la.
P161
Helmer quer proibir Nora de sair de casa.
P162
Helmer acha que Nora deve levar em conta o que a sociedade acha.
P163
Helmer diz que antes de tudo Nora é esposa e mãe. Colocando essas condições acima da condição da Nora de humana, como ele.
A partir de 163
Helmer questiona sobre:
-Religião.
-Senso moral
-Compreensão da Sociedade
-Razão
-Amor
p167
“Mas nenhum homem sacrificaria sua honra pela mulher amada”. Traço claramente social na fala de Helmer.

Questionamentos sociais e políticos de Nora

Ato I

P42
Nora quer falar um palavrão. Mas isso é mal visto na sociedade. Acaba por se reprimir.
P60
Diz que a lei deve ser estúpida por não levar em conta os motivos que a levaram falsificar a assinatura.

Ato III

P158-159
Questiona a condição de casada, a condição de filha. Como sempre foi tratada como boneca. E anulou seus sentimentos e gostos em favor dos gostos do pai e marido.
P160
Nora questiona se Helmer é capacitado para educá-la, como se propõe.
p161
Somente sozinha poderá compreender a si mesma.
P162
Nora questiona as ordens do marido.
P163
Nora questiona seu papel na sociedade ao se dizer humana como Helmer, e não esposa e mãe, como ele quer convencê-la. Questiona a opinião pública e diz que pensará por si mesma.
A partir de 164
Nora vê que só pode pensar religião a partir de si mesma, assim como a sociedade.
Questiona a justiça das leis.
P167
Coloca em xeque o porquê de milhares de mulheres terem sacrificado a honra pelo homem amado e nenhum homem poder fazer isso.
P171
O casamento, para Nora, deve ser uma vida em comum.
1.5 - Ambientação religiosa

O casal, assim como os outros personagens, parecem ter uma orientação cristã. Não é exibido claramente na peça a qual religião pertencem.

Ato I

P8
Entregador deixa uma árvore de Natal. Marca de uma religião cristã.

Ato III

P164
Freqüentam uma religião que tem pastor.
Nora vê que só pode pensar religião a partir de si mesma.
P166
Questiona a religião mas acredita em Deus.
2 - Ação anterior

O primeiro ato nesse drama tem a função de inserir os acontecimentos que já aconteceram. Os outros atos não tem somente essa função, mas utilizados para isso também. O conhecimento do que já aconteceu é fundamental para o desenrolar da cena. Não existe uma grande ação que se desenvolve na frente do público, excluindo a última cena, toda a acão já aconteceu num momento anterior à peça e os personagens são em maioria atormentados pelo passado. Nora, Cristina, Krogstad, Ana Maria, Rank, todos carregam um passado latente que guia às suas ações.

Ato I

p16
Helmer diz que no Natal passado, durante 3 semanas Nora se trancava para fazer enfeites e que o resultado não foi bom.
Nora diz que o gato rasgou.
p19
Cristina perdeu o marido há 3 anos.
p21
Helmer foi nomeado, há poucos dias, diretor do Banco de Investimentos.
Helmer nunca fez negociatas.
p22
Nora era esbanjadeira na escola.
Os dois tiveram que trabalhar. Nora diz que trabalhou noite e dia.
A partir de p23
Médicos disseram que Helmer deveria passar um ano no Sul, na Itália. A viagem custou 4 mil e 800 coroas. Foi um mês depois da morte do pai. Ivar tinha acabado de nascer.
Nora diz ter sido a época mais triste da vida dela. Que não viu o pai morrer. E que o marido voltou curado.
A partir de p25
Cristina não amava o marido, casou para sustentar a mãe e os dois irmãos. Seu marido morreu na falência. Cristina teve que começar a trabalhar. Agora a mãe está morta e os irmãos bem empregados. Cristina se sente só.
A partir de p28
Nora tem algo a se orgulhar. Foi ela que arranjou dinheiro para a viagem, sem Helmer saber. Primeiro pediu a Helmer a viagem sem dizer o real motivo, depois ela mesma arranjou o dinheiro, dizendo que vinha do pai.
p33
Nora diz que foi difícil pegar prestações do empréstimo que fez. Teve que economizar e sacrificou suas necessidades.
No inverno fez cópias, disse a Helmer que era os enfeites de Natal (p16).
p37
Krogstad conheceu Cristina há anos. Teve um casamento infeliz, é viúvo com filhos. Faz negócios “de toda espécie”
p38
Rank já ouviu falar muito de Cristina.
p41
Doce é proibido dentro de casa.
p43
Helmer não lembra de Cristina.
p50
Krogstad fala que Cristina foi amiga dele. E que ela não quer se expor a um reencontro.
p52
Krogstad e Helmer estudaram juntos.
p53
Krogstad cometeu uma “imprudência”. Não chegou a ser julgado mas não mais arrumou emprego.
Agora quer ser respeitado, em favor dos filhos. O emprego no banco é importante para ele, “um primeiro degrau da subida” rumo ao respeito social.
p54
Nora revela que deve dinheiro a Krogstad.
A partir de p55
Krogstad emprestou dinheiro a Nora com certas condições. Ela teria que assinar uma promissória e o pai serviria de avalista, assinando também.
O pai morreu em 29 de setembro, mas o documento data de 2 de outubro. A letra não é do pai.
Nora assume que a letra é dela.
p66
Helmer diz que o erro de Krogstad no passado foi falsificar uma assinatura. Ele se perdeu moralmente porque usou de artimanhas para se safar, segundo Helmer.

Ato II
p73
Ana Maria deixou sua filha para ser babá de Nora. O pai da filha de Ana Maria nunca fez nada por ela. A filha escreveu duas vezes para ela.
p74
Ana Maria foi a mãe para Nora.
p76
Rank teve tuberculose na coluna vertebral, pelo fato do pai praticar excessos.
p78
Rank é rico e sem família. Herdou o dinheiro depois da viagem dos Helmer.
p84
Krogstad escreve para os piores jornais.
p84-85
Escreveram coisas nos jornais sobre o pai de Nora. O que teria feito ele perder o emprego se Helmer não tivesse feito um inquérito e tivesse sido “benevolente e atencioso”.
p86
Helmer teve uma amizade passageira com Krogstad no tempo de estudantes.
Krogstad não trata Helmer de senhor.
p101
Nora gostava mais do pai. Mas preferia ficar no quarto com as empregadas.
p108
Krogstad não é desonesto há um ano e meio.
Afirma que conhece Helmer e que ele não protestaria em criar um cargo no banco para ele, sob chantagem.

Ato III
p125
Krogstad acha que Cristina o deixou por ser uma mulher calculista e ter achado uma melhor oportunidade.
Cristina escreveu uma carta a Krogstad com intensão de acabar com os sentimentos dele por ela.
Krogstad diz que ela só o largou por dinheiro.
Cristina fala que tinha obrigações com a mãe doente e os irmãos pequenos.
Krogstad diz que ficou sem chão ao perdê-la.
p148
Helmer fala do grande lugar que Rank ocupava na vida do casal.
p151
Helmer diz que o pai da Nora não tinha princípios e Nora herdou isso. Não tem moral, nem sentido de dever.
p152
Helmer diz que mimou Nora.
A parir de p158
Nora se diz incompreendida. Pelo pai depois pelo marido. Diz que nunca a amaram.
Ela assumia as opinões do pai e escondia as suas. O pai brincava com ela da mesma forma que ela brincava com as suas bonecas.
Não sabe se fingiu ou se realmente tem o mesmo gosto do marido.
Culpa o pai e Helmer por ter disperdiçado a vida.
Nunca foi feliz.
Foi a boneca filha, agora é a boneca mulher.
Se diverte quando Helmer brinca com ela.
p162
Nora nasceu em outro lugar.
p164
Nora foi confirmada pelo pastor Hansen.
p166
Nora sempre esperou por um milagre.

Ação anterior por personagem:

Helmer:
p21
Helmer foi nomeado, há poucos dias, diretor do Banco de Investimentos.
Helmer nunca fez negociatas.
A partir de p23
Médicos disseram que Helmer deveria passar um ano no Sul, na Itália.
O marido voltou curado.
P43
Helmer não lembra de Cristina.
P52
Krogstad e Helmer estudaram juntos.
P86
Helmer teve uma amizade passageira com Krogstad no tempo de estudantes.
Krogstad não trata Helmer de senhor.
P152
Helmer diz que mimou Nora.

Cristina:
p19
Cristina perdeu o marido há 3 anos.
A partir de p25
Cristina não amava o marido, casou para sustentar a mãe e os dois irmãos. Seu marido morreu na falência. Cristina teve que começar a trabalhar. Agora a mãe está morta e os irmãos bem empregados. Cristina se sente só.
P50
Krogstad fala que Cristina foi amiga dele. E que ela não quer se expor a um reencontro.
P125
Krogstad acha que Cristina o deixou por ser uma mulher calculista e ter achado uma melhor oportunidade.
Cristina escreveu uma carta a Krogstad com intensão de acabar com os sentimentos dele por ela.
Krogstad diz que ela só o largou por dinheiro.
Cristina fala que tinha obrigações com a mãe doente e os irmãos pequenos.
Krogstad diz que ficou sem chão ao perdê-la.

Krogstad:
P37
Krogstad conheceu Cristina há anos. Teve um casamento infeliz, é viúvo com filhos. Faz negócios “de toda espécie”
P50
Krogstad fala que Cristina foi amiga dele. E que ela não quer se expor a um reencontro.
P52
Krogstad e Helmer estudaram juntos.
p53
Krogstad cometeu uma “imprudência”. Não chegou a ser julgado mas não mais arrumou emprego.
Agora quer ser respeitado, em favor dos filhos. O emprego no banco é importante para ele, “um primeiro degrau da subida” rumo ao respeito social.
P66
Helmer diz que o erro de Krogstad no passado foi falsificar uma assinatura. Ele se perdeu moralmente porque usou de artimanhas para se safar, segundo Helmer.
P84
Krogstad escreve para os piores jornais.
P86
Helmer teve uma amizade passageira com Krogstad no tempo de estudantes.
Krogstad não trata Helmer de senhor.
P108
Krogstad não é desonesto há um ano e meio.
P125
Krogstad acha que Cristina o deixou por ser uma mulher calculista e ter achado uma melhor oportunidade.
Cristina escreveu uma carta a Krogstad com intensão de acabar com os sentimentos dele por ela.
Krogstad diz que ela só o largou por dinheiro.
Cristina fala que tinha obrigações com a mãe doente e os irmãos pequenos.
Krogstad diz que ficou sem chão ao perdê-la.


Rank:
P38
Rank já ouviu falar muito de Cristina.
P76
Rank teve tuberculose na coluna vertebral, pelo fato do pai praticar excessos.
P78
Rank é rico e sem família. Herdou o dinheiro depois da viagem dos Helmer.
P148
Helmer fala do grande lugar que Rank ocupava na vida do casal.

Ana Maria:
P73
Ana Maria deixou sua filha para ser babá de Nora. O pai da filha de Ana Maria nunca fez nada por ela. A filha escreveu duas vezes para ela.
P74
Ana Maria foi a mãe para Nora.

Pai de Nora:
A partir de P55
O pai morreu em 29 de setembro
P84-85
Escreveram coisas nos jornais sobre o pai de Nora. O que teria feito ele perder o emprego se Helmer não tivesse feito um inquérito e tivesse sido “benevolente e atencioso”.
P101
Nora gostava mais do pai. Mas preferia ficar no quarto com as empregadas.
P151
Helmer diz que o pai da Nora não tinha princípios e Nora herdou isso.
A parir de p158
Nora se diz incompreendida. Pelo pai depois pelo marido. Diz que nunca a amaram.
Ela assumia as opinões do pai e escondia as suas. O pai brincava com ela da mesma forma que ela brincava com as suas bonecas.
Culpa o pai e Helmer por ter disperdiçado a vida.
Foi a boneca filha, agora é a boneca mulher.



Ação anterior referente ao principal ponto de conflito da peça

Empréstimo:
p16
Helmer diz que no Natal passado, durante 3 semanas Nora se trancava para fazer enfeites e que o resultado não foi bom.
Nora diz que o gato rasgou.
A partir de p23
Médicos disseram que Helmer deveria passar um ano no Sul, na Itália. A viagem custou 4 mil e 800 coroas. Foi um mês depois da morte do pai. Ivar tinha acabado de nascer.
Nora diz ter sido a época mais triste da vida dela. Que não viu o pai morrer. E que o marido voltou curado.
A partir de p28
Nora tem algo a se orgulhar. Foi ela que arranjou dinheiro para a viagem, sem Helmer saber. Primeiro pediu a Helmer a viagem sem dizer o real motivo, depois ela mesma arranjou o dinheiro, dizendo que vinha do pai.
P33
Nora diz que foi difícil pegar prestações do empréstimo que fez. Teve que economizar e sacrificou suas necessidades.
No inverno fez cópias, disse a Helmer que era os enfeites de Natal (p16).
P54
Nora revela que deve dinheiro a Krogstad.
A partir de p55
Krogstad emprestou dinheiro a Nora com certas condições. Ela teria que assinar uma promissória e o pai serviria de avalista, assinando também.
O pai morreu em 29 de setembro, mas o documento data de 2 de outubro. A letra não é do pai.
Nora assume que a letra é dela.


3 - Divisão de Unidades

Página 48 à 60.

1ª unidade
Krogstad: sondar
Nora: aguardar o que virá
Até a palavra supus da 4ª fala de Krogstad da p50.

2ª unidade
Nora: enfrentar
Krogstad: constatar
Até a 2ª fala de Nora da p51.

3ª unidade
Krogstad: atacar
Nora: recuar surpreendiada.
Até a 2ª fala de Nora p52.

4ª unidade
Nora: enfrentar
Krogstad: duvidar
Até o final da p52.

5ª unidade
Krogstad: se abrir para Nora
Nora: tentar convencê-lo
Até a 1ª fala da p54.

6ª unidade
Nora: pagar para ver, quase desesperada
Krogstad: questionar
Até a p54.

7ª unidade
Krogstad: exibir a situação
Nora: acompanhar o raciocínio
Até a 2ª fala de Krogstad p58.

8ª unidade
Krogstad: inserir culpa
Nora: justificar-se
Até fim da 1ª fala da p60

9ª unidade
Nora: questionar as leis
Krogstad: explicar.
4 - Atitudes de polarização

Nora:
Início: Mulher alegre que gosta de cantar, sorrir (há várias indicações nas rubricas). Bastante cínica. Vê na mentira um modo de controlar situações.

Vezes que Nora mente:

P15
Nora dá sua palavra dizendo que não comeu doce, mas comeu.
“Nem me passa pela cabeça fazer as coisas que você não gosta.”
P16
Nora culpa o gato de ter destruído enfeites do Natal passado, no entanto, ela não estava fazendo enfeites.
P23
Nora diz que o pai deu o dinheiro para a viagem.
P43-44
Nora diz a Helmer que Cristina só viajou para falar com ele. E que ela já sabia da nomeação como diretor do banco.
P56
Nora afirma que o pai assinou a promissória.
P62
Nora diz a Helmer que não recebeu ninguém em casa. Depois desmente dizendo que Krogstad esteve lá e ela prometeu que inteviria pelo emprego dele.
P100
Nora diz que o que iria contar a Rank era produto de sua imaginação. Inventa que é um vestido que encomendou e Helmer não deve saber.
P103
Nora diz a Helena que a presença de a presença de Krogstad é surpresa para o marido.
P114
Nora tranca a porta e diz que está experimentando um vestido.
P116
Nora mente sobre o motivo de seu nervosismo. E faz com que o marido ensaie com ela para que ele não se ocupe de trabalho e veja a carta.

Final: Mulher séria, decidida, questionadora, sincera.
Responde com firmeza aos questionamentos do marido e não vê mais sentido em esconder a verdade. Procura a liberdade e a solidão para se conhecer como humana.

Helmer

Início: Na primeira cena, Helmer demonstra ser uma pessoa alegre, brincalhona, condescendente, apaixonado. É colocado, posteriormente, como alguém que sabe receber visitas. É visto, também, como um homem de caráter imaculado.
Final: Na cena final, Helmer segura Nora com força e a impede de sair, demonstrando agressividade. Despreza a mulher antes pelo mal que o erro pode causar a ele perante a sociedade do que pelo próprio erro. Vive de aparências. Perdoa Nora por motivos duvidosos.
No último momento pareceu transigir um pouco de sua suposta posição de homem senhor da casa e permite-se a uma pergunta. Se questiona se o “maior milagre de todos” pode acontecer. Seria um sinal, mesmo que mínimo, de mudanças. Ou esperança de mudanças.5 - Personagem

Em Casa de Bonecas não podemos identificar revoluções e sim indivíduos libertadores de si mesmo. Mas é o primeiro ponto de percepção de “uma falsa socidade, de relacionamentos falsos, uma falsa condição humana” (WILLIANS, 2002, p130). O fato da personagem de Nora ser vista, em primeiro lugar, como uma mentirosa não é mera casualidade, a mentira está presente como sintoma da condição geral da sociedade. Nora mente explicitamente, mas a mentira está por todos os lados de um modo implícito. Helmer mente ao ter atitudes tão controversas. Cristina mente ao negar seu amor do passado durante tanto tempo. Krogstad mente ao supor que será um homem melhor se tiver o seu emprego, que obstinadamente tenta recuperar através de chantagem. Rank mente ao esconder a paixão por Nora.
Somente consegue a realização pessoal quem consegue se assumir. E se assumir é antes uma obrigação que um desejo. Nora não está partindo feliz para sua cidade natal, deixando filhos, marido e a comodidade que vive. Ela parte porque para poder se relacionar com qualquer um antes ela precisa conhecer a si mesma. Ela tem a obrigação de se conhecer. E ficar seria negar a si mesma.
A única forma que Nora (e por extensão, Ibsen) vê para ir contra a sociedade doente que a oprime e anula é sua consciência. Essa consciência, que é essencialmente individual, fala em nome, porém, do desejo humano. Por que surge a dúvida em Helmer na última cena? Ele se depara com algo coerente vindo de alguém que socialmente não tem o direito de pensar, pode ser um bom motivo para reavaliar a sociedade. Os questionamentos são de um fundo maior que questionamentos femininos diante da sociedade. Nora abre o caminho para o questionamento das relações sociais. Viver verdadeiramente uma vida em comum não é só o desejo da mulher é o desejo de qualquer pessoa que espera por uma vida mais inteira, sincera, em comunhão.
Ibsen acreditou que a discussão não deveria ser restrita ao palco, ele nos dá caminho para nossa própria discussão, o debate deve ser coletivo e não restristo ao espaço (tempo e local) em que a peça acontece.

Nora:

Nora é uma mulher que vive sob os padrões sociais tangenciando os problemas que esses padrões podem lhe trazer através de mentiras. Sabe que suas mentiras são inofensivas e acredita-se uma pessoa boa e digna de orgulho.
É muito alegre, sorridente, cantante, amável. É muito amada por quase todos os personagens.
Vê que não pode mais continuar contornando os problemas sociais, omitindo sua existência. Porém, ao se desapegar do mundo que a oprime, descobre-se perdida, sem poder responder questões claras porque nunca havia pensado nelas por si mesma. Resolve pensar o ato de viver, antes de somente ser vivida. Se liberta da condição de esposa e mãe para antes ser Nora.

Desejo: Não deixar o marido se prejudicar por ela ter falsificado uma assinatura no passado.
Força de vontade: Nora tenta de todas as formas impedir que a verdade venha à tona. Caso o “milagre” acontecesse ela estava diposta a se matar para salvar a integridade de Helmer.
Conduta moral: Sua conduta é íntegra partindo do princípio que ela segue exatamente o que acredita.
Lista de adjetivos: Alegre, adorável, viva, cínica, sonhadora, decidida, orgulhosa, intensa, jovem, boa mãe, boa esposa, boa filha.
Intensidade de humor inicial: Tranqüila e alegre.

Helmer:

Em uma pessoa marcada por padrões sociais como superioridade do homem frente a mulher, preocupação com a opinião pública, hereditariedade.
Possui visíveis falhas no caráter: Em um momento acha na mulher o motivo de sua infelicidade, no momento seguinte a perdoa e implora que ele não a deixe. Todo sentimento guiado por uma preocupação com a opinião pública. Uma boa palavra para defini-lo seria hipócrita. Além disso, demite um homem com filhos por motivos mesquinhos, com pitadas de orgulho e prepotência.6.1 - Final alternativo

Um final alternativo foi escrito por Ibsen para impedir que montagens (principalmente alemãs) que não aceitavam o final real da peça fizessem adaptações ou traduções que prejudicassem mais ainda o seu conteúdo. Em uma carta ao jornal dinamarquês Nationaltidende, com data de 17 de fevereiro de 1880, o autor deixou clara a sua intenção:

“Logo após a publicação de Nora recebi uma comunicação do meu tradutor e agente para os teatros do Norte da Alemanha, Herr Wilhelm Lange de Berlim, a dizer que tinha motivos para recear a publicação de outra tradução ou adaptação da peça com um final alterado, sendo que esta seria provavelmente preferida por um número considerável de teatros do Norte da Alemanha.
De forma a impedir esta eventualidade, enviei ao meu tradutor e agente o rascunho de uma alteração destinada a ser usada em caso de necessidade. Nesta versão Nora não abandona a casa. Em vez disso, Helmer empurra-a contra a entrada do quarto onde as crianças dormiam, os pais trocam algumas falas, Nora cai para o chão e o pano cai.
Descrevi eu mesmo esta alteração ao meu tradutor como um ato bárbaro de violência à peça. A sua utilização vai absolutamente contra os meus desejos e espero que não seja usada por muitos teatros alemães.
Enquanto não existir um acordo literário entre a Alemanha e os países escandinavos, nós, autores escandinavos, não temos quaisquer direitos aqui, tal como acontece com os autores alemães nos nossos países. Assim, as obras dramáticas estão a ser constantemente violadas por tradutores, donos de teatros, encenadores e atores em teatros de pequeno escalão. Porém, havendo uma ameaça disso, no meu caso, prefiro, tendo aprendido com experiências anteriores, cometer eu próprio tal violência, em vez de entregar as minhas obras ao tratamento e à adaptação a mãos menos cuidadosas e aptas que as minhas”.

Final alternativo a partir de tradução em inglês:

(NORA) ... Onde pudéssemos fazer da nossa vida em conjunto um casamento a sério. Adeus. (Começa a afastar-se).
HELMER. Então vai! (Agarra-a pelo braço). Mas primeiro vê os teus filhos pela última vez!
NORA. Larga-me! Não os vou ver! Não consigo!
HELMER (arrasta-a até à porta, esquerda). Vais vê-los. (Abre a porta e diz com suavidade). Olha, ali estão a dormir, em paz e sem preocupações. Amanhã, quando acordarem e chamarem pela mãe... não terão mãe.
NORA (a tremer). Não terão mãe...!
HELMER. Tal como tu em tempos.
NORA. Não terão mãe! (Luta interiormente, deixa cair para o chão a mala de viagem, e diz) .Oh, é um pecado que cometo contra mim mesma, mas não os posso abandonar. (Escorrega para o chão de encosto à porta).
HELMER (alegre mas com suavidade). Nora!
(O pano cai).
6.2 - Canção de Nora

O compositor e cantor Tom Zé, no álbum chamado Estudando o Pagode (Na Opereta Segregamulher e Amor) de 2005, fez uma música em homenagem a personagem de Nora. Esse disco tem por temática uma exposição da condição feminina na sociedade. Ele se divide em três atos: Mulheres de apenas, Latifundiários do prazer e Amor ampliado para o teatro e para o país. Canção de Nora abre o segundo ato e os questionamentos sociais, de posicionamento da mulher, o amor livre, o sexo.

6.3 - Apelidos de Nora

Helmer trata a mulher como um objeto e isso se torna claro pelas expressões que usa para chamá-la. A maior parte delas, inclusive, é acompanhada de um pronome possessivo, indicando que além de considerar a mulher um objeto sente-se possuidor de tal.

Apelidos usados por Helmer para chamar Nora:

-minha cotovia
-meu esquilo
-minha perdulariazinha
-cabecinha de vento
-meu esquilinho
-minha pombinha de asa caída
-minha menininha
-dona gulosa
-minha cotoviazinha
-Norinha
-minha mulherzinha teimosa
-meu amorzinho
-meu bichinho lindo
-sua louquinha
-minha Norinha
-minha teimosinha
-minha desprotegidazinha
-meu bem
-minha doçura
-essa pessoinha
-minha radiosa pescadora de Capri
-minha caprichosa pescadora de Capri
-minha mulher encantadora
-minha coisa mais querida
-minha pobre Norinha
-meu bichinho assustado
-minha coisinha assustada e indefesa
-minha querida
8 - Bibliografia

IBSEN, Henrik. Thiré, Cecil. Casa de Bonecas. São Paulo: Abril S.A. Cultural e Industrial, 1976.

Michalski, Yan. Apostila Análise do Texto Teatral. Rio de Janeiro, 2007.

WILLIANS, Raymond. Bischof, Betina. Tragédia Moderna. São Paulo: Cosac & Naify, 2002.

ADLER, Stella. Sobre Ibsen, Strindberg & Chekhov. Organização e prefácio Barry Paris. Tradução Sônia Coutinho. Rio de Janeiro : Bertrand Brasil, 2002.

Sites utilizados:
http://www.tomze.com.br/
http://www.noruega.org.br/ibsen/

domingo, 4 de novembro de 2007

A melhor coisa seria se a Arca de Noé tivesse afundado

"Ibsen não só 'criticou' a classe média _ ele a aniquilou." (ADLER, p25, 2002)
Ibsen fala da classe média em todas as suas peças. Havia e há a diferença de classes. Falar da classe média é falar dessa diferença. Falar de dinheiro é falar da classe média. Ele via claramente que a classe média vivia uma vida baseada em mentiras. Queria pôr um fim nisso. A classe média destrói o ser humano ao colocá-lo dentro de instituições falidas que sobrevivem em cima de mentiras, como a família, a moral, a religião, por isso a peça é recheada de apontamentos que indicam o caráter falido da sociedade. Falar dessa classe, antes de qualquer uma, era entender o problema em sua origem e atacá-lo.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Calor

Quando não se tem nada pra falar se fala do tempo. Eu não sou assim. Odeio esse negócio de falar em vão. Logo se eu estou falando do tempo no mínimo isso está me incomodando por demais. Queria andar nua e que ninguém percebesse. Queria, reciprocamente, que todos andassem nus e eu nem percebesse. Nada está tão cristalizado ao ponto de não poder quebrar. Só diamante quebra diamante, mas quebra.

_Ibsen, resolve os meus problemas?
_Não posso resolver seus problemas, só posso fazer com que você pense sobre eles. Não sou seu herói. Não há heróis. Só tem você agora.
_E se eu não quiser fazer nada?
_Não você já está morta.
_Estou.
_Bons sonhos?

O dia em que morri
Não sei ao certo o dia em que morri. Acho que foi no dia em que percebi que não percebia mais as coisas que estavam acontecendo. Um belo dia não senti a partida de ninguém. Não chorei pela dor de ninguém. Não senti mais dor senão a dor da morte, aquela que não permite caminhos outros senão o do fim. No dia que ninguém mais acordava. No dia em que ninguém mais sorria. No dia que ninguém mais me tratava. Mas só vi mesmo que morri hoje. Estou morta.
O pior de estar morto é que nem todos estão mortos como você. Tem muita gente vivendo e você espera o dia ansiosamente em que voltará a viver. Não chega. Mas quem não espera desespera. Então calmamente você continua morto. Por que a vida não espera eu voltar a viver pra prosseguir vivendo? Por que a vida acontece além de mim? Por que eu tenho que ver a vida passar sem sentir nada além do vazio da morte?
Tenho sentido a necessidade de vida. Lamento que tentativas falhem. É realmente a coisa que posso fazer, lamentar. Não me sinto pronta pra me lançar outra vez na vida e nem em silêncio me questionar porque estou morta. Só vivo a morte e gostaria que todos morressem, pra quando a gente voltar eu não ter perdido nada. Esperança vive em mim. Que bom. Imagina se a morte de agora fosse o sim.
Não é o fim a morte de agora? Que morte é o fim? Nesse momento nada acontece senão a morte. Nada importa. Importa sim. O desconforto importa. Estar desconfortável é o incômodo de hoje estar morta. Acho que é o cheirinho de defunta. Tô apodrecendo, afinal. Algum cheiro tem. E é cheiro de quê? Será o cheiro o desconforto. O mendigo se contorce com seu cheiro? O mendigo te distorce com seu cheiro. Nenhum mendigo está morto. Morto? Nenhum mendigo. Meu cheiro me incomoda porque estou morta? Meu cheiro me incomoda? Eu me incomodo? Vou ficar.

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"Meu querido doce amor,

Não sei que fui fazer te deixando daquela maneira sozinho. Você é o sentido puro e simples da minha vida, no entanto, eu te trato como um estranho. Somos estranhos e moramos no mesmo quarto, dormimos na mesma cama. Você sabe bem o que Eva lavrou. Eu sei também. Pensamos juntos, gostamos juntos. Eu falo com o seu tom de voz, as suas palavras pra lembrar que você existe em mim. Ou mesmo o tom que falo é meu e quem me rouba é você. Mas o roubo só pode acontecer de algo que não nos pertence. Eu te pertenço. Posso não ser a melhor das suas qualidades, mas sou aquela que mais dificilmente você se livrará. Nosso tempo juntos ultrapassa qualquer realidade de convivência no mundo atual. E persistimos juntos. Por quê? Tenho três segredos no mundo e dois te envolvem. Digamos que até o que não te envolve está mais ligado a você do que qualquer outra pessoa. Se luto por alguém é por você. Individualmente não existo!! Eu tenho horror de não existir. Se você me desaparecer eu não serei. E o que fazer sem mim? O pior de tudo é que ao pensar no seu desaparecimento, o exato instante do início da minha desexistência eu só consigo pensar em como será minha vida sem você. Meu amor me nega a vida. Não sei mais se te amo ou se te dependo. Nem sei mais se um dia te amei. Você tem idéia de como destruiu a minha vida pelo simples fato de a ter atrelado a sua? Se um dia alguém me desse a oportunidade de me tirar alguma coisa eu me livraria de você. Eu me anularia para poder descansar. Não teria mais medo da morte. Você não mais existindo eu não teria que temer nada. A maior parte da minha vida foi destinada a temer. Supor o que ia acontecer. Esperar o que ia acontecer. Se te mato agora o amanhã não tem mais sentido e posso ser feliz e livre pra não esperar. Mas assim desespero. Você está. Eu estou. Eu quero. Você quer. Um dia eu vou sentir o contrário de hoje? Um dia eu vou sentir o contrário de hoje. Somente na morte há caminho. Mato você em mim para poder me matar sem você. A liberdade morte me persegue. Não posso mais ser feliz ao seu lado. Nunca pude. E não vou mais ser feliz nunca. Você vai? Não vai. Se você for eu fico mais só. E só.
Rompa-me sempre a vida,
B."