Impressões de Ensaio - Completo
Impressões de Ensaio - MACBETH
Texto: William Shakespeare
Tradução: Manuel Bandeira
Professor: Eduardo Vaccari
Direção: Laura Nielsen
Relatora: Nina Balbi
Atores: Amanda Doria e Júlio Castro
Impressões de Ensaio - Ensaio 1 - 31/10/2007
Não tive, e nem me esforcei pra ter, tempo pra reler Macbeth. Reli bem porcamente a minha cena. Sinto mal esse texto desde a primeira leitura na aula, das análises de personagens que fizemos. Mas não sei o que esperar.
Solene blablabla em uma sala ovo, cheia de computadores pretos, cadeiras que giram.
Da minha parte houve um desconforto empático com relação a posição da diretora. O que eu diria? Quero que acabe logo. Parece uma situação forçada.
Sempre odiei ser a primeira a entrar em cena. Dessa vez sou a primeira a falar numa leitura dorida. A gente mais gagueja que fala. Lemos, conversamos e depois fugimos. Não sei como a Laura se sentiu, mas eu me sentiria bem desconfortável no seu lugar.
Quando acabou foi um alívio mas estou instigada, e antes ansiosa, para saber que tal processo mágico de improvisação é esse. Tensão.
Impressões de Ensaio - Ensaio 2 - 06/11/2007
A primeira coisa que senti quando olhei pra Laura, antes mesmo de começar, foi que a atitude dela mudou. Me deu meu texto digitado. Sinto ela mais segura. Acho até que acredito mais nela.
Estou quarenta vezes mais curiosa do que no primeiro ensaio.
Trouxe a saia que a Laura pediu. Uma bota. Faz parte do processo. Não queria vestir a saia porque o Júlio não trouxe nada. Vesti. Laura apagou a luz, me senti melhor.
Nunca tinha feito ensaio com tanta gente olhando, principalmente ensaio tão específico. Nervosa estou. Que o medo não me domine.
Explicado o exercício fui tentar. Júlio também está nervoso. Mas quem não está? A "platéia" parece estar nervosa por mim.
Primeira entrada: ansiosa. Segunda entrada: nervosa. Na terceira acho que as correções já passavam por outros caminhos que não o nervosismo. Acho que conseguir dominar o medo. Ah, queria até que durasse mais tempo. Acabou. Me sinto nova. O novo processo é uma permissão. Me sinto muito bem.
Agora espero mais coisas, mais calma. Respeito os pontos da Laura.
Impressões de Ensaio - Ensaio 3 - 07/11/2007
Começa. Começou com a merda da minha entrada. Laura e Nina atentas. Não queria olhar pra elas porque tinha (e tenho) a impressão que estou, antes de fazer a Lady, procurando uma reação às minhas ações. Olhei pouco. Ao mesmo tempo não cabia outro lugar pra olhar. Então ficava procurando as duas.
O Júlio está bem concentrado, gosto disso, me dá segurança.
Primeira parada. Laura falou pra eu olhar mais pra platéia. Encarar em vez de paqueirar. Passei a olhar.
Ela disse pra eu não andar muito. Só com motivo. Com certeza teria dito a mesma coisa se eu estivesse me dirigindo. Deve ser o nervosismo insistente. Tentei não andar mas tinha o medo de parecer fincada no chão. Ela tornou a falar: base. Parei na base. Realmente é impossível eu me ver estando do lado de dentro.
A cena continua. Júlio entra. Estamos nos entregando. Trazer as tesouras representando os punhais foi ótimo. Depois a sujeira foi ótima.
A Laura fala, a gente não se mantém. Teve uma vez que a gente se manteve. Tem a ver com o tom de voz que ela usa. Acho que ela vai perceber isso.
Nina saiu da sala. Voltou na exata hora em que eu estava entrando. Acho que não usei bem isso.
Esperei durante muito tempo até entrar depois da minha saída. Várias vezes o Júlio repetiu o mesmo texto. Foi bom pra sentir do lado de fora as minha mãos. Elas estão sujas como as do Júlio. Ah, agora estou racicionando demais aqui esperando. Quero entrar! Vambora, Júlio!
Entrei. Saber que tá pra acabar me dá tranquilidade. Laura elogiou coisas que não sei quais são, tudo muito vago. Falei pra ela falar na hora da próxima vez.
Impressões de Ensaio - Ensaio 4 - 13/11/2007
Repetição? Quem gosta de repetição?
Corridinha em volta do pátio interno. Davi está ensaiando suas atrizes no caminho que leva até o quarto do rei. Vai estragar tudo. O pio da coruja será a aguda Laíse. Empurrar a parede. Entrei em cena realmente cansada, ofegante. Não Laura, eu não estou forçando a respiração, pero así es se así te parece. Mas concordo que entrei mal. Dispersa. Fui elogiada demais. Me sinto qualquer péssima coisa. Pior ensaio.
Júlio!! Estamos os dois distraídos. Dependo intensamente de ser dirigida. Não sei o que estou fazendo. Pausas que não tiveram nos outros ensaios. Estamos distraídos, rindo de qualquer coisa.
Use mais o espaço. Estava entendendo o espaço como arena. Pedi pra Nina sentar do outro lado, daí seria obrigada a olhar pro outro extremo da sala. Laura explicou o espaço. Tenho enorme espaço vazio pra usar sozinha nesse monólogo medieval (grunido).
Esse ensaio não está rendendo. E eis de repente entra Diogo e fica procurando por qualquer coisa. Eu espero. Ele demora. Esse ensaio tá uma merda e a gente não vai sair daqui.
Numa das paradas Laura disse mil coisas. Não vou lembrar de nada na cena. Ela espera um momento de parada natural pra falar. Em nenhum momento parou por si só, interrompeu.
Na nossa primeira passagem mal consegui tocar no Júlio. Me forcei na segunda a fazer isso, sem qualquer pretensão de ficar cênico. Era imprescindível. Larguei meu texto. Se tiver que ficar com o texto do Júlio terei a obrigação de estar perto dele. Agora a gente vai se engolir. Laura disse que estou pecando com o texto, concordo. Hoje não é o meu dia. Quero novidades.
Impressões de Ensaio - Ensaio 5 - 13/11/2007
Não tinha sala, fomos ensaiar no campinho, já não estava me sentindo bem, agora essa.
Nina fez o aquecimento que ela tanto precisava. Espero que tenha surtido algum efeito físico. Eu queria sentir alguma diferença. Tô meio morta, acho que quero é dormir.
Coloquei a saia e percebi que tinha esquecido o texto (grunidos múltiplos). Ia já tirando a saia quando sugeri da gente usar um único texto. O que me obrigaria a contracenar. “Tudo bem, a gente pode experimentar”(devia contar quantas vezes Laura fala isso. risos).
Estou inibida até pra correr. Isso parece o primeiro ensaio. Três vezes a entrada até sentir alguma coisa. Quero gritar pra todos da quadra, mas minha platéia não é o João Caetano. Uh, na terceira vez acho que comecei a criar. E o Júlio está fora, espera.
O monstro da repetição voltou. Vaccari veio assistir. Laura elogiou qualquer coisa, merda, agora vai dar errado. De volta ao primeiro ensaio. Será que o Júlio já contracenou comigo ou ele sempre esteve atuando com a minha insegurança?
O Vaccari capotou. Falam demais. O Júlio achou algo bom, movimento que vem dos ruídos. Devolve um pouco da vida que a gente tem quando entra e se perde. Deve ser horrível ver defunto atuando. Não sei o que fazer.
Mais blablabla. No fim, Júlio não consegue mais achar o personagem. Vai pro canto procurar. Laura encerra o ensaio.
Laura admitiu que tem certo receio de interromper a cena pra indicar qualquer coisa.
Nina não entrou. Talvez resolva muita coisa quando ela entrar.
Próximo ensaio vou tomar guaraná em pó antes. Preciso esquecer o natural. Quero raspar a cabeça também.
Impressões de Ensaio - Ensaio 6 - 27/11/2007
Laura não chega, Júlio não chega. O que vai ser desse ensaio? Tô com medo. E ainda tem que pensar na sala! Não quero viver a vida de ensaios fragmentados por falta de sala.
Sala disponível. Boa sala. Parece que está tudo bem. Nina vai dirigir. Não, Laura chegou. Acho que Nina não quer dar prosseguimento ao seu aquecimento do ensaio passado, pelo menos não fala nada nesse sentido.
Pessoal do Raphael faz uma barulhada!
Um começo falso pra esquentar.
Acho que a Laura fica mais tensa que eu quando toca a ocarina. Ela fica com ar de espera. E interessante como ela tá doida pra falar e não fala. De vez em quando ela faz comentários com a cabeça, como se fosse um sim, não sei.
Nina trouxe uma outra tradução. Sugestão da gente variar as traduções. Talvez assim a gente se livre do texto que tá impregnado na nossa pele.
Júlio precisa de qualquer coisa pra render. Sugestão dele fazer andando. Não serve. Ele faz parado, olha pras mãos, serve mais.
Eu acabo jogando o meu texto fora por ansiedade boba que ainda tem em mim. Tenho que me controlar pra não usar intenções banais, que só enfraquecem o texto.
Sinto que a Nina tá se coçando pra entrar, realmente desestrutura entrar no meio. Vou falar pra ela começar o próximo ensaio. Talvez ajude. Com pouca sala fomos parar no pátio interno.
Chuva-me? Chuveu-me e o ensaio acabou. Júlio e eu estamos com fome de fazer. Isso até que tá divertido, pena que acaba semana que vem.
Impressões de Ensaio - Último Ensaio - 28/11/2007
Porque ninguém chega na hora?
Hoje temos uma sala nossa pra ensaiar.
Nina nos aqueceu. Aquecimento mais divertido: “Parabéns pra você, nessa data querida...”
Vejo coisa nova. Nina e Laura estão trabalhando em conjunto. Uma complementa a outra, a situação parece estar bem harmônica.
A primeira passagem foi bem tranquila, seguimos até bem à frente, sem qualquer interrupção. A cena vai ficar até onde ensaiamos hoje. Se na terça o clima permitir iremos até a próxima página.
Pegar nos punhais, sair de cena, mastigando cada palavra que acabei de dizer foi terrível. Estou sentindo qualquer coisa que eu não sei explicar. Um novo início. Não sei o que está me guiando, mas não me sinto como antes. “Se no seu sono não lembrasse tanto..” e lembra mesmo. Não é nenhum pouco tola a idéia de tristeza. Estou com medo do que pode vir. A cena acabou. Conversamos sobre o que aconteceu. Nina disse que ficou com medo. Eu fiquei com medo, ainda estou. Não consigo falar. “vocês querem fazer de novo?” “Vamo lá que o diabo tá aqui.”
Recomeço. Não consigo me controlar, não sei o que está acontecendo. Estou com medo disso atrapalhar. Na verdade, ajuda.
Júlio pára. Está em busca de qualquer coisa que cole a guarganta dele. Laura não sabe como ajudá-lo. Nem eu. Nem Nina.
Depois de ficar com as pernas tremendo, as mãos geladas o estado se dissolveu. Vamos nos preocupar com as buscas de Júlio.
Proponho um novo recomeço pra sentir de novo o estado. Não sinto. Tenho medo de nunca mais repeti-lo e ficar obsessivamente atrás dele. Fim do último ensaio.
Texto: William Shakespeare
Tradução: Manuel Bandeira
Professor: Eduardo Vaccari
Direção: Laura Nielsen
Relatora: Nina Balbi
Atores: Amanda Doria e Júlio Castro
Impressões de Ensaio - Ensaio 1 - 31/10/2007
Não tive, e nem me esforcei pra ter, tempo pra reler Macbeth. Reli bem porcamente a minha cena. Sinto mal esse texto desde a primeira leitura na aula, das análises de personagens que fizemos. Mas não sei o que esperar.
Solene blablabla em uma sala ovo, cheia de computadores pretos, cadeiras que giram.
Da minha parte houve um desconforto empático com relação a posição da diretora. O que eu diria? Quero que acabe logo. Parece uma situação forçada.
Sempre odiei ser a primeira a entrar em cena. Dessa vez sou a primeira a falar numa leitura dorida. A gente mais gagueja que fala. Lemos, conversamos e depois fugimos. Não sei como a Laura se sentiu, mas eu me sentiria bem desconfortável no seu lugar.
Quando acabou foi um alívio mas estou instigada, e antes ansiosa, para saber que tal processo mágico de improvisação é esse. Tensão.
Impressões de Ensaio - Ensaio 2 - 06/11/2007
A primeira coisa que senti quando olhei pra Laura, antes mesmo de começar, foi que a atitude dela mudou. Me deu meu texto digitado. Sinto ela mais segura. Acho até que acredito mais nela.
Estou quarenta vezes mais curiosa do que no primeiro ensaio.
Trouxe a saia que a Laura pediu. Uma bota. Faz parte do processo. Não queria vestir a saia porque o Júlio não trouxe nada. Vesti. Laura apagou a luz, me senti melhor.
Nunca tinha feito ensaio com tanta gente olhando, principalmente ensaio tão específico. Nervosa estou. Que o medo não me domine.
Explicado o exercício fui tentar. Júlio também está nervoso. Mas quem não está? A "platéia" parece estar nervosa por mim.
Primeira entrada: ansiosa. Segunda entrada: nervosa. Na terceira acho que as correções já passavam por outros caminhos que não o nervosismo. Acho que conseguir dominar o medo. Ah, queria até que durasse mais tempo. Acabou. Me sinto nova. O novo processo é uma permissão. Me sinto muito bem.
Agora espero mais coisas, mais calma. Respeito os pontos da Laura.
Impressões de Ensaio - Ensaio 3 - 07/11/2007
Começa. Começou com a merda da minha entrada. Laura e Nina atentas. Não queria olhar pra elas porque tinha (e tenho) a impressão que estou, antes de fazer a Lady, procurando uma reação às minhas ações. Olhei pouco. Ao mesmo tempo não cabia outro lugar pra olhar. Então ficava procurando as duas.
O Júlio está bem concentrado, gosto disso, me dá segurança.
Primeira parada. Laura falou pra eu olhar mais pra platéia. Encarar em vez de paqueirar. Passei a olhar.
Ela disse pra eu não andar muito. Só com motivo. Com certeza teria dito a mesma coisa se eu estivesse me dirigindo. Deve ser o nervosismo insistente. Tentei não andar mas tinha o medo de parecer fincada no chão. Ela tornou a falar: base. Parei na base. Realmente é impossível eu me ver estando do lado de dentro.
A cena continua. Júlio entra. Estamos nos entregando. Trazer as tesouras representando os punhais foi ótimo. Depois a sujeira foi ótima.
A Laura fala, a gente não se mantém. Teve uma vez que a gente se manteve. Tem a ver com o tom de voz que ela usa. Acho que ela vai perceber isso.
Nina saiu da sala. Voltou na exata hora em que eu estava entrando. Acho que não usei bem isso.
Esperei durante muito tempo até entrar depois da minha saída. Várias vezes o Júlio repetiu o mesmo texto. Foi bom pra sentir do lado de fora as minha mãos. Elas estão sujas como as do Júlio. Ah, agora estou racicionando demais aqui esperando. Quero entrar! Vambora, Júlio!
Entrei. Saber que tá pra acabar me dá tranquilidade. Laura elogiou coisas que não sei quais são, tudo muito vago. Falei pra ela falar na hora da próxima vez.
Impressões de Ensaio - Ensaio 4 - 13/11/2007
Repetição? Quem gosta de repetição?
Corridinha em volta do pátio interno. Davi está ensaiando suas atrizes no caminho que leva até o quarto do rei. Vai estragar tudo. O pio da coruja será a aguda Laíse. Empurrar a parede. Entrei em cena realmente cansada, ofegante. Não Laura, eu não estou forçando a respiração, pero así es se así te parece. Mas concordo que entrei mal. Dispersa. Fui elogiada demais. Me sinto qualquer péssima coisa. Pior ensaio.
Júlio!! Estamos os dois distraídos. Dependo intensamente de ser dirigida. Não sei o que estou fazendo. Pausas que não tiveram nos outros ensaios. Estamos distraídos, rindo de qualquer coisa.
Use mais o espaço. Estava entendendo o espaço como arena. Pedi pra Nina sentar do outro lado, daí seria obrigada a olhar pro outro extremo da sala. Laura explicou o espaço. Tenho enorme espaço vazio pra usar sozinha nesse monólogo medieval (grunido).
Esse ensaio não está rendendo. E eis de repente entra Diogo e fica procurando por qualquer coisa. Eu espero. Ele demora. Esse ensaio tá uma merda e a gente não vai sair daqui.
Numa das paradas Laura disse mil coisas. Não vou lembrar de nada na cena. Ela espera um momento de parada natural pra falar. Em nenhum momento parou por si só, interrompeu.
Na nossa primeira passagem mal consegui tocar no Júlio. Me forcei na segunda a fazer isso, sem qualquer pretensão de ficar cênico. Era imprescindível. Larguei meu texto. Se tiver que ficar com o texto do Júlio terei a obrigação de estar perto dele. Agora a gente vai se engolir. Laura disse que estou pecando com o texto, concordo. Hoje não é o meu dia. Quero novidades.
Impressões de Ensaio - Ensaio 5 - 13/11/2007
Não tinha sala, fomos ensaiar no campinho, já não estava me sentindo bem, agora essa.
Nina fez o aquecimento que ela tanto precisava. Espero que tenha surtido algum efeito físico. Eu queria sentir alguma diferença. Tô meio morta, acho que quero é dormir.
Coloquei a saia e percebi que tinha esquecido o texto (grunidos múltiplos). Ia já tirando a saia quando sugeri da gente usar um único texto. O que me obrigaria a contracenar. “Tudo bem, a gente pode experimentar”(devia contar quantas vezes Laura fala isso. risos).
Estou inibida até pra correr. Isso parece o primeiro ensaio. Três vezes a entrada até sentir alguma coisa. Quero gritar pra todos da quadra, mas minha platéia não é o João Caetano. Uh, na terceira vez acho que comecei a criar. E o Júlio está fora, espera.
O monstro da repetição voltou. Vaccari veio assistir. Laura elogiou qualquer coisa, merda, agora vai dar errado. De volta ao primeiro ensaio. Será que o Júlio já contracenou comigo ou ele sempre esteve atuando com a minha insegurança?
O Vaccari capotou. Falam demais. O Júlio achou algo bom, movimento que vem dos ruídos. Devolve um pouco da vida que a gente tem quando entra e se perde. Deve ser horrível ver defunto atuando. Não sei o que fazer.
Mais blablabla. No fim, Júlio não consegue mais achar o personagem. Vai pro canto procurar. Laura encerra o ensaio.
Laura admitiu que tem certo receio de interromper a cena pra indicar qualquer coisa.
Nina não entrou. Talvez resolva muita coisa quando ela entrar.
Próximo ensaio vou tomar guaraná em pó antes. Preciso esquecer o natural. Quero raspar a cabeça também.
Impressões de Ensaio - Ensaio 6 - 27/11/2007
Laura não chega, Júlio não chega. O que vai ser desse ensaio? Tô com medo. E ainda tem que pensar na sala! Não quero viver a vida de ensaios fragmentados por falta de sala.
Sala disponível. Boa sala. Parece que está tudo bem. Nina vai dirigir. Não, Laura chegou. Acho que Nina não quer dar prosseguimento ao seu aquecimento do ensaio passado, pelo menos não fala nada nesse sentido.
Pessoal do Raphael faz uma barulhada!
Um começo falso pra esquentar.
Acho que a Laura fica mais tensa que eu quando toca a ocarina. Ela fica com ar de espera. E interessante como ela tá doida pra falar e não fala. De vez em quando ela faz comentários com a cabeça, como se fosse um sim, não sei.
Nina trouxe uma outra tradução. Sugestão da gente variar as traduções. Talvez assim a gente se livre do texto que tá impregnado na nossa pele.
Júlio precisa de qualquer coisa pra render. Sugestão dele fazer andando. Não serve. Ele faz parado, olha pras mãos, serve mais.
Eu acabo jogando o meu texto fora por ansiedade boba que ainda tem em mim. Tenho que me controlar pra não usar intenções banais, que só enfraquecem o texto.
Sinto que a Nina tá se coçando pra entrar, realmente desestrutura entrar no meio. Vou falar pra ela começar o próximo ensaio. Talvez ajude. Com pouca sala fomos parar no pátio interno.
Chuva-me? Chuveu-me e o ensaio acabou. Júlio e eu estamos com fome de fazer. Isso até que tá divertido, pena que acaba semana que vem.
Impressões de Ensaio - Último Ensaio - 28/11/2007
Porque ninguém chega na hora?
Hoje temos uma sala nossa pra ensaiar.
Nina nos aqueceu. Aquecimento mais divertido: “Parabéns pra você, nessa data querida...”
Vejo coisa nova. Nina e Laura estão trabalhando em conjunto. Uma complementa a outra, a situação parece estar bem harmônica.
A primeira passagem foi bem tranquila, seguimos até bem à frente, sem qualquer interrupção. A cena vai ficar até onde ensaiamos hoje. Se na terça o clima permitir iremos até a próxima página.
Pegar nos punhais, sair de cena, mastigando cada palavra que acabei de dizer foi terrível. Estou sentindo qualquer coisa que eu não sei explicar. Um novo início. Não sei o que está me guiando, mas não me sinto como antes. “Se no seu sono não lembrasse tanto..” e lembra mesmo. Não é nenhum pouco tola a idéia de tristeza. Estou com medo do que pode vir. A cena acabou. Conversamos sobre o que aconteceu. Nina disse que ficou com medo. Eu fiquei com medo, ainda estou. Não consigo falar. “vocês querem fazer de novo?” “Vamo lá que o diabo tá aqui.”
Recomeço. Não consigo me controlar, não sei o que está acontecendo. Estou com medo disso atrapalhar. Na verdade, ajuda.
Júlio pára. Está em busca de qualquer coisa que cole a guarganta dele. Laura não sabe como ajudá-lo. Nem eu. Nem Nina.
Depois de ficar com as pernas tremendo, as mãos geladas o estado se dissolveu. Vamos nos preocupar com as buscas de Júlio.
Proponho um novo recomeço pra sentir de novo o estado. Não sinto. Tenho medo de nunca mais repeti-lo e ficar obsessivamente atrás dele. Fim do último ensaio.
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