O melhor café você conhece pelo cheiro

domingo, 4 de março de 2007

Um caminhão

Posso, por ser muito conivente com meus opressores ser uma pessoa gentil e agradável. Um bom cão. É muito simples quando se faz parte da elite dizer que a pobreza é alimentada pela fome burguesa.
É muito simples e é mesmo verdade. Mas como eu, que tenho belos amiguinhos pequenos burgueses (nem tão pequeninos) vou virar para cada um deles e dizer: você é responsável pela minha pobreza.
É mesmo? Será que eu em condições trocadas faria algo de ativo para não ser responsável por isso? Lembrando: há sempre alguém num estado pior que eu. Será que eu faço algo pra resolver a situação deles? Por que ajo assim então?
Talvez o maior problema seja a consciência, apesar do pesado fardo. Queria esmagar o bom sono das pessoas que me molestam por gerações. E arrancar seus belos sorrisos despreocupados. Nem sei se queria mesmo isso. Mas me reviro sabendo que pessoas não se incomodam pelo que passamos, ou pelo que passo. Acho que nunca me senti tão excluída assim. Mas a exclusão é tão imaginária quanto o meu alter ego. Até a recusa da minha parte de participar feliz disso pelos motivos de aparência mais insana possível. Vou me excluir até a inevitável aproximação com meus opressores, onde serei gentil e amiga e quando não mais desejarei angústias a ninguém. Terei ótimos amigos.
Belo personagem eu sou. E que história eu tenho?! Um enredo insustentável pra qualquer produção rentável.
Sei de mim. Me conheço e sei dos subterfúgios da minha mente pra certas atitudes do meu corpo. Pode até ser mais um esse. Mas mentira não é. Apenas acho que a solução é a hipnose. Liquidar esses traumas sexuais.

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