O melhor café você conhece pelo cheiro

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Mas não aconteceu nada com o amor.

Em tom confessional.


Ele – Eu sei que ela era a coisa mais linda.

Ela – Tipo como?

Ele – Não era linda na definição da palavra. Mas era linda. Aos meus olhos interessava.

Ela – E o que mais?

Ele – Você também pode ir falando.

Ela – Tá. Comigo foi tudo muito inesperado. Eu tinha acabado de deitar na minha cama. A porta do quarto tava aberta. Sabe aquele silêncio que dá depois de tanto barulho procurando uma posição pra dormir?

Ele – Você sabe que eu sei.

Ela – Então, ele durou uma eternidade. Porque não era bem silêncio, era espera.

Ele – Eu também esperei muito. Mas eu sou daqueles que espera sentado, sem nem mexer direito, no máximo olhando e desolhando, voltando a assumir uma cara de assustado.

Ela – E depois?

Ele – Depois já era tarde. Eu tinha olhado de um jeito que entregou tudo. Porque ela entendeu só no olhar. Indo e voltando. Andando na minha frente. Naquela hora eu soube que eu não teria como escapar.

Ela – Você não queria escapar.

Ele – Eu queria espiar. Ficar olhando apenas. Sonhando.

Ela – Não dá pra sonhar de olhos abertos, ainda mais se o seu sonho tiver corpo e vida própria.

Ele – Eu sei. Mas talvez por medo, por não saber o que fazer, eu achei que eu pudesse escapar daquela festa, só, com meus desejos.

Ela – Eu não tinha como escapar. A porta do quarto arreganhada. Achei que ainda não era o momento certo de me jogar pela janela.

Ele – Conseguia respirar?

Ela – Só pra mim. Como se não quisesse mover o ar do quarto. Porque quanto mais eu respirava, mais rápido ele ia entrando, assumindo o espaço vago.

Ele – Isso é nervoso, não respiração. Nervosismo vai puxando o ar e faz tudo em volta se aproximar. As pessoas começaram a perceber que eu tava diferente.

Ela – E o silêncio que eu tinha te falado começou a virar ruído. Deitada na cama, sem ar, eu fui ouvindo os pés dele tentando não tocar o chão do meu quarto. Que eu sei muito bem como reage aos desejos mais intensos. No primeiro ruído eu soube que viria um segundo e outro mais, até o momento em que eu teria que acordar, como se tivesse sido tirada de um sono incrível e profundo.

Ele – É, não tinha mesmo como você fugir. Mas eu fugi. Eu caí na idiotice de ir ao banheiro. Como se lá eu pudesse me esconder. Eu sou tão idiota!

Ela – Não é!

Ele – Eu sei que não. Eu quero dizer, eu fui para um lugar reservado. Molhei um pouco o rosto. E quando saí, ela estava ali fora, parada, me olhando.

Ela – Te esperando.

Ele – Eu sei.E não tinha mais ninguém por perto.

Ela – E o que você disse?

Ele – Calma. Eu vou te contar tudo. Como se fosse a primeira vez.

Ela – Ela pegou na sua mão?

Ele – Não me lembro.

Ela – Como não lembra?

Ele – Não importa. Não deu tempo. O que mais me tocou, foi que ela disse algo como vamos ali em cima que eu vou te mostrar uma coisa.

Ela – Ah, e você caiu nesse papo?

Ele – Não era para cair?!

Ela – Era o que você queria?

Ele – Você sabe que sim. Depois nós subimos até o terraço e ela me mostrou a lua. Depois virou de frente pra mim, soltou minha mão...

Ela – Então ela te deu as mãos?

Ele – Deu. Pronto.

Ela – Você não pode esquecer dos detalhes. São eles que dão a verdade da coisa, que dão a intensidade disso tudo que a gente tava sentindo.

Ele – Os detalhes. Ela virou, soltou a minha mão, e o silêncio que você sentiu deitada no seu colchão, pois então, eu senti nesse momento. O silêncio era toda a curta distância que separava a gente do nosso primeiro beijo.

Ela – E beijou?

Ele – Agora conta você.

Ela – A minha ou a sua história?

Ele – A sua, é claro.

Ela – Beijei.

Ele – Não! A minha!

Ela – Ah, você falou a minha.

Ele – Agora você entendeu. Continua.

Ela – Onde eu parei?

Ele – Na parte que ele entrava no meu quarto...

Ela – Isso. Ele entrava no meu quarto. E eu deitada, fingindo de morta. Ele veio vindo e eu na minha cabeça pensando, gente, a gente vai transar.

Ele – Nossa, com você é tudo assim tão inevitável?

Ela – Eu não sei se eu queria evitar. Eu tava perto demais. Já sem ar. Não sei se eu tive tempo de administrar tudo o que eu tava sentindo, ainda mais fingindo a morta.

Ele – Você é uma piranha!

Ela – Sou mesmo!

Ele – Também não exagera!

Ela – Chega, vamos voltar aos detalhes.

Ele – Espera, conta só o finalzinho.

Ela – A gente transou.

Ele – Sem graça.

Ela – Que nada, foi ótimo.

Ele – Odeio quando você faz isso.

Ela – Tá bom. Eu me levantei de repente, sentei na cama, ele levou um susto e recuou um pouco. A gente se olhou por um segundo, tava escuro, e eu ouvi ele balbuciar um pedido de desculpas...

Ele – Que fofo!

Ela – Aí eu estiquei as mãos para ele...

Ele – As duas?

Ela – Sei lá.

Ele – Ué, tem que saber! Foi a mão direita ou a esquerda?

Ela – Foi uma mão só que eu sei. Aí ele também me esticou uma mão, sentou do meu lado na cama, e foi aí que...

Ele – A gente começou a se beijar.

Ela – Você nunca me deixa falar o final!

Ele – É a parte que eu mais gosto.

Ela – Como eu vou ser sincera? Eu tenho que transbordar toda essa verdade!

Ele – Então fale de mim como se fosse você.

Ela – É isso que estamos fazendo.

Ele – Não, eu quis dizer, fala do meu beijo lembrando de como foi o seu.

Ela – Funciona?

Ele – Beijo é beijo.


Silêncio. Olham-se profundamente e dão-se as mãos.


Ela – Você me sabe por inteiro. E eu sei você todinho.

Ele – Perigo vai ser no dia que a gente se perder. Vão ser quatro perdidos pelo mundo.

Ela – Eu e você em mim.

Ele – E eu e você, também aqui.

Ela – Eu te amo, amigo.

Ele – Eu não vou dizer o mesmo. Estamos buscando a palavra nova, não estamos?

Ela – É muito difícil encontrar. Mas como você insiste, a gente segue procurando.

Ele – E enquanto ela não existir, deixa assim como está. A gente não tem que dar nome a tudo. É muita coisa e ainda mudaram as normas ortográficas, você viu?

Ela – Vi. Mas não aconteceu nada com o amor.

Ele – Esse aí já tá na Academia. É mais sagrado que amém, mais falado que Jesus, mais culpado do que Satanás e mais vendido do que Harry Potter.

Ela – Parece mesmo bruxaria.


Soltam as mãos. Olham-se preocupados.


Ele – O que a gente vai fazer?

Ela – Quando a sua mãe e o seu pai vierem buscar a gente, eu começo a contar a sua história, exatamente como a gente ensaiou.

Ele – Espero que meu pai não bata de carro.

Ela – Não. Ele vai achar tudo tão lindo e sincero, que depois não vai ter como não te respeitar.

Ele – Eu não sei não...

Ela – Você não vai fazer nada. Só me pergunte coisas que me façam responder algo importante que eu esteja esquecendo.

Ele – Do tipo?...

Ela – Ele tinha o pinto grande?... Sacanagem!

Ele – E o pior que tinha, tá?

Ela – Eu sei, eu sei. E depois você vai dizer com invejável articulação e boa pronúncia...

Ele – Você sabe tudo da minha vida, amiga. Não esqueceu nenhum dos detalhes do que aconteceu comigo. Eu vou te contar sempre as coisas da minha vida pra que um dia você escreva um livro.

Ela – Tem que ser mais descontraído, senão parece que é decorado.

Ele – Mas é decorado!

Ela – Eu sei que é, mas você tem que dizer como se não fosse nada demais. Tem que jogar fora. Como se você tivesse me perguntando se eu tenho bala ou doce. Entendeu?

Ele – Ah, ótima idéia. Não pode ser amendoim?

Ela – Se quiser entrar e pegar a arma do meu pai, eu sei onde tá escondida, vai querer?

Ele – Não, tudo bem. É que eu já vou tá nervoso e ainda vou ter que ser bom ator!

Ela – É verdade. E é melhor você falar isso quando estivermos em baixa velocidade.

Ele – Acha que eles vão entender?

Ela – Não sei, são seus pais, você que tem que saber.

Ele – Do jeito que eles são, meu pai vai parar na farmácia e comprar um remédio pra febre. E enquanto ele estiver pagando, minha mãe vai virar lentamente pra trás e falar algo do tipo, como vocês jovens são criativos, porque não escrevem um livro?

Ela – Já sei então!

Ele – Agora a coisa tem que piorar, você não acha? Pra eles verem que não tem volta.

Ela – Exato. Que não é doença. Eu acho que eu podia te perguntar qual é o nome dele.

Ele – Eu vou dizer...

Ela – Não, você me devolve outra pergunta do tipo, ele quem.

Ele – Muito armado!

Ela – Não é. Você pergunta ele quem e eu digo, do menino que você ficou!

Ele – Mas eu não fiquei com ele, eu transei. Eu tô perdido!

Ela – Ótimo. Qual é o nome do menino que você transou?

Ele – Eu falo?

Ela – Óbvio. Só não fala o sobrenome porque seu pai vai querer procurar no Orkut.

Ele – Meu pai não tem Orkut.

Ela – O meu tem. Perfil falso ainda. gostodeninfetas@hotmail.com.

Ele – Gente, eles são piores do que a gente!

Ela – Você não faz idéia! O nome dele nesse perfil é Sexy... Genário.

Ele – Como você sabe disso?

Ela – Ele cantou a Bia pela Orkut. Daí ela me passou o e-mail. E, por coincidência, ele estava gravado no meu computador. Espertinho, não?

Ele – Medo!

Ela – E qual é o nome do menino que você transou, amigo?

Ele – Eu... Não sei.

Ela – Como não?! Você me disse que era...

Ele – Era mentira! Era um amigo do meu irmão que eu nunca tinha visto, ele dormiu na sala enquanto meu irmão tava no quarto dele se divertindo!

Ela – Então você é uma piranha autêntica!

Ele – Pára com isso! Eu invento um nome.

Ela – Não precisa! Chega de inventar coisas.


Silêncio constrangedor. Toca o celular do rapaz. Olham-se apreensivos.


Ele – Oi, pai? Estamos te esperando. Como quem?! Eu e a Carla, eu disse que ela ia dormir aí em casa! Ah, não, então qual é o problema? Meus primos?! Pai, eles nem conversam comigo. Tá, não precisa correr, eu tô terminando de juntar minhas coisas...

Ela – Fudeu.

Ele – Você não faz idéia! O carro tá cheio, você não vai poder ir. O que eu vou fazer? Eu não agüento mais enrolar, eu quero viver a minha vida, não posso fingir eternamente que eu sou outra coisa e não isso que eu realmente sou!

Ela – Calma!

Ele – Calma?! Têm dois primos meus dentro do carro, do tipo de quem pega geral, a primeira coisa que eles vão falar quando me virem é fala leque, sabe de alguma balada que tá rolando hoje. Eu não vou conseguir sem você.

Ela – Me bate!

Ele – O quê?!

Ela – Anda, me aperta, me belisca, me faz chorar. O seu pai tá chegando ali, eu tive uma idéia, me espanca!


Atônito, ele abraça a amiga. No cruzar dos braços, porém, sucessivas e inúmeras vezes ele a belisca. As mãos nas costas dela puxam também seus cabelos. Som de carro estacionando ao lado. Ela se repele do abraço e chorando, começa a gritar muito alto,


Ela – Eu prefiro morrer a contar para meus pais! Eles vão querer me tirar de casa, vão me internar, vão perguntar o que fizeram de errado! Minha mãe vai gritar menina você é gay! Você é um monstro, merece morrer! Meu pai vai dizer, mulher, nossa filha tá doente! Você não devia ter a deixado ir ao show da Ana Carolina! Eles não vão compreender, eu sei que não, eu prefiro morrer...


Os pais do menino no carro. Os primos bombados. Som acidental de buzina no ar.


Ele – Oi pai, oi mãe, oi Fred, oi Júnior. Só um segundo.


Ele abraça a amiga e tenta a acalmar.


Ele – Carla, calma! Isso não era comum na época deles, mas hoje é. Todo mundo é gay, quer dizer, muita gente é. Não tem problema. Eu te amo mesmo assim. Quer dizer, eu gosto muito de você, amiga! Se quiser ir dormir lá em casa, tudo bem, eu fico aqui e a gente volta junto de ônibus.

Ela – Eles não vão me aceitar nunca mais, eu vou cortar meus pulsos!

Ele – Eles têm que te aceitar. Os pais são todos iguais. Tudo o que eles dizem e fazem é por preocupação. Eles acham que ser gay é o mesmo que ir pra guerra.

Ela – O quê?!

Ele – Carla, sossegue, o amor é isso que você está vivendo! É inútil você resistir ou mesmo suicidar-se. Se eu fosse gay com certeza meus pais iriam entender...


Som de pneus arranhando o asfalto. A família do rapaz saiu em disparada. Silêncio.


Ele – Pai? Mãe? Fred? Júnior?

Ela – Meu Deus!

Ele – Eu tô perdido!

Ela – Eu tô mais, porque o meu pai ouviu tudo, ele tá vindo aí!

Ele – Ai, meu Jesus amado!


Saem os dois correndo.


Fim.

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Depêndência Química

Desde os 6. 21 - 6 = 15. 15 anos completos, pelo menos. Dia e noite. 40 unidades dia. 20 unidades noite. 60 unidades ao todo. 60 * 365 = 21900 unidades por ano. Em quinze, foram apenas 328500 unidades de insulina. Fora as seringas, pelo menos 720 laranjinhas, uma para cada semana, porque eu costumo reutilizar. Dinheiro: o preço da minha vida. Vale contar?

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Se vamos falar de números e vícios

27,1 km para ir. 27,1km pra voltar. 5 dias da semana. 20 dias por mês. 9 meses por ano. 2 anos. 97560 km pra ir e voltar da Praia Vermelha. Em 5400 horas. 324000 minutos. 19440000 segundos. 58320000 pensamentos, por baixo.

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O Vício.

Em 3,5 anos: 20.987,5 cigarros.1.049,38 cartelas.2.749,38 reais queimados. 43,72 dias fumando. Mais de mil horas. Beijoz.

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sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

A gente perde 21 gramas quando morre, isso não significa somente que a gente perca peso. Significa que a gente anda por aí 21 gramas mais pesado do que deveria. Feliz é quem morre na certeza de que já perdeu 21 gramas em vida. 21 deve ser o ar preso, as costas tensas que nem encostam no banco, gases, impactos, depressão, desejo, tudo isso.
Mas uma diz a gente aprende a ser mais vazio e feliz no vazio. Assim eu parava de inventar, você parava de obcecar, e todo mundo rodava da mão dada rindo rindo até... chorar.

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Extremo

Faz um tempo eu quis
Fazer uma canção
Pra você viver mais

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Declarações

  • Graças a Deus, eu não tenho memórias da minha infância, mas soube que ela foi triste e dolorosa.
  • Minha pré-adolescência só foi triste, eu lembro, mas não foi dolorosa.
  • No fim da minha adolescência, eu achei dois motivos e ela foi até agradável. O primeiro continua vivo e se chama Teatro. O segundo algum idiota me roubou. Não era um idiota. Eu me deixei roubar. Eu sou a idiota.
  • Hoje, eu queria poder voltar aos dezessete e deixar claro o que era importante na minha vida, permanecer com os dois motivos. Agora, eu só vejo um exemplo de coragem e eu me deixei levar por aparências, deixei ele passar. Como tudo, acho. Esse foi meu maior erro. Deixei de lado meus valores e me tornei a qualquer coisa que se apresenta. Eu queria voltar ao início. Mas, como não posso, queria reiniciar pra ver se as coisas ficam mais certas, mais justas e mais sinceras. Tem gente que morre por um ideal. Tem gente que vive por ele. Eu não sei mais o que eu estou fazendo aqui. Nada é sem volta. Mas está complicado agora.

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quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Sabe quando você ouve uma música e tem certeza que aquele compositor a fez especialmente pra você?

Eu tenho a mesma sensação da discografia inteira de Legião Urbana.

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Daniel na Cova dos Leões (Renato Russo)

Aquele gosto amargo do teu corpo
Ficou na minha boca por mais tempo
De amargo e então salgado ficou doce,
Assim que o teu cheiro forte e lento
Fez casa nos meus braços e ainda leve
E forte e cego e tenso fez saber
Que ainda era muito e muito pouco.

Faço nosso o meu segredo mais sincero
E desafio o instinto dissonante.
A insegurança não me ataca quando erro
E o teu momento passa a ser o meu instante.
E o teu medo de ter medo de ter medo
Não faz da minha força confusão
Teu corpo é meu espelho e em ti navego
E sei que tua correnteza não tem direção.

Mas, tão certo quanto o erro de ser barco
A motor e insistir em usar os remos,
É o mal que a água faz quando se afoga
E o salva-vidas não está lá porque nao vemos

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hum. (respiração funda) cansei. (pausa) é isso.

Reitero quase tudo

Policiais armados tomaram a Lapa.


É engraçado ver isso agora. Hoje é terça-feira, não é sexta, nem sábado, tudo bem que é antes do feriado, mas a Lapa está totalmente vazia. quase sinto o silêncio me tocar. Vejo tristemente a mesma viatura, com as luzes vermelhas piscantes se aproximarem da escadaria, garanto que se eu tivesse aqueles "cones" (que um dia eu já esbarrei e cai), certamente eles iam querer subir escadaria acima também. Um dos vermes passou do meu lado com uma arma grande na mão, olhou o que eu estava fazendo, mas eu ignorei. Sentei bem no começo da escadaria, de forma a não levantar "suspeitas", só tô pensando na vida e espero que isso esteja bem claro. Agora chegaram mais duas viaturas, nem sei se o nome disso é viatura, deve ser camburão porque é grande e assustador. Não entendo muito bem o que eles esperam, afinal é terça e nem dez horas da noite. mas duas meninas se aproximaram, sentam perto de mim, devem tentar passar a mesma impressão. Só vejo mulheres, engraçado. Tem umas turistas lá na frente e uma guia chata que vive sorrindo. A outra viatura foi embora, agora só tem camburão. Talvez se a maconha ou o pó estivesse na minha vida estaria ainda mais incomodada com isso.
Quero ter filhos, um deles vai ser uma menina, vou deixar ela fazer o cabelo dela como quiser e incentivar e ainda vou dar uma roupa amarela pra ela.
Não quero mais ouvir falar em THE. Não suporto a idéia de não passar, assim como não suporto a idéia de passar. Seria terrível. Queria mesmo dormir, aproveitar o feriado. vou dormir até quinta de noite, quando tiver que ir para o teatro.
Faz um tempão que eu não falo de verdade com a Bianca e faz mais tempo ainda que ela não tá tão perto de mim quanto antes. Tenho amigos para cada área específica da minha vida. Tem o Rubens que serve pra muita coisa mesmo. Tenho a Helaine e a Nara, sem elas tenho certeza que não seria completa. A Bianca é diferente, posso passar anos sem ver ela, mas sei que vai ser como sempre quando a vir. Criei um carinho tão grande por ela que sinto medo quando as pessoas não sentem a mesma coisa, sei que ela precisa muito de mim. Faz muito tempo que descobri isso, não sei se é a inteira verdade (da parte dela) mas é o que sinto. DEVO ESTAR DO LADO DA BIANCA. Mas os papéis se invertem, quero muito agora chorar no colo dela. Talvez porque eu saiba a reação dela e como isso vai ser confortante. Quando choro, ontem, hoje, sei que preciso dela. Queria poder chorar um pouquinho no seu colo.
Ao mesmo tempo que sou muito intensa, e sinto raiva com grande explosão também sou muito flexível.
Tô com medo que minha vida esteja relacionado com comodidade. Não quero me apoiar em símbolos porque me acostumei com eles. Não gosto de ser tratada como lixo. Não sou, sei que não sou. Mas não é muito saudável essa relação. Ela é muito de ceder da minha parte e pouco de receber. Quero receber coisas bem sutis mas não recebo. Quero ser útil. Lembro que sentada nesse mesmo lugar eu ouvi o Bruno dizer como foi que ele começou a amar. Quero ir no show do Lulu Santos. Quero voltar a a fazer minha vida sozinha. Como era antes. Vou lançar um manifesto da castidade, do celibato, da solidão: Como ser feliz sem precisar de ninguém. Como ser feliz sem esperar por ninguém. Como alcançar a plenitude no vazio. Gostaria de ser vazia. De poder parar, olhar para o nada e ver o nada. Pensar dói, principalmente quando se pensa em coisas absurdas sem nexo ou com nexo demais. A lógica tá doendo um pouco.
Quando disse ha algum tempo atrás acho que foi segunda passada, que alguma coisa que acontecer depois de um sonho que me deixou angustiada acho que estava com a razão. As coisas estão acontecendo. E a angústia veio em maior proporção.
Quero resolver meu caminho agora. Tô calma, muito calma aparentemente. Mas muito angustiada por dentro. Quero paz e só consigo isso quando durmo.


Escadaria do Selarón. Lapa, 11 de outubro de 2005 22:15



Domingo, 25 de Março de 2007

A morte do Homem e blabla, a poética e blabla, a variação e blabla, o PDCA e blabla..

Falo alto. Pra me ouvirem mesmo. Quero que todos se compadeçam de meus problemas, quero que todos se alegrem com minhas vitórias. E antes de querer que eles sintam, quero ver o que eles sentem. Sou realmente muito egocêntrica.É claro que seria mais se quisesse isso o tempo todo. Não quero. Talvez na maior parte do tempo eu me preocupe com o inverso. Sinto tanta felicidade na escolha, na decisão da solidão. Os dois estágios das relações: são duas caixas, uma ao lado da outra e eu passo de uma pra outra em saltos. Uma está cheia e a outra está vazia. A vazia nem sempre é a que está vazia agora, e vice-e-versa. A brincadeira das caixas é tão boa. Quando é voluntária. Parece as vezes que cada caixa quer me engolir mais quando eu salto pra ela. E eu queria não estar em nenhuma no fim. Ou ficar em uma e simular a outra. Quando estou só, ligo a TV, o rádio, o computador pra fingir que não. Quando estou com gente me grudo na parede mais escura da caixa cheia. E calo. Acho que fico até bem no vazio da caixa cheia, mas nem respiro pro vazio não se tornar cheio.


Tem gente que nem sei se mais gente é que habita comigo no vazio da caixa cheia. É quase um cheio de não gentes. A tranqüilidade é tão cheirosa. Alivia o tumulto do cheio da caixa vazia, o aperto de lá, o cheiro de fumaça. Essas pessoas são tão próximas de mim que fico assustada em saber que o mundo todo não é igual.





Amandinha @ 2007-03-19 23:54 disse :

Ninguém mais ta aqui. Só tenho o vazio. Não sinto o momento da partida porque não teve momento da partida. Foi um adeus cansado. Agora eu triste fico. Ou entristefico tudo que vem. É o espaço desocupado, um quadro tirado da parede, a a marca na parede.."O que tinha aí mesmo?" Queria sair correndo pra frente e pra trás ao mesmo tempo. Pra pegar o que ainda não peguei e não soltar o que já tive nas mãos. Te amo.

Terça-feira, 20 de Março de 2007

Relaxa


"(...) Medo de morrer por outra pessoa. Medo de nunca ter vitória. Medo de sofrer demais. Medo de ficar só. Medo de ter ouvido menos, agido menos. Medo da culpa. Meda da responsabilidade. Medo de sofrer mais. Medo de que sofram mais. Medo da chuva, do vento, da rua, do telefone. Medo da ausência. Medo da grande ausência. Medo de não ter porquê. Medo de sentir medo. Medo."

Sábado, 17 de Março de 2007

Cuspe de fogo

"Tenho tantas maiores preocupações e tenho que ficar aqui escrevendo por metáfora. poderia muito bem falar o que quero. Mas seria no mínimo insosso. Pão, pão. Mortadela, mortadela. Merda, merda. Foda, foda. Não preciso medir minhas palavras, exceto em algumas áreas, com algumas pessoas. Mas talvez a frase seria melhor construída assim:Tenho que medir minhas palavras, exceto em algumas áreas, com algumas pessoas.
É sempre a espectativa da decepção que me acompanha. Mas pretendo, se conseguir, colocar as asas de volta pra dentro.
É bobo dizer, mas não quero causar má impressão."


Sexta-feira, 9 de Março de 2007

Queria que a vida fosse mais leve


"(...)É tão bonito ver a interação de coisas tão lindas. E posso dissertar sobre várias coisas, e meu vocabulário se estenderia, porque não consigo mais discernir o que é vulgar e o que jargão científico. É tudo tão interligado afinal.
Ainda não confio em ninguém. (...)"

Domingo, 4 de Março de 2007

Quanto?







Quantas vidas vivemos? Quantas vezes morremos? Dizem que todos nós perdemos 21 gramas no momento exato de nossa morte. Todos. Quanto cabe em 21 gramas? Quanto é perdido?Quando perdemos 21 gramas? Quanto se vai com eles? Quanto é ganho? Quanto é ganho? 21 gramas. O peso de cinco moedas de cinco centavos, o peso de um beija-flor. Uma barra de chocolate. Quanto pesam 21 gramas?


"A brincadeira dos prefixos

O teolibertário e a pseudo-libertária.
Antes eu tinha o anel da Teo nº 1 eu lembrando Rubens de quando ele tacou-o no chão de um corredor bem azul. E eu o apanhei.
Agora olhando pro novo anel da Teo eu nego o bom dia que tive hoje e mais duas pessoas, quem sabe três. Na minha mão, comigo. Fora o ensaio o que eu lembro, as coisas rodando e o anel da Teo partido em dois.
O anel dói mas é a dor da existência por enquanto."

Quinta-feira, 31 de Janeiro de 2008

Não falei nada sobre o 1000.. Falo do 1100....


Saí da quarentena pra me lembrar porque estou na quarentena.
Não posso compor nada porque nada é fluente agora.
Tenho imagens:
Teto preto
Língua do p
Milagres
Benicio e Depp
Celular no cinema
Escrito e Dirigido por
Jaqueta jeans
Cemitério de piscinas
Blablabla

Quinta-feira, 24 de Janeiro de 2008

Orgulho nem sempre é palavra do mal
Essa postagem não tem título porque daria importância a determinada coisa em particular e não é o caso agora.

Escrito e dirigido por Jim Jarmusch
Somos incompletos e impossíveis.

Pararam de fabricar a caneta que fabricava o caderno da Eva

A Lunica comeu a última, desleixo meu, agora eu tenho um estojo. Mas não pode acontecer nada pior que perder uma coisa que se quer tanto e se produz tanto e se ama tanto.

Q-U-A-R-E-N-T-E-NA
Me livrar das pessoas.

No hay banda, no hay orquestra
Tenho tido sonhos horríveis.

Se eu não estivesse sorrindo quando digo isso você não me chamaria de exagerada
Mas não há outra forma que conheço para dizer o que estou sentindo, mesmo que isso pareça exagerado, insano. É melhor que fazer você ter pena de mim.

Não se preocupe, vou ficar bem
Da próxima vez que a gente se ver você nem vai lembrar que um dia achou que eu estivesse triste. Porque eu vou fazer piadas bobas e fazer você rir como sempre fiz. E você vai continuar a sua vida. E eu. É..

Too busy to folk
Como vi que estava parada há décadas resolvi parar de verdade. Ver quanto tempo eu vou agüentar, ver no que isso vai dar. Não posso continuar a viver assim. Mas eu sei que no fim nada vai ter mudado. Estou tão feliz em casa, você não tem idéia. De sair cantando e sorrindo. Tenho sentido dor nas costas e nos dentes. Vi mais filmes nesses quatro dias que minha irmã no ano passado. Revi alguns também. "Inferno? Inferno é aqui."Isso nunca vai sair da minha cabeça. Sou mais um personagem estrangeiro de Iñárritu, ou estranho de Jarmusch. Eles tem isso em comum, a babel.

Como é que você quer viver
No dia primeiro do ano eu vi um belo jeito de se viver. Mas que ótimo jeito de se omitir.




Domingo, 6 de Janeiro de 2008

Meu erro

Meu erro é achar que posso continuar do seu lado. Depois de tudo que eu não estou vendo, mas lendo, que está acontecendo com você, vejo que me tornei uma péssima companhia.
Juro, eu sou uma péssima companhia pra mim mesma também.

Terça-feira, 1 de Janeiro de 2008

Amanda Doria Hope




Impressionante como não podemos ser sinceros no lugar que sempre achamos que era destinado a sinceridade. Talvez isso possa ser atribuído a dignidade artística. Mas a melhor explicação é que a sinceridade é impossível. Nesse belo lugar que cultivo a um par de anos posso falar de mutas coisas, mas não posso falar com todas as letras o que realmente sinto, pois não posso falar isso nem em meus doces pensamentos. Porque tenho medo. Eu tenho medo dizer muitas coisas. E vou continuar com esse medo porque não vai ser hoje, por uma simples virada de ano que vou me libertar deles. Daí vêm as várias tentativas. Eu uma parede, muito bem pintada. Uma cartolina em branco que dia a dia vem sendo preenchida com a letra mais ilegível possível. Tenho o Caderno de Eva. Tenho, talvez antes de tudo meus sonhos. Por isso, e por outro doe motivo que não quero dizer, eu amo David Lynch. Falar da minha mente, como ele se atreve? Enquanto isso as postagens são metafóricas e quase vazias. Meu alter ego está aí pra dizer a verdade. E o que é mais importante agora do que dizer que algo muito sério está acontecendo comigo e ninguém pode me ajudar? Desculpa a todos por ser injusta ao ponto de achar que todos estão errados menos eu, mas eu me sinto muito só e acho que ninguém além de mim mesma percebe isso. Estou triste. Porque ninguém percebe esse meu silêncio. Nada está bem e eu só quero uma casa pra viver. Talvez mais. Alguém que me ame e que eu possa amar. Terrivelmente. Eu paz. Mas só consigo pensar em destruição. De mim mesma. Não sei o que realmente queria, acho que sempre estrago tudo. Mas tranqüilidade seria uma boa pedida. E esperança. Sem esperança deixarei minha mãe tão triste. O resto eu nem preciso pensar. Só ela importa agora.

Segunda-feira, 31 de Março de 2008

O amor na prática é sempre ao contrário

Quero a maior festa do mundo, com luz negra, go go boys e pastinhas. Com a presença de todos os meus núcleos e a integridade da felicidade instantânea. Quero barraquinhas de algodão doce e open bar sem sofreguidão. Quero mágico com cartola e música da Xuxa, muito salgadinho e brigadeiro. Quero um churrascão com carne, lingüiça e coração. Quero o melhor do mundo pra mim. Quero os meus amigos de todos os tempos. Quero um vento calmo. Nenhum imprevisto. É Sol de manhã, com o mar mais azul. Quero a continuação. A libertação. Quero paz. Quero multidão. Quero amor e quero solidão. Sem censura, sem vergonha e sem culpa, na paz.
As pessoas estariam sorrindo e eu seria um centro de festa esperado. Os garçons seriam simpáticos e galantes. Os copos seriam de vidro meio lilás. As roupas não manchariam. Estariam todos de branco. Com a pele mais macia possível. O amor seria latente. Todos se certificando da felicidade alheia. Seria um réveillon por mim. Mas com a felicidade instantânea mais calma e levemente mais duradoura. A cada parto. O dia seria o mais lindo de todos e demoraria uns três, quatro dias pra terminar. Quero viver ele inteiro. Completamente. Morrendo no fim. Todos morreremos no fim, com a areia de filme. Areia cristalina, céu azul, nuvens demais. Afago de brisa. E o Sol mais feliz do mundo. O Sol nos daria vontade de chorar. O fim traria mais paz. Momentos em silêncio. Carinhos gratuitos e sinceros. Sorrisos massagem. No último sinal, antes de começar, terminaríamos, com o olho fechando sem querer, ainda em esforço pra ver o último raio cortar o céu. O olho fechando, sono de uma posição só, a noite inteira. Sonho de felicidade pueril, verdade feliz.

Segunda-feira, 16 de Abril de 2007





Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2008

Pra não dizer que não falei da morte

Estava pensando em deixar por escrito uma lista de exigências para minha pós morte. Queria um velório sem referências religiosas, uma cremação, algo como a pedra do Leme depois. Daí pensei, pensei, pensei... Não importa. O enterro não vai ser pra mim mesmo. Vai ser pra quem ficou. E quem ficou que deve pensar o que é mais confortante. Se o ideal para o conforto da assistência é ter padre, pai nosso e segura na mão de deus e vai eu não me importo agora, até porque não terei que me importar depois. E como já fiz três sacramentos na Igreja Católica e me farão um quarto (se morrer depois de doença), não vejo mal em um enterro de católico. Não tô aqui pregando política. O que realmente queria era virar pó depois, o quanto antes, por assim dizer. Mas daí podemos chamar até de capricho. Não quero ninguém na minha tumba de joelhos, só. Porque não vai ser minha. Não vou mais ser eu.
E quem disse que não tinha medo da morte só tinha medo de deixar de existir? Não importa. Eu quero uma vida viva. Não uma morte viva.
Esse pode ser uma postagem ingênua. Mas é bom deixar as coisas claras, antes que seja tarde demais.

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terça-feira, 20 de janeiro de 2009

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Dezessete

A certeza mais clara nessa viagem é a minha falta de coragem. Atitudes baseadas no meu meio. Quanto mais próxima de A, mas sou A. Mas isso não significa que me sinta A. Muito pelo contrário. Me sinto cada vez mais uma mentira. Um produto mal acabado de mim mesma. Ou do que eu poderia ter sido. Talvez o menor problema seja chegar no ponto que me sinto totalmente sincera. Pensando de um modo geral eu me realizo ao fazer as pessoas rirem. Isso é bem triste. Mas é a verdade de agora. Ou de antes. Ou de sempre. Desde o início, acho, esse foi meu meio de aproximação. Realmente me sinto próxima. Talvez, além de próxima, eu me sinta dona. Mas não é só isso. Me sinto bem quando estou só. Estar só é momento de ansiedade, talvez. Por isso essa espera pela madrugada, os banhos demorados, os momento de escrever, de ler, de observar o céu, o mar. De lembrar. Quando estou só, nada é mais completo. Nada pode interferir em mim de maneira a me angustiar. Me tornar menos dona. Ter controle é, realmente, muito importante, mas esquecer que se precisa ter controle me tranquiliza. E são só pequenos momentos do dias, que vêm como imagens congeladas na memória. Imagens claras, sorridentes. É raro, mas é extremamente precioso. E eu quero mais. Por isso questiono a minha falta de coragem de ser, o meu estado de vigilância eterna, o meu medo de não ser amada caso coisas venham à tona. A minha necessidade de sumir assim que possível pra onde ninguém me conheça. A minha necessidade de ficar e, no final das contas, ser sozinha. Só pra sempre.

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segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Epidemia

"Mas tudo isso são invenções a que recorro. (...) conservam-se na minha
memória certos conhecimentos abreviados. Mas deixe de ver seja
o que for: por mais que revolva o passado, só de lá extraio
restos de imagens, e não sei muito bem o que representam, nem
se são lembranças ou ficções." p. 57

"Nunca tive tão nitidamente como hoje o sentimento de ser o meu
corpo, sem dimensões secretas, de me reduzir aos pensamentos
leves que sobem dele como bolhas. Construo as minhas
recordações com o meu presente. Sou repelido para o presente,
abandonado lá. Tento em vão ir ter com o passado: não posso
fugir da minha prisão (mim mesmo)." p. 58

"Sinto-me ligado a cada um, do fundo do coração: sei que ele é único, insubstituível - e não faria, porém, um gesto para o impedir de voltar ao nada." p. 58

"Eis o que pensei: para o acontecimento mais banal se tornar uma aventura, é preciso, e é bastante, que nos punhamos a contá-lo. É o que engana as pessoas: um homem é sempre um narrador de histórias: vive cercado das suas histórias e das de outrem, vê tudo quanto lhe sucede através delas; e procura viver a sua vida como se estivesse a contá-la.
'Mas é preciso escolher: viver ou contar." p. 66

"Será possível pensar em alguém no passado? (...) Os sons, os odores, o matizes do dia, até os pensamentos que não nos tínhamos contado, tudo isso nos acompanhava e tudo permanecia vivo: não cessávamos de desfrutá-los ou de sofrer por eles no presente. Nenhuma lembrança: um amor implacável e tórrido, sem sombrar, sem recuo, sem refúgio. Três anos presentes ao mesmo tempo. (...) quando Anny me deixou, (...) os três anos, como um todo, desmoronaram no passado. Sequer sofri: me sentia vazio." p. 100

"Onde poderia eu conservar o meu (passado)? Não se pode colocar o passado no bolso; preciso ter uma casa, arrumá-lo nela. Só possuo um corpo; um homem internamente sozinho, só com seu corpo, não pode ter lembranças; elas passam através dele. Não devia me queixar: tudo o que quis foi ser livre." p. 102

Trechos de A Náusea de Jean-Paul Sartre.

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Desculpa

Quinta-feira, 15 de Fevereiro de 2007

Santa de Casa


Veja o filme.

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Desculpa

Quinta-feira, 15 de Junho de 2006

Fausto Wolff

Eu já pensei em ser muita coisa na vida, professora, psicóloga, jornalista..
Mas ia desistindo das coisas, uma a uma. Hoje minha turma se mostra satisfeita comigo, psicóloga acho que sou um pouco das minhas amigas, mas para o jornalismo ficou um bloqueio. Queria muito, mas fui vendo que eu não trabalharia decentemente em lugar algum. Fui me brutalizando para esse lado então. Eu não tenho muito dinheiro, desde quase o nº zero eu comprava o P21 só pra te ler. Ver o que eu poderia me tornar.. Sinto muito a sua falta. Você preenchia a minha semana, até com o Ziraldo eu me decepcionei, com você nunca. Me orgulho muito de estar em contato, mesmo que em pensamentos, com você. Espero que minha vida tome caminhos tão limpos quanto a sua.




Eu queria sair correndo por aí, quem nem o Forrest, mas não precisa nem ser correndo, podia ser andando como faço de vez em quando pelas minhas ruinhas dos Centro. O Centro é muito melhor amigo que quase qualquer praia, porque ele é meu!

nem sei se é essa sensação de posse que eu quero passar, na verdade queria falar de desesperança. Não sei o que fazer..

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Desculpa

  • 2008: Olympia [(Editora Leitura)]
  • 2007: Branca de neve e outras Histórias (Tradução, original dos Irmãos Grimm)
  • 2005: A Milésima Segunda Noite (Bertrand Brasil)
  • 2004: A Imprensa Livre de Fausto Wolff (L&PM)
  • 2003: Gaiteiro Velho (Bertrand Brasil)
  • 2002: O Ogre e o Passarinho (Atica)
  • 2002: Carta (com Pretensão de Contos) de um Escritor aos Estudantes
  • 2001: O Pacto de Wolffenbüttel e a Recriação do Homem (Bertrand Brasil)
  • 2000: O Lobo Atrás do Espelho: (o romance do século) (Bertrand Brasil)
  • 2000: Cem poemas de amor: e uma canção despreocupada (Bertrand Brasil)
  • 1998: O Nome de Deus: 10 Histórias (Bertrand Brasil)
  • 1997: O Homem e Seu Algoz: 15 histórias (Bertrand Brasil)
  • 1997: Detonando a Notícia: como a Mídia Corrói a Democracia Americana (Tradução, original de James Fallow)
  • 1996: À Mão Esquerda (Civilização Brasileira)
  • 1988: ABC do Fausto Wolff (L&PM)
  • 1982: Os Palestinos: Judeus da 3ª Guerra Mundial (Alfa-Omega)
  • 1982: O Dia em que Comeram o Ministro (Codecri)
  • 1979: Sandra na Terra do Antes (Codecri) (reeditado pela Civilização Brasileira, 1996)
  • 1978: Matem o cantor e chamem o garçom (Codecri)
  • ????: O Sorriso Distante (co-autor Anita Brookner) (Bertrand Brasil)
  • 1966: O Acrobata Pede Desculpas e Cai (José Alvaro Editores) (rreditado pela Codecri, 1980)

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domingo, 18 de janeiro de 2009

Levado por canções

Onde está o fluxo?

Um dia vou ser algo gigante, de modo que se justifiquem as atitudes mais relapsas, as muitas palavras, os muitos silêncios. Ainda não tenho as provas, os sinais do possível efeito, da recepção.Ontem fui para mim um adolescente acusador, que talvez busque o susto dos outros ou apenas a própria satisfação redimida. Provar e mostrar.

Agora meu corpo é um caminho longo e é difícil sair dele. Uma cidade inteira. Eu não sei, eu não sei. Será que até o fim do dia vocês param de me percorrer? Eu não varreria este lugar.

E o medo de me enjoar se antecipa à concretude e repele o desejo. Não enjoar de, mas enjoar de mim em. Nada vai mudar meu mundo.

Bye-bye, bye-bye ele diz. Bye bye Dalva, Drexler, Beatles, Elis, Maysa. Bye bye você que gosto tanto mas que agora – peco: seu nome é Medo fora de mim. Se alguma cabeça se balançar em sinal de leve reprovação e pena, se o silêncio se constranger e se ondular.

O que digo é só meu e queira Deus que se aproxime de alguém – sob qualquer forma, que injete sorrisos. Como a música triste que me alegra. E que o vento me livre de ser incômodo. Não. Não! A quem possa interessar, sim.

Minha dormência. Minha descompostura. Minha distância. Minha inveja. Meu rompante. Minhas folhas. Minha voz.

Estou com vergonha de gostar, vergonha de dizer. Vergonha por antecipar, vergonha por sonhar. Quem eu sou quando som não se apossa de mim?

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sábado, 17 de janeiro de 2009

Parabéns.

PARA este lindo homem, o maior e mais feliz parabéns do mundo. AMO.

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segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Mais um dia. Com caminho mal feito. Com idas e vindas despropositadas. Com sacrifícios inúteis. Com verbos mal conjugados. Com esperança feia. Cansei de escrever...

A caminho sempre

Lá não tem BRISA

Não tem verde-azuis

Não tem FRESCURA nem atrevimento

Lá não figura no mapa

No avesso da montanha, é labirinto

É contra-senha, é cara a tapa

Fala, Penha

Fala, Irajá

Fala, Olaria

Fala, Acari, Vigário Geral

Fala, Piedade

Casas SEM COR

Ruas de PÓ, cidade

Que não se pinta

Que é sem VAIDADE

Vai, faz ouvir os acordes do choro-canção

Traz as cabrochas e a roda de samba

Dança teu funk, o rock, forró, pagode, reggae

Teu hip-hop

Fala na língua do rap

Desbanca a outra

A tal que abusa

De ser tão maravilhosa

Lá não tem moças douradas

Expostas, andam nus

Pelas quebradas teus exus

Não tem turistas

Não sai foto nas revistas

Lá tem Jesus

E está de costas

Fala, Maré

Fala, Madureira

Fala, Pavuna

Fala, Inhaúma

Cordovil, Pilares

Espalha a tua voz

Nos arredores

Carrega a tua cruz

E os teus tambores

Vai, faz ouvir os acordes do choro-canção

Traz as cabrochas e a roda de samba

Dança teu funk, o rock, forró, pagode, reggae

Teu hip-hop

Fala na língua do rap

Fala no pé

Dá uma idéia

Naquela que te sombreia

Lá não tem claro-escuro

A luz é dura

A chapa é quente

Que futuro tem

Aquela gente toda

Perdido em ti

Eu ando em roda

É pau, é pedra

É fim de linha

É lenha, é fogo, é foda

Fala, Penha

Fala, Irajá

Fala, Encantado, Bangu

Fala, Realengo...

Fala, Maré

Fala, Madureira

Fala, Meriti, Nova Iguaçu

Fala, Paciência...

Pavuna...

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