O melhor café você conhece pelo cheiro

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Porrada

Primeiro ensaio – 30/04/2008

Júlio: Alongamento rápido. Relaxamento. No fim do alongamento ele colocou uma música. Tomás foi surgindo daí. Usou fala durante o relaxamento, não gosto. Pede para ele pensar em uma movimentação nova. Na movimentação estranha, Tomás parece total disponível, não sai ainda do chão. Permanece nele, sai às vezes com o quadril. Buscou o animalesco bem fácil. O farejador do chão. Ele se morde. Levanta. Passa a andar. Girar. Procura algo no teto. Pula. Voltou às quatro patas. Mudança no estilo da música. Tem uma desconcentração. Júlio deve falar mais alto. Tomás usa já objetos da sala. Procurando no próprio corpo, se apalpa. Mãos guiando. Cabeça. Fechou os olhos, vergonha?

Objetos: Pincel, tinta, gaze, papelão. Foi principalmente na tinta, sentiu com o dedo e depois cheirou. Muito introspectivo. Deixe ele nele. Quis pedir pra ele ir pro corpo não humano. Mas acho que ele já está no meio de outra construção. ELE DÁ AS COSTAS PRA MIM O TEMPO TODO. Trabalho bem lúdico, de descoberta. Achou o PARCEIRO que faltava no papelão. Ele não usou o pincel.

Amanda: Palavras separadas da rubrica inicial de “Fim de Partida” de Beckett: Ir, andar emperrado/vacilante, cabeça inclinada pra trás, saber, abrir, descer, 6 passos, pegar, riso breve, lençol.Selecionadas por mim: andar emperrado/vacilante e cabeça inclinada pra trás. Primeiro empurrar o chão. Peso terrível na nuca. Sons. Constatações com Tomás: proteção gostou. Mais forte. No começo foi experimentação. Achava angústias. Sensação de não querer fazer. Oposto de sair da Terra.

Reunião – 12/05/2008

Para o próximo ensaio: Alongamento. Andada pelo espaço: trabalho do corpo atento, trabalho com os eixos: olhar e bacia, lugar da força. Ombro relaxado, lugar certo da cabeça, do queixo ombro aberto. Com música: foco – saída e mudança de foco. Corrida – círculo, sentir os braços na corrida. Círculo – falar. Parado – falar. Sem música. Olhos fechados. Repetição do que foi feito com a música. Até parar, deixar 15 minutos sem comandos.

Ensaio – 14/05/2008

Consegui fazer todo o descrito, mas ainda espero mais. Não sei se meus comandos foram suficientes claros e audíveis. Tentei ser clara. Todos os comandos estavam muito frescos na memória, mas minhas sensações corporais nem tanto. Não sei dizer quando ele sofre de cansaço, porque ele é o ator ideal e só mostra o cansaço se eu pedir.

Na andada ele não reclamou. Na corrida ele sofreu mas não reclamou. Mas, quando ele teve que ficar parado ele sofreu muito visivelmente. A ponto de eu sentir medo. Não saber se ele ia cair ou não. Mas ele não se entregou. A coisa mais bizarra é isso. Ele se manteve NOSSO, todo o tempo. Tanto que quando eu deixei ele sentar ele deitou, mas logo se corrigiu e sentou, esperando e dizendo sem palavras: “estou pronto, me usem.”

Ele passou 50 minutos sem reclamar correndo, enquanto que os OITO minutos do ficar parado foi quase levado ao desmaio. E ele falou que sentiu profunda vontade de GRITAR. “E por que não gritou?” Ele além de não saber responder demonstrou profunda surpresa com a pergunta. Surpresa não pra mim, mas para ele mesmo. “É verdade, por que eu não gritei?” É engraçado como a ausência de comando pode ser um grande comando vindo do começo.

Psicose 4h48 – Sara Kane

1º longo parágrafo p1 – 2 versos. “Lembre-se da luz até o final p. P2 até “pessoas”. 3 versos antes do último. “não quero mesmo morrer”. Os números página 3. P4 “nada pode” até “viver”. P5 “corpo e alma nunca podem se casar.” P10 “Não há uma droga... absurdo desespero”. P15 “uma caspa sobre” até “estado de sítio”.

Ler durante caminhada, mas só até a p17.

Dia da primeira crise do Júlio.

Trabalho do Nada – 21/05/2008

Andar. Corrigir. Correr. Foco. Saída. Empurrar o chão. 14:06 começou a andar. 14:20 insiro o texto com letra maior. 14:30 Repetir de cabeça palavras do texto: Pisca. Corta. Afaga 3. Queima. Brilha. Dor maravilhosa 2. Soca 1. Sente 5. Sufoca. Afaga. (As três últimas palavras não estão no texto.) Ordem escolhida: Soca (vômito). Dor maravilhosa (batida no rosto). Afaga (mexe no meu cabelo, faz carinho no meu cabelo, cheira o meu cabelo). Sente (passa a mão no braço e vai pra trás.) 14:46 5 minutos de pausa. Mandei excluir um dos movimentos. Retirou a dor. Logo: Soca maravilhosa afaga dor sente. Repetição 14:56. Frase “cheira o meu cabelo” que ficou. Novas qualidades. Vai repetir até 15:30. Começa a falar o que quiser na partitura. Demorou pra entender o começo. Considerações do ator: Sofrimento, escuridão, aflição, estranheza, sala de jantar do Dalí (bad trip). Fechar a janela é apertar o botão de desligar o mundo. Socar foi boca do estômago – imagem poética. A partir da repetição as frases foram ficando mais dele. Idéia do sonho: duas bacias de água e rolo de lã. Trazer objeto em um recipiente de viagem para o próximo encontro.

Pro dia 28/05/2008

Encontro já com Adassa.

1-Caminhada com mala. Caminhada parada. 2-Marcar território 3- Reconhecer território (interior e exterior). 4-Observar o colega. 5-Apresentar os objetos. 6-Escrever despedida. 7-Mudar de posição. 8- O outro lê a carta. 9- Guardar os objetos do outro. 10- Caminhar até correr. 11-Exercício da Amanda. 12- Escrever carta de ódio. 13- Olhar objeto do colega. 14- Interação com os objetos.

Encontro 28/05/2008 às 14:16 1º experimento com Adassa.

Alongamento de cima pra baixo. Um silêncio incomodado pelo professor da outra sala. Tomás chegou um pouco ríspido, seco. Não sei o que aconteceu. Caminhada com a mala só deve acontecer quando houver necessidade. Tomás anda lentamente. Adassa parada. Concentrada por dentro. Júlio manda caminhar pensando no ambiente, espaço, pensando no que tem na bolsa. Ritmos diferentes. Ele começa a acelerar. É a música. Começa a descrever círculos. Não se esbarram. “Pra onde levariam os objetos? Pra onde fugiriam com ele?” Quero indicar pra eles se olharem mais. Mas acho precipitado interferir. Parece que ela puxa ele. Ela se ajeita, ela está de cordão. Outro. Júlio pede mais ritmo. Manda marcar o chão com giz. Ele faz um quadrado torto, ela faz um círculo muito bem feito. Difícil se observar. Vi que ele se mexe e falo que eles podem se mexer. Falo pro Júlio tentar dar mais tempo pra cada coisa. De novo: Procurei a frente do Tomás e ele me deu as costas. A cara neutra que vira hostil está só no olhar de quem vê. Queria dizer: “Tenta não se perder, se manter nos seus propósitos de observação.” Mas não sei. Não falo. Manda eles se encontrarem no olhar. Se comunicarem, se observarem. “Percebam que os dois estão protegidos, os dois tão carregando bolsas.” A música acabou. Coloquei os dois pra se observarem. De pé. No físico. Não no que poderia estar pensando. Se viram de costas e falam uma palavra por vez. Adassa: CABELO Tomás:Céu Adassa: Ciclo Tomás: Mochila. Tomás trouxe duas cartas de amigas. Ele chama seus cadernos de alma. “Alma do ano passado”, “alma desse ano...” Trouxe duas fotos: da mãe e da Virgínia Woolf. O livro “Cem anos de solidão” e outro da Virgínia. Encartes de Cd, todos que estavam aqui no Rio. Adassa está interpretando. No primeiro momento. Agenda, compromissos e contas. Foto da família na formatura, filipeta da peça que representa. Lenço do avó que virou dela e a faz lembrar da avó. Incensos da Índia. Acende pra ficar bem. Toda mística. Tranqüilidade, dado por um amigo. “Pintar é coisa que gosto” trouxe pincel e tinta. Florais que ela se sente bem. Chave. “Casa é um canto seguro.” Cordão pessoal. Mãe que deu o cordão. Tem um mantra gravado. E uma pedra nova, se sente pelada sem ele. 14:58 – carta de despedida. 15:05 – fim da carta. Júlio pede pra caminhar no espaço. Coloco a música. Começam a andar. Correr/Parar/Correr. Comecem a pensar de tudo que querem se livrar. Tudo que tem ódio. Adassa termina antes de Tomás. Ou não termina, só larga a caneta antes, eu pensei que tivesse terminado. Se observam, Júlio é contraditório. Falar isso com ele. Manda perceber o corpo que mudou. O olhar, a postura. Palavras: Adassa- Água. Tomás- Copo. Adassa- Geladeira. Tomás- Som. Manda abrir o território de novo. Convidar com o olhar o outro a entrar no território. Trocar o território simultaneamente. Conferir o novo território. Confiar no outro as suas coisas. Júlio permite que eles façam o que quiserem, mas eles não tocam em nada. Manda ler a carta. Adassa:"As duas?" Júlio: "As duas." Observar os objetos, lembrar do que foi visto. Lido. Perceber o que trás. Adassa se abstém de ler as almas. O mesmo, mas menos, para as cartas das amigas. 15:38: "Agora guardem." Peço novas palavras intercaladas: Tomás - cadeado. Adassa - Confiança. Tomás - coração. Adassa - Paisagem. Considerações. Tomás. Sensações. História materializada. Eles escrevem coisas semelhantes. Adassa. Por mais permissões ela não se sentiu à vontade de ler a alma. Mas ela sabia que aquilo bastava. Critério de escolha dos objetos. Tomás: CD, música. Cartas que não chegaram antes e chegaram juntas agora. A falta mesmo dos objetos, ele se mudou agora. Pegou o essencial de transformação. Adassa. Se mudou há pouco tempo também. Tem poucas coisas. Pegou o essencial. Achou ótimo escrever carta. Tinha certeza que as coisas não iam sair da vida, porque tinham importância dentro, já tá tudo dentro. E Tomás também. Adassa. Entrar no território foi meio como invadir, mas depois isso passa. Porque o outro também está no seu. Adassa. A corrida ajudou muito na carta de ódio. Tomás concorda. Tomás. Impulsivo, mas ela também estava total. Boa surpresa.

Estrutura do ensaio de dia 11/06/2008

Somente Adassa
Alongamento do Júlio
Andada no espaço
Preocupações: Corpo atento, bacia-eixo, foco, ombro relaxado, queixo, olhar-eixo e aberto.
Paradas na palma. Novo foco ao sair.
Com música:
-Corrida
-Círculo - sentir os braços (2 ou 3 vezes)
-Círculo - falar (2 ou 3 vezes)
-Falar parado (2 ou 3 vezes)
-Escrever (2 ou 3 vezes)
Sem música:
-Diminuir o ritmo
-Fechar o olho
-Andar, parar, andar
-10 minutos, aproximadamente, parada
Comandos inseridos na corrida: "Você está à espera de algo que você sabe que vai acontecer, mas você não sabe o que é."
Músicas escolhidas:
Mescla de algumas faixas do Danç-eh-sa do Tom Zé e O Seguinte é Esse dos Barbatuques.
Foram usadas mais ou menos faixas.

Rio, 11/06/2008 - Início às 14:25 (atraso)!

Encontro nos moldes do encontro de (colocar a data)
Nossos ensaios são sempre com a luz apagada. Estou sentada. Essa posição pode ser hierárquica demais. Hoje é só Adassa.Tenho que começar a pensar no meu próprio alongamento. Júlio dá o alongamento. 14:30 - começou a andar. 14:39 - Coloquei a música. 14:45 - Virou minha macaquinha. O braço direito dela está tenso demais. 14:45 - Começou a falar. 14:02 - Falar e rir. Mandei um comando e ela não ouviu, ou não entendeu, ou não cumpriu. 15:05 - papel. 15:15 - Saiu do papel. 15:19 - diminuí o ritmo. Tão difícil diminuir quanto aumentar. 15:24 - PORRADA TOTAL. As mãos estão muito tensas. Abriu o olho. Agora vai ficar parada pra sempre. 15:27 - Começou a evidenciar a respiração. Tosse. 15:28 - pode deitar. Júlio comanda o relaxamento. (Nenhuma revelação genial). Palavras usadas: Desconforto, desconfiança, medo, angústia, preocupação. Quando os paro sem comando tenho medo de deixar mais tempo, tenho medo da queda. 15:36 - Fim do relaxamento. Considerações. Concentração para atender os comandos (único pensamento), paradas não serviram para descansar. Música ajudou. Falar é difícil, escrever é mais fácil (sinto o contrário com o Tomás). Ela mesma disse que se prendeu, mas é involuntário. Assim como não teve muitas coisas observadas no final. A avó está doente. Ela ficou pensando nisso e tentou esquecer, mas vinha sempre à tona. Acho que ela se reprime muito, não está entregue. Mas não quero largar por isso. Quero descobrir como captar. Acho que a descoberta vai ser mais difícil que as descobertas com o Tomás. Ela viajou durante as paradas de olhos fechados. Quase abriu os olhos porque pensou, depois da viajem que poderia estar acontecendo alguma coisa demais. Contou um momento em que viajou em uma aula de canto...

Estrutura para o encontro de 18/08/2008

Cada um vai sentar no seu canto e relatar o seu dia em um papel.
Andar. Correr. Música. Movimentação das partes do corpo. Espécie de dança.
Coro. Movimento em conjuntos.
Água.
Falar sobre o dia que escreveu:
Palma - repete/ Palma - pára de repetir.
2 palmas - pausa/ 2 palmas - retorna.

Entregar hoje o caderno em que o Tomás vai escrever as impressões de experimentado.

(Coro, repetição, cansaço, expurgação)

Somente Tomás, Adassa pediu para não fazer. Júlio vai ser experimentado com ele.

Músicas pensadas:
1º Steve Reich - 4,5
2º Sonic Youth - 1,3,4,5
3º Barbatuques - 1,2,3,4,5,6,8,9,11,13,14
4º Jogos de Armar - 1,2,3,4,7,8,9,10,11,13,14

Rio, 18/06/2008

Seguindo a ordem das músicas pretendo observar até onde posso ir. Eles começaram a escrever. Estão nessa. Minha indicação foi de um dia importante, talvez devesse ter dito um dia curioso ou interessante. Não sei. Vermos com o resultado. Estão concentrados. O restritivo não é bem o tempo, disse para estruturarem bem. Eles têm um bom tempo. Além disso, eles devem lembrar dos mínimos detalhes. Talvez o encontro não aconteça. Não sei. Talvez seja mais um movimento em vão. Já são duas e trinta e um e não parece que qualquer um deles quer parar de escrever. Ninguém pensa em bater na porta pra avisar que vai entrar. Coloquei uma cadeira. O professor da salsa do lado me incomoda profundamente. Como comi umas coisas estranhas me sinto meio Alice. Impressões diferentes. 22 minutos. Talvez eu devesse tentar também. Esse é um dos exercícios que nunca testei em mim mesma.
Preocupações. Com quem vou trocar o dia de hoje se Júlio será também um experimentado? Será que eu vou filtrar o que dizer?
Tenho minhas hesitações. Como agora, 14:40, não sei se devo parar o não, apressá-los. Não sei. Entao deixo correr, contando com que eles se cansem, quase meia hora depois. Comprar uma fita crepe. Não vejo a hora de poder ensaiar em casa. Tenho vontade de me matar pra provar coisas pro mundo. Tomás acabou: 14:43. Júlio continua. Devo dar o tempo dele. Como ele viu o Tomás acabar é provável que se apresse. De repente eu só quero me matar pra fugir das responsabilidades. Insuportável ficar pensando, que ela permaneça dormindo por muito tempo, até dia 3. Não sei. tenho medo de rir na cara dela. De provocar mais ódio. Mais conflito. Queria que o outro sumisse. E metade por ele

14:46 - Terminaram de escrever. Começam a caminhar. Já vejo o meu coro surgir! 15:00 - música. Saída junta. Tomás ansioso. Ainda tá difícil. Vou fazer esse exercício de novo depois do próximo. Paro a música - Eles tentam me evidenciar uma parte do corpo. 15:26 - Coro e corifeu - Sonic 2, inclui a 2. Tem momentos de encontro sim. 15:41 - Barbatuques. 15:51 - continua. Tomás ainda estava meio surdo. O dois têm problemas, têm que se ouvir mais. Enxergam as indicações intuitivas no outro, mas acabam perdendo-se em si mesmos. Tomás já se demonstrou ansioso no seu andar junto. O ritmo é difícil de seguir. Nem sempre eles encontram ou eles o dominam. Até a troca visual tem dificuldades. Estão exaustos. Ótimo.
Comentários. Júlio não conseguiu se concentrar. Odeia fazer coro e corifeu. Tomás achou muito difícil. Gostou. Está refletindo sobre.





























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2 Comentários:

  • divinos maravilhosos

    Às 12:11 AM  

  • Você pega o trem azul
    O sol na cebeça
    O sol pega o trem azul
    Você na cabeça
    O sool na cabeeçaaa

    Às 12:21 AM  

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