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sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Vamos montar um infantil!

Vamos montar um infatil. Isso nunca havia antes passado pela minha cabeça. Estou animado e isso me gera uma série de inquietações. Por exemplo, representar um texto feito para crianças me leva, automaticamente, a pensar o quão somos criança ainda e pouco sabemos lidar com certas situações. Me leva a pensar que, de fato, poderemos expor nossa teatralidade sem se preocupar com concepções realistas, naturalistas ou o caralho a quatro. A encenação teatralizada nos permite este luxo, este prazer. Um prazer de se assumir ficcional e extrapolar. Pensar em corpos grandes, caricatos, pensar em marcas e gestos fantasiosos. Vamos fazer um infaltil para adultos o que me atrai mais ainda. Uma parte careta outra talvez mais careta ainda. Pois o grau de caretice não depende de quem faz e sim de quem vê. Aliás, venho pensando muito nisso. Na ética da recepção, no valor de uma imagem e sua projeção. Quanto vale uma imagem e todas elas precisam ser poéticas. Não sei. Como disse, me parece que a poesia está dentro de cada um de nós e a imagem se faz poética a partir de nossa interpretação. Toda obra de arte precisa de um diálogo mesmo que este seja concenido como monólogo. Na verdade quase sempre o é. O artista é um ser solitário e esta idéia me irrita por um todo. Sou artista e não sou solitário. E dentro do maior clichê, posso afirmar o inverso: não, não sou solitário mesmo quando sozinho. Aliás, acho que quando estou sozinho é quando estou menos só. Minha cabeça não para e em frações de segundo o quarto já está repleto de companheiros, discutindo, fofocando, bebericando. Bebericar. Este verbo, que nem sei se existe, é maríssimo. Maríssimo é o superlativo de mara. Pois é, vamos montar um infantil e fico me perguntado como não havia participado de um antes. Em todos os cursos de teatro e oficinas que fiz, os textos trabalhados foram sempre classificados como adulto e bastante densos. Acho que isso me causou marcas e por isso me diverti com esta proposta super nova. Vamos fazer um infantil e, quem sabe assim, com toda seriedade que o trabalho requer, pois teatro é tenso não importando a classe etária, não conseguiremos nos divertir um pouco mais e abstrair um cadinho que seja nossos problemas. Confesso que ando um pouco cansado dos problemas, mas mesmo assim não consigo ignorá-los. Mas confesso também que me dei certas férias e estou procurando não pensar muito neles. Nem pensar muito em você. Nem em mim, principalmente. No momento faço pensar no mundo e a partir de hoje no universo infantil. Este novo mundo de fórmulas que se apresenta pode ser bastante interessante, mas também se mostrar uma ruína. Para que isso não ocorra é preciso atenção, precisão e trabalho. Vamos montar um infantil e para a nossa estréia seus filhos não estão convidados.

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2 Comentários:

  • Um dia vou montar um infantil denso também. Vou fazer um infantil denso mas oposto. Porque vai ser do denso pro infantil. Vai ser divertido, trabalhoso e medonho... pra mim.

    Às 2:19 PM  

  • A trilha sonora do infantil do Caio podia ser:
    "Oi bota aqui, oi bota aqui o seu pezinho
    Seu pezinho bem juntinho com o meu
    Oi bota aqui, oi bota aqui o seu pezinho
    Seu pezinho bem juntinho com o meu
    Depoooois não vá dizeer
    Que você já me esqueceeu
    Depoooois não vá dizeer
    Que você já me esqueceeu"
    em versão eletrônica.

    Às 12:27 AM  

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