O melhor café você conhece pelo cheiro

sábado, 29 de dezembro de 2007

Quem é você na água da minha chuca?

Para todos os assíduos. Para todos os que visitam de vez em quando. Para você que está aqui pela primeira vez. Para você que vem aqui uma vez por semestre e lê todas as postagens. Para qualquer um, enfim. Eu não gosto do ano novo, nem do velho, nem de qualquer outro. Mas ainda posso mudar de idéia. Então, durmam muito nesse ano novo, porque é o que eu vou fazer. E cuidado para não misturar os diazepam que tomar com cerveja demais. Ou álcool qualquer. E mais o quê? Acho que nada. Cuidado com o que você tira de você e o que deixa entrar, que pode ser pior. Quem é você na água da minha chuca, querido? Sorria, porque o Evangelho está terminando, chega a hora do Apocalipse. Quem dera, Eva.

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Eu tô te explicando pra te confundir..


Tô te confundindo pra te esclarecer.

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quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Seqüência


Faça não

Pode ser

A gota.

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quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Coisas que vão estragar se ninguém comer:

Resto do peru
Resto do bacalhau
Queijo branco
As ameixas
Minha buceta

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sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Fragmentos falidos

Quanto tempo que cá não se escreve em linhas? E mesmo elas mal são tocadas pelas letras, fugidias. Queria tanto uma vez na vida viver um grande romance. Pode até ser mais de uma vez. Mas uma vez no mínimo, tão básico, pra ciontinuar vivendo. O que há de errado comigo? Porque as coisas não acontecem. Quero que Eva se apaixone por mim, mas ela não pára de ter filhos e eu não paro de tentar ficar calada. Como odeio tudo. Quando romperam o invólocro da minha inocência? A arte só existe como conseqüência da angústia. E aqui ela nem existe. Ela só se prenuncia.

Dança dos Herdeiros do Sacrifício
E nosso relacionamento faliu. Nunca supomos que coisa tão horrível pudesse acontecer à situação tão estável. E hoje sofro com a lembrança de ontem, ou a idealização de ontem. Mas ainda te amo demais.

A pior coisa é não saber o que fazer. E acaba se achando que o que se pode fazer é o que se deve fazer. E agora nem sinto que devo fazer nada. Quero a morte total. Já que já se morreu na alma. Que foi criada para ser morta. Não se pode agir como animais. Mas porquê? Ou já somos animais? Quero a morte total. Nada dá certo.

Agora a gente não se prende mais. Eu sinto muita falta. Mas nem sei do quê. Talvez a fantasia tenha sido maior que a realidade. E a gente sempre tentando esconder essa realidade. Pessoas incompatíveis. A gente não consegue manter um diálogo sem querer se matar. A gente também tem coisas boas. Mas nem sei mais. A gente acaba só se lembrando das coisas ruins. Natural. E o cheiro de coisa boa no ar. Ou mesmo o gosto de comida boa na boca. Que depois vai virando comida ruim. Gosto ruim. Não sobra nada. Por quê? Será que a gente ainda vai voltar ao que era? Será que eu conseguiria tirar da cabeça a idéia egoísta que para voltar a mesma coisa você tem que mudar? Ou voltar ao que era antes. Queria tanto que fóssemos permitidos. Fosse permitido a gente ser feliz. Que você um dia acordasse e descobrisse que não precisa de nada disso que acha que precisa pra ser feliz e simplesmente ia olhar pro Sol e sorrir. Anseio pelo momento em que eu possa ter esse momento. Olhar pro Sol e sorrir. Não de passagem. Mas com a certeza que não ia ter que me preocupar com a preocupação dos outros. Espero o momento que o único motivo das meus atos seja a felicidade. Mas concretamente. Não sei quando, nem sei se vem.

Tenho certeza que nasci um belo dia. Um dia como hoje. Posso não poder dizer que a madrugada só me pertencia. Mas ela, certamente, pertence a mim também. Olhar pro céu hoje me trouxe tanta coisa boa, sentir o cheiro. As nuvens são realmente castanhas. Não há nada cinza. Nada azul. O infinito não deixaria o meu dia ser mais caloroso nas sensações do que nas imagens. E todo o ano ensolarado virou chuva, vento e céu castanhos. E as ruas da Tijuca receberam meus pés, molhados. Dia feliz. O cheiro do dia vai me agradar até quando? Obrigada a quem me ama demais, a quem me ama muito, a quem me ama, a quem me ama pouco, a quem nem me ama...
E a vida segue.
Amanda Magalhães
Rio, 8/04/2007

Quero a morte geral e irrestrita. Isso já foi falado. Mas querer mais nunca é demais. Para frisar que quero agora e o quanto antes. Que quero sempre. Que quererei até não poder ter mais futuro. Só desastrosamente apaixonante. Quero morrer também. Nada de apaixonante. Seu apaixonável. Quem dera que fosse eu a apaixonante e que sorrir fosse motivo de preocupação humanista, antes que agora, sorrir (ou não sorrir) é motivo de preocupação de algo que guia o ódio. As pessoas não se apaixonam! Não. E um eletrocardiograma nas inscrições no papel. nnlnlnlllnnlnlnlnlnlnlnlmllmllnl

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quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Se não comentei é porque fui proibida.. lembra?

Estranhos no Paraíso

Outra coisa, o álcool só é volúvel (visivelmente) porque suas moléculas são doidas. Elas não param de se mexer e acabam se libertando da dureza em que deveriam estar contidas. Isso é bom?

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terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Artista porquê?


Por que não consigo para de pensar em outra coisa senão dizer? Seja escrevendo, desenhando, atuando e quem sabe dirigindo. É um trabalho ansioso. Corro pra não perder o intante-já. Tenho sentido tanta coisa. Agora dei pra me assustar com meus próprios desenhos, escritos. Deve ser doença. Algum distúrbio. E dói.

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quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Ácido lisérgico

Sou um fracasso. Mereço e desejo a morte. Para todos . Obrigada.

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sábado, 8 de dezembro de 2007

Cadernos de Eva

Acordei mais desperta, sabia que minha vontade de morrer estava se fingindo de morta. Anotei tomando por ritual tudo que fizera antes dela tomar tal atitude. Repetindo cada passo chegaria novamente ao estado em que me encontrava nessa manhã. O Sol não estava nem fraco nem forte demais. O céu era lindamente azul e no final qualquer nuvem estava indecisa se branca, se cinza, se branca, se cinza. Tomei um longo banho e cantei em favor de quem não me ouvia contra quem escutava minha voz aguda e desafinada. Sofria qualquer coisa no estômago que nem fiz muito alarde. Lavei agrassivamente o cabelo sujo de fumaça. Cada buraco meu foi tomado por espuma. Lavei também meu rosto. Três vezes. Ou mais. Mais. Enxuguei a espuma de cada buraco. Meus ouvidos. Água gelada de cima pra baixo. Para o último guardava um carinho especial. Afagos doces ainda com espuma. Depois vigorosos, seguidos de apertar meus seios duros contra o azuleijo gelado. Meu rosto, no azuleijo gelado. Cansei e ainda deixei minha mão sentir as contrações involuntárias. Um dia sem morte merecia comemorações. Da segunda vez foi mais fraco e meu rosto não se batia contra a parede. Eu até sorri. Lavei o rosto mais uma vez e terminei. A pior parte de terminar é pressentir que devo me vestir. Não era exatamente o que desejava. Vestido leve, branço de botões de madeira para ver o Sol. Imaginei o melhor lugar do mundo e desci, esperando ver o mar. O asfalto negro até lembrava o mar. Passei a andar. Andava sempre querendo me desviar dos lugares que já tinha passado. Talvez em algum momento pudesse ver o mar. Decide só parar ao ver o mar. Desdecidi ao me lembrar que o mais perto do mar que chegaria seria o valão. A meta seria a sede. Vou andar até sentir sede. Não sabia se era uma boa meta. Mas permaneci no esquema. Em certos pontos parava para desenhar certos prédios e árvores. As estranhas e velhas. Tinha uma que era só raiz. Tomou um muro como morada. Fincou-se ali. Nem lembro das folhas de tão bunita que era a raiz. Me livrei da árvore e continue andando. A licença poética é tão linda quanto o teatro. Posso dizer que naquele momento senti uma alegria tão intensa: "A ema gemeu no tronco do Jurema!" Não senti. Nada. Nem agora. É bom saber que me é permitido mentir e desmentir. Não tenho obrigação de qualquer espécie. Aliás, quando me livrei da árvore vi um carro branco. Ele parou bem na minha frente. O vidro era escuro, não conseguia ver quem estava dentro. Via meu rosto. Meu olho apertado de Sol, o céu com a árvore atrás. Sentia cheiro de mamona, o vento trazia e levava. O vidro abaixou devagar. Um sorriso enorme me esperava. Quer companhia? Ele abriu a porta. Eu entrei. Tchau, árvore. Comecei a sorrir também. Corre! Corre! Gargalhava. Ele me atendia e ria e ria! Sentia o vento tão forte. Coloquei a cabeça pra fora da janela, depois os braços também. Era tão bom! Alguma coisa nas minhas pernas. Fingi que nem era comigo. A mão dele era grande, com muitos pêlos. Olhei, olhava pra mão e ela cada vez mais próxima de estar dentro de mim. Olhei pro rosto. O sorriso. Sorri também. "Vamos pra onde?" Pra qualquer lugar, respondi. Eu vou. A mão continuava. Quer saber? Vamos pro cinema. O ar parou. Ele tirou a mão. Cansou dela e do sorriso também. Então eu fechei a janela e a cara. Cheiro de mamona. Eu gosto de mamona. "Hunfm." Abri meu primeiro botão. Você sentiu o cheiro. "Que cheiro?" Abri o segundo botão. Apertei meu mamilo por cima do vestido quase aberto. Voltou a sorrir. Eu não. Alisou o meu colo com o peito da mão. Abriu o meu terceiro botão. Apertou forte o meu seio. Eu sempre gostei. A gente fazia guerra de mamona quando era pequeno. Sempre gostei desse cheiro. E quando apertavam forte o meu peito. Ele era tão lindo e não ouvia uma palavra do que eu dizia. Não lembro se o quarto botão foi obra minha ou dele. O filme era em preto e branco. Câmara tímida de longe, o que é que ela tem medo de ver? Se você me mostrar cada ruga daquele velho prometo que não vou rir dos seus medos. Nem você nem ninguém percebeu seu olho. Ninguém olha em olho de velho. A gente não consegue também se encarar por muito tempo. Se eu olho esqueço do que estava falando e penso no que tô vendo. Me perco em você. Estou só. No cinema tem menos de dez, de cinco pessoas. O cinema tem a mim. Odeio saber que cinemas estão vazio, mas são esses que eu mais gosto de freqüentar. Por que você desapareceu? O filme não acaba, mas não quero esperar créditos porque se não vi o início não posso ver o final. Como vim parar aqui? Não cabe essa pergunta. Sei que estou aqui e com isso tenho que conviver, não posso lembrar do passado. Se pelo menos o carro branco tivesse do lado de fora da sala. Me esperando. Sei que não está. Por que ainda acredito nas mentiras que invento? Não sei se é noite, tarde ou dia. O cinema está frio e eu quero ir embora. Saber que não posso passar pela porta é a primeira coisa concreta de hoje. O cinema daqui é um sonho. E ninguém pode estar na minha frente. O cinema é meu. Talvez essa negação de ter alguém no meu cinema seja porque nunca houve ninguém ao meu lado. Gargalhada. Nem sei porque escolhi vir pra cá. Se venho você desaparece. Qual a melhor escolha? Gargalhada. Sabe que sempre tenho receio de quem senta ao meu lado? Não sei se é medo ou ansiedade. O medo ou a ansiedade de agora é virar pro lado. Não sinto nada no meu corpo. Não sei do meu corpo. Cadê a graça agora? A melhor parte do filme era a graça. Patética graça. O sorriso não está aqui. Então qualquer coisa me impedirá de sair antes que as luzes acendam. Um momento. Se eu descobrir como vim parar aqui poderia me absolver do crime de não terminar o filme. Não podia. Nada me absolveria dos meus crimes. Parece noite. Daqui não se pode saber. Mas sinto como noite. O lugar tem um cheiro engraçado, talvez alguma mulher sentada atrás de mim.

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sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Tempo Real

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quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Impressões de Ensaio - Completo

Impressões de Ensaio - MACBETH
Texto: William Shakespeare
Tradução: Manuel Bandeira
Professor: Eduardo Vaccari
Direção: Laura Nielsen
Relatora: Nina Balbi
Atores: Amanda Doria e Júlio Castro



Impressões de Ensaio - Ensaio 1 - 31/10/2007

Não tive, e nem me esforcei pra ter, tempo pra reler Macbeth. Reli bem porcamente a minha cena. Sinto mal esse texto desde a primeira leitura na aula, das análises de personagens que fizemos. Mas não sei o que esperar.
Solene blablabla em uma sala ovo, cheia de computadores pretos, cadeiras que giram.
Da minha parte houve um desconforto empático com relação a posição da diretora. O que eu diria? Quero que acabe logo. Parece uma situação forçada.
Sempre odiei ser a primeira a entrar em cena. Dessa vez sou a primeira a falar numa leitura dorida. A gente mais gagueja que fala. Lemos, conversamos e depois fugimos. Não sei como a Laura se sentiu, mas eu me sentiria bem desconfortável no seu lugar.
Quando acabou foi um alívio mas estou instigada, e antes ansiosa, para saber que tal processo mágico de improvisação é esse. Tensão.

Impressões de Ensaio - Ensaio 2 - 06/11/2007

A primeira coisa que senti quando olhei pra Laura, antes mesmo de começar, foi que a atitude dela mudou. Me deu meu texto digitado. Sinto ela mais segura. Acho até que acredito mais nela.
Estou quarenta vezes mais curiosa do que no primeiro ensaio.
Trouxe a saia que a Laura pediu. Uma bota. Faz parte do processo. Não queria vestir a saia porque o Júlio não trouxe nada. Vesti. Laura apagou a luz, me senti melhor.
Nunca tinha feito ensaio com tanta gente olhando, principalmente ensaio tão específico. Nervosa estou. Que o medo não me domine.
Explicado o exercício fui tentar. Júlio também está nervoso. Mas quem não está? A "platéia" parece estar nervosa por mim.
Primeira entrada: ansiosa. Segunda entrada: nervosa. Na terceira acho que as correções já passavam por outros caminhos que não o nervosismo. Acho que conseguir dominar o medo. Ah, queria até que durasse mais tempo. Acabou. Me sinto nova. O novo processo é uma permissão. Me sinto muito bem.
Agora espero mais coisas, mais calma. Respeito os pontos da Laura.

Impressões de Ensaio - Ensaio 3 - 07/11/2007

Começa. Começou com a merda da minha entrada. Laura e Nina atentas. Não queria olhar pra elas porque tinha (e tenho) a impressão que estou, antes de fazer a Lady, procurando uma reação às minhas ações. Olhei pouco. Ao mesmo tempo não cabia outro lugar pra olhar. Então ficava procurando as duas.
O Júlio está bem concentrado, gosto disso, me dá segurança.
Primeira parada. Laura falou pra eu olhar mais pra platéia. Encarar em vez de paqueirar. Passei a olhar.
Ela disse pra eu não andar muito. Só com motivo. Com certeza teria dito a mesma coisa se eu estivesse me dirigindo. Deve ser o nervosismo insistente. Tentei não andar mas tinha o medo de parecer fincada no chão. Ela tornou a falar: base. Parei na base. Realmente é impossível eu me ver estando do lado de dentro.
A cena continua. Júlio entra. Estamos nos entregando. Trazer as tesouras representando os punhais foi ótimo. Depois a sujeira foi ótima.
A Laura fala, a gente não se mantém. Teve uma vez que a gente se manteve. Tem a ver com o tom de voz que ela usa. Acho que ela vai perceber isso.
Nina saiu da sala. Voltou na exata hora em que eu estava entrando. Acho que não usei bem isso.
Esperei durante muito tempo até entrar depois da minha saída. Várias vezes o Júlio repetiu o mesmo texto. Foi bom pra sentir do lado de fora as minha mãos. Elas estão sujas como as do Júlio. Ah, agora estou racicionando demais aqui esperando. Quero entrar! Vambora, Júlio!
Entrei. Saber que tá pra acabar me dá tranquilidade. Laura elogiou coisas que não sei quais são, tudo muito vago. Falei pra ela falar na hora da próxima vez.

Impressões de Ensaio - Ensaio 4 - 13/11/2007

Repetição? Quem gosta de repetição?
Corridinha em volta do pátio interno. Davi está ensaiando suas atrizes no caminho que leva até o quarto do rei. Vai estragar tudo. O pio da coruja será a aguda Laíse. Empurrar a parede. Entrei em cena realmente cansada, ofegante. Não Laura, eu não estou forçando a respiração, pero así es se así te parece. Mas concordo que entrei mal. Dispersa. Fui elogiada demais. Me sinto qualquer péssima coisa. Pior ensaio.
Júlio!! Estamos os dois distraídos. Dependo intensamente de ser dirigida. Não sei o que estou fazendo. Pausas que não tiveram nos outros ensaios. Estamos distraídos, rindo de qualquer coisa.
Use mais o espaço. Estava entendendo o espaço como arena. Pedi pra Nina sentar do outro lado, daí seria obrigada a olhar pro outro extremo da sala. Laura explicou o espaço. Tenho enorme espaço vazio pra usar sozinha nesse monólogo medieval (grunido).
Esse ensaio não está rendendo. E eis de repente entra Diogo e fica procurando por qualquer coisa. Eu espero. Ele demora. Esse ensaio tá uma merda e a gente não vai sair daqui.
Numa das paradas Laura disse mil coisas. Não vou lembrar de nada na cena. Ela espera um momento de parada natural pra falar. Em nenhum momento parou por si só, interrompeu.
Na nossa primeira passagem mal consegui tocar no Júlio. Me forcei na segunda a fazer isso, sem qualquer pretensão de ficar cênico. Era imprescindível. Larguei meu texto. Se tiver que ficar com o texto do Júlio terei a obrigação de estar perto dele. Agora a gente vai se engolir. Laura disse que estou pecando com o texto, concordo. Hoje não é o meu dia. Quero novidades.
Impressões de Ensaio - Ensaio 5 - 13/11/2007

Não tinha sala, fomos ensaiar no campinho, já não estava me sentindo bem, agora essa.
Nina fez o aquecimento que ela tanto precisava. Espero que tenha surtido algum efeito físico. Eu queria sentir alguma diferença. Tô meio morta, acho que quero é dormir.
Coloquei a saia e percebi que tinha esquecido o texto (grunidos múltiplos). Ia já tirando a saia quando sugeri da gente usar um único texto. O que me obrigaria a contracenar. “Tudo bem, a gente pode experimentar”(devia contar quantas vezes Laura fala isso. risos).
Estou inibida até pra correr. Isso parece o primeiro ensaio. Três vezes a entrada até sentir alguma coisa. Quero gritar pra todos da quadra, mas minha platéia não é o João Caetano. Uh, na terceira vez acho que comecei a criar. E o Júlio está fora, espera.
O monstro da repetição voltou. Vaccari veio assistir. Laura elogiou qualquer coisa, merda, agora vai dar errado. De volta ao primeiro ensaio. Será que o Júlio já contracenou comigo ou ele sempre esteve atuando com a minha insegurança?
O Vaccari capotou. Falam demais. O Júlio achou algo bom, movimento que vem dos ruídos. Devolve um pouco da vida que a gente tem quando entra e se perde. Deve ser horrível ver defunto atuando. Não sei o que fazer.
Mais blablabla. No fim, Júlio não consegue mais achar o personagem. Vai pro canto procurar. Laura encerra o ensaio.
Laura admitiu que tem certo receio de interromper a cena pra indicar qualquer coisa.
Nina não entrou. Talvez resolva muita coisa quando ela entrar.
Próximo ensaio vou tomar guaraná em pó antes. Preciso esquecer o natural. Quero raspar a cabeça também.

Impressões de Ensaio - Ensaio 6 - 27/11/2007

Laura não chega, Júlio não chega. O que vai ser desse ensaio? Tô com medo. E ainda tem que pensar na sala! Não quero viver a vida de ensaios fragmentados por falta de sala.
Sala disponível. Boa sala. Parece que está tudo bem. Nina vai dirigir. Não, Laura chegou. Acho que Nina não quer dar prosseguimento ao seu aquecimento do ensaio passado, pelo menos não fala nada nesse sentido.
Pessoal do Raphael faz uma barulhada!
Um começo falso pra esquentar.
Acho que a Laura fica mais tensa que eu quando toca a ocarina. Ela fica com ar de espera. E interessante como ela tá doida pra falar e não fala. De vez em quando ela faz comentários com a cabeça, como se fosse um sim, não sei.
Nina trouxe uma outra tradução. Sugestão da gente variar as traduções. Talvez assim a gente se livre do texto que tá impregnado na nossa pele.
Júlio precisa de qualquer coisa pra render. Sugestão dele fazer andando. Não serve. Ele faz parado, olha pras mãos, serve mais.
Eu acabo jogando o meu texto fora por ansiedade boba que ainda tem em mim. Tenho que me controlar pra não usar intenções banais, que só enfraquecem o texto.
Sinto que a Nina tá se coçando pra entrar, realmente desestrutura entrar no meio. Vou falar pra ela começar o próximo ensaio. Talvez ajude. Com pouca sala fomos parar no pátio interno.
Chuva-me? Chuveu-me e o ensaio acabou. Júlio e eu estamos com fome de fazer. Isso até que tá divertido, pena que acaba semana que vem.


Impressões de Ensaio - Último Ensaio - 28/11/2007

Porque ninguém chega na hora?
Hoje temos uma sala nossa pra ensaiar.
Nina nos aqueceu. Aquecimento mais divertido: “Parabéns pra você, nessa data querida...”
Vejo coisa nova. Nina e Laura estão trabalhando em conjunto. Uma complementa a outra, a situação parece estar bem harmônica.
A primeira passagem foi bem tranquila, seguimos até bem à frente, sem qualquer interrupção. A cena vai ficar até onde ensaiamos hoje. Se na terça o clima permitir iremos até a próxima página.
Pegar nos punhais, sair de cena, mastigando cada palavra que acabei de dizer foi terrível. Estou sentindo qualquer coisa que eu não sei explicar. Um novo início. Não sei o que está me guiando, mas não me sinto como antes. “Se no seu sono não lembrasse tanto..” e lembra mesmo. Não é nenhum pouco tola a idéia de tristeza. Estou com medo do que pode vir. A cena acabou. Conversamos sobre o que aconteceu. Nina disse que ficou com medo. Eu fiquei com medo, ainda estou. Não consigo falar. “vocês querem fazer de novo?” “Vamo lá que o diabo tá aqui.”
Recomeço. Não consigo me controlar, não sei o que está acontecendo. Estou com medo disso atrapalhar. Na verdade, ajuda.
Júlio pára. Está em busca de qualquer coisa que cole a guarganta dele. Laura não sabe como ajudá-lo. Nem eu. Nem Nina.
Depois de ficar com as pernas tremendo, as mãos geladas o estado se dissolveu. Vamos nos preocupar com as buscas de Júlio.
Proponho um novo recomeço pra sentir de novo o estado. Não sinto. Tenho medo de nunca mais repeti-lo e ficar obsessivamente atrás dele. Fim do último ensaio.

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terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Quinto fragmento


O sonho já teve caráter profético, a previsão do que virá. A comunicação com Deus. Enquanto José pensava rejeitar Maria que estava grávida, não dele, um anjo foi enviado aos seus sonhos dizendo que a recebesse em casa pois ela daria a luz a filho que salvaria o seu povo de seus pecados. Hoje José teria acordado e nem lembraria do sonho. Carpinteiros dormem pesado, estão cansados demais para sonhar. Ou, se lembrasse e comentasse com um cliente, este o indicaria ir a um psicanalista. Os sonhos são manifestações de nosso passado, o inverso de antes.
No Barroco o sonho é reflexo da ilusão em que vivemos. O mundo é um teatro. Teatro que talvez só cesse na morte. Não simplesmente mentira. Todos temos consciência que estamos sonhando, que estamos encenando. Rosaura encena o homem, depois encena a Astreia. Segismundo pertence ao mundo dos animais e do homem. Ofélia canta suas dores. Todos participam de alguma espécie de ilusão, de senho. O que será que existe, que se pode ver, sentir e o que será que não existe? O sonho não responde. Ele cria mais dúvidas.
Segismundo questiona sua própria vida e, por extenção, a existência humana: “o delito maior do homem é ter nascido” (CALDERÓN DE LA BARCA, 1973, 36). Por que é menos livre do que qualquer animal se tem alma, melhor instinto, maior arbítrio, maior vida? “Sou um homem entre as feras e uma fera dos homens” (idem, 39). Segismundo se coloca como fera-homem. Passeia entre os dois mundos: a natureza e o homem. Sua situação é ambígua até para si mesmo.
Neuza Sueli se questiona: “Poxa, será que eu sou gente?” (MARCOS, 1984, 39); Dilma tem o mesmo procedimento, acredita que são estabelecidas condições para se tornar humana: “Daí eu vou poder ser gente.” (MARCOS, 2003, 23). Nas personagens de Plínio Marcos vejo muito do Barroco. Elas tem por trás de si a imanência que possui o mundo barroco. Não têm possibilidade de salvação em Deus e a salvação profana só aparece para algumas delas. Dilma e Leda conseguem nos filhos a dimensão do príncipe, que contornaria a corrosão da história. Depositam suas fichas nos filhos como a corte confia no monarca. Além disso, por estarem em um mundo aquém da sociedade, pensar no mundo além do marginal é sonhar. O mesmo sonho de Segismundo, que não sabe o que o espera, mas anseia pela liberdade.
O movimento de animalização do príncipe, em A Vida é Sonho, se aproxima do sentimento que Hamlet descreve ao ver o espectro do pai: “Meu destino clama e enrijece cada fibra do meu corpo, como os nervos do leão de Neméia!” (SHAKESPEARE, 1978, 221). Ao encontrar o que tanto buscou, Hamlet se compara ao animal e não qualquer um, se compara ao mais selvagem animal mitológico. A natureza o guia. Como guia Segismundo, como guia a Dilma, a Leda, a Célia plinianas. O Barroco é o selvagem, o caos, o dionisíaco, o predomínio das paixões e do sentimento com esquematiza Kusano.
“Mostra-me um homem que não seja escravo de suas paixões e eu o colocarei no centro do meu coração” (idem, 258). Ao mesmo que se finge de louco, Hamlet fala com absurda lucidez da condição em que está entregue: escravo. A loucura é também permissão. Assim como ser fera é uma permissão. A loucura é também uma estratégia para obter poder (KOTT, 2003, 14).A fantasia, o sonho, a ilusão o teatro, Shakespeare toma para si o sonho também. É no sonho que Macbeth deveria dissipar as preocupações: “morte e vida a cada dia, banho após a dura labuta, bálsamos das almas doridas, principal alimento no banquete da grande natureza” (SHAKESPEARE, 1997, 35). No entanto, o sonho chega para ser o ladrão da liberdade: “Macbeth não dormirá mais nunca!” (idem, 36).

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Quarto fragmento

“No meio do tempo, esperamos e desesperamos” (ROUANET, 1984, 47)

Transformar o vivo em morto é mostrar a passagem do tempo. É mostrar como a história pode destruir. “A morte emerge como significação comum de todas as alegorias, que se condensam na alegoria da história.” (ROUANET , 1984, 39). A caveira e a ruína são evidências concretas do poder de corrosão da história-natureza-destino. A caveira trás a imagem do rosto que já existiu. A ruína trás isso no plano do coletivo. O homem, assim como aquilo que constrói, vai cair por terra. É direito da história romper cada estrutura e deixar fragmentos como prova da devastação. Não há vida eterna. Não há nada além da morte. Certamente o desespero é bem maior quando não há mais nada. A morte assombra bem mais.
Do mesmo modo que o príncipe surge para conter as catástrofes naturais, a significação faz associações com a alegoria. “O alegorista lacra as coisas com o selo da significação e as protege contra a mudança, por toda a eternidade.” (idem, 40).
Mesmo a salvação em Deus é objeto de alegoria, levando a mais uma imanência. A salvação, a ressurreição, que seria outra significação para a caveira, é apenas mais uma alegoria. “Também ela deve sua existência unicamente à subjetividade do alegorista” (idem, 43). Na verdade, a falsa transcendência, assim como o príncipe (seu representante histórico) seriam a figuração do desejo impossível da transcendência. Mais uma vez o homem vê-se em seu mundo fechado, vazio e angustiante. Saber da impossibilidade da transcendência e mesmo assim querê-la é morrer duas vezes. A ilusão envolve a alegoria da ressurreição. Viver essa ilusão é pertinente, mas a consciência está sempre latente.

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Terceiro fragmento

O homem melancólico vaga entre ruínas a caminho de Tar. A grande catástrofe fez desaparecer todas as cidades que floresciam. A grande catástrofe era a destruição do homem pelo homem: a guerra. A esperança única é Tar. Uma cidade perdida, a única que não sofreu a força devastadora da natureza. A promessa mais tentadora para o homem corrompido pelo tempo: a eternidade. Tar agora está por trás do homem. Procurar a cidade perdida é o novo sentido. A possibilidade de salvação profana é Tar. Ao mesmo tempo, o caminho para Tar é árduo. As cidades destruídas, a ordem que puxava das pernas agora nem manca, morreu. E no caminho suas lembranças são companhias fiéis. Assim como Hamlet, Fando acha seu pai eterno:

“Fando criança: Vamos brincar.
Pai: Ok, eu sou um pianista famoso.
Fando criança: Se você é um pianista famoso, e eu cortar fora teu braço... o que então você iria fazer?
Pai: Eu me tornaria um pintor famoso.
Fando criança: E se eu cortasse fora o outro, o que você faria?
Pai: Eu me tornaria um dançarino famoso.
Fando criança: E se eu cortasse fora tuas pernas, então o que seria?
Pai: Então eu me tornaria um cantor famoso.
Fando criança: E se eu cortasse fora tua cabeça, então o que seria?
Pai: Uma vez morto, minha pele se tornaria um belo tambor.
Fando criança: E se eu queimasse o tambor?
Pai: Eu me tornaria uma nuvem e teria qualquer forma.
Fando Criança: E se a nuvem se dissolvesse, então o que seria?
Pai: Eu me tornaria chuva e produziria uma plantação de guerras!
Fando Criança: Você venceu.”

O caminho se assemelha tanto a antes. Diversões são marcadas pela fugacidade. Mas lembranças serão produzidas. E o que matou deve também amar, dizem as vozes vinda do caixão(MÜLLER, 1987, 28). Ofélia morreu por sua culpa. Fando fisicaliza a culpa e mata Ofélia-Lis. Não como o omisso Hamlet, Fando é o herói que violenta o corpo da paralítica, até a morte, com suas próprias mãos. A dor é a mesma? “Hamlet: Amava Ofélia. O amor de quarenta mil irmãos reunidos juntos não conseguiria ultrapassar o que sentia por ela” “Deixa-te enterrar vivo com ela, que é o que desejo.” (SHAKESPEARE, 1978, 310). O homem de hoje é apático, ou dilacerador, ou dilacerado. “ O diálogo com a dor, a perda e a morte onipresentes pode conduzir à apatia, á inação (...) ou a sentimentos mais fortes, a atividades mais febris, entre a leveza e o completo dilaceramento” (LOPES, 1999, 82). Ao perder seu tambor puniu Lis e a si arrancando a vida da noiva. Ao perder Lis estava entregue a inação. E Ofélia oferece: “Queres comer o meu coração, Hamlet?” (MÜLLER, 1987, 27). Fando não prova o coração de Lis mais permite-o à multidão.
Agora que Lis morreu nunca mais sairá de suas costas. E o pedido fica: “fale comigo, Lis.” E faz, sem dizer, o que Hamlet disse que faria, mas não fez. Se enterra ao lado de Lis. O vazio toma conta novamente. Em Tar se encontra a chave de todos os labirintos. Ele quer chegar a Tar? Tar é totalmente deixada de lado. Era uma falsa esperança. Acreditar em Tar era a distração do caminho. O homem barroco da contemporanedade não tem mais caminhos. Vive de lembranças. Vive se consumindo de sua melancolia. Mesmo que tenha que produzi-las.

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Segundo Fragmento

“Levai embora esses cadáveres. Sou agora vosso rei.” (KOTT, 2003, 82)
Fortimbrás é o novo príncipe. Assim como François. A ordem não muda. O governante troca de nome. A corte clama por um rei e o tem. E quem disse que Hamlet tinha idéia de nova ordem? Antes de pensar em eternidade (ou mesmo por isso) ele está desacreditando na vida. A Engrenagem roda como a história atroz e mesmo as possíveis tentativas de revolução são sugadas pela história. Quem escapará? Será que estamos por fim submetidos a lei do Eterno Retorno?

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segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Primeiro fragmento

O momento histórico é de pessimismo, ceticismo e amargura (KUSANO, 1993, 14). Com a Contra-Reforma, para conter os impulsos de outras doutrinas que não a católica, a Igreja se consolida abrindo mão da transcendência (ROUANET, 1984, 35). A vida terrestre e a salvação devem ser olhados de outra maneira, não há mais Deus como fiador do homem. Essas questões devem ser vistas com termos profanos. Estamos agora sujeitos à história. História cega, sem objetivos messiânicos por trás; é sucessão de catástrofes. O homem não é agente da história: é sujeito. A história pertence a natureza. E não há nenhuma justificativa para sofrimentos. “A história não tem sentido e permanece a mesma ou pelo menos repete incessantemente o seu ciclo atroz” (KOTT, 2003, 13). O homem é miserável diante da grandiosidade do destino. É a nova ordem.
Para conter o destino surge a política. O príncipe serve para conter ameaças de rebelião e da guerra civil. “Legitima o poder do rei e minimiza-se a força do único chefe absoluto que existia até então: o papa.” (KUSANO, 1993, 12). O povo clama por príncipes. É um poder absoluto, autoritário, ditatorial e totalmente legítimo aos olhos da época. Não é por força repressora que Segismundo sobe ao poder. Não há qualquer golpe militar. Segismundo recebe a coroa das mãos fervilhantes do povo. “Por fé te aclamemos senhor nosso” (CALDERÓN DE LA BARCA, 1973, 140). O soldado é claro: o rei tentou fugir a natureza, chamou a corte para isso, “mas nós, o povo, sabemos já que temos rei natural” (idem). A queda do monarca é a queda também da sociedade. Ao mesmo tempo que em Vida é Sonho o povo se levanta pelo rei da legitimidade natural, o povo vai atrás de de Laertes, em Hamlet, pela deposição de Cláudio, ao supor que o rei deixou de cumprir o seu princípio fundamental: defender a ordem contra as incertezas da história. O Teatro Barroco se constrói através dessa concepção da história, criada com a visão de imanência, e da contenção dela pela força do príncipe.
O homem barroco deixou a presença apaziguadora, justificativa, de Deus para aceitar a presença do príncipe. O príncipe estabiliza a história. O homem contemporâneo sofre todas as questões de se sentir efêmero, pequeno, ser criado, aniquilado pela história. Mas não tem por fiador nem mais o príncipe. A solidão o torna mais vulnerável ainda. Não pode mais tentar estabilizar a história através de qualquer subterfúgio. Sente-se cada vez mais impotente. As catástrofes se sucedem e cada vez mais as mãos dos homens estão atadas. Não que não tenha ímpetos de finalizar o que o aniquila, mas simplesmente não sabe como. “Não havendo mais um centro fixo no mundo, todas as coisas caem no vazio onde nada pode sustentá-las ou orientálas” (MATOS apud LOPES, ,84).
As possíveis revoluções implodiram. Deus morreu. A política morreu. O homem está mais sozinho que nunca. Os homens morrem pelas mãos dos próprios homens. Há desesperança maior que essa? Reconhece-se a absurdidade: “ A incompatibilidade entre o insistente esforço de racionalização do homem e o mundo não racional que ele habita” (WILLIANS, 2002, 228). O resultado lógico da constatação do absurdo é o desespero, o suicídio. Há os que cedem ao suicídio. Há os que se suicidam vivendo. E há aqueles que vem o suicídio como evasão. O teatro de Camus tem um meio de tentar frear a força catastrófica da história: é apresentado o rebelde. Já Beckett não apresenta qualquer solução. Somos seres aruinados, como Nagg e Nell, vivendo em latões até o apodrecimento total. Estamos condenados a espera. O homem barroco de hoje vê soluções? “o homem da segunda metade do século XX já não tem razões para crer nas ilusões que o moveram cinqüenta anos antes.” (KOTT, 2003, 14). Estamos entregues a imanência, ao desespero que vem da absurdidade e a impossibilidade.
Somos barrocos até a chegada do príncipe. Ou partida. De fato, abdicamos do príncipe. Nossos heróis morreram, somos somente vítimas de nós mesmos. “Os herdeiros da melancolia são habitantes de uma época em permanente insegurança, sem ídolos, sem paixões utópicas. Sob o Sol cinza, um mundo em permanente trânsito para lugar nenhum. As catástrofes da modernidade são o solo para a retomada do pensar catastrófico do Barroco” (LOPES, 1999, 135). Porém, é claro que admitir tudo isso para simplesmente chegar ao Barroco não me deixa com o espírito harmônico. Estamos sozinhos, entregues ao vazio e somos barrocos. E agora?

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