Sonho, paisagem marítima

Uma cabana, um sobrado, a mistura dos dois, no Arpoador. Algum lugar do passado. Eu esperava Amanda num banco, no corredor. Ela fazia uma aula, inglês, pré-vestibular, talvez. Conhecia amigas dela. Tudo era distante e sem contato, como se minha presença não fosse desejada, como se Amanda estivesse muito cansada de mim. Fomos à varanda.
EU (me referindo à orla de Ipanema e Leblon) - É pequeno, né?
AMANDA (me achando imbecil) - Ehé.
De fato, a orla estava apertada, parecia uma pintura, como se tudo estivesse comprimido, como se o Dois Irmãos fosse cair sobre nós, uma paisagem de Van Gogh, o morro querendo chegar mais perto. Quando fomos embora:
AMANDA - Vamo sair hoje? Mas venho comprar o vinho aqui em Copacabana. Uamvez comprei o vinho Glória (ou Globo... não lembro...) no mercado Glória. Só tem aqui. Gostei tanto desse vinho.
LUCAS - Acho que não vou não.
AMANDA (cruel, com um leve sorriso de desprezo) - Mamãezinha vai tar na Lapa hoje? Não? Então filhinho não vai sair de casa, né?
Amanda disse essa e outras coisas das quais não me recordo, acho que até me xingou. O que me impressionou não foi o que ela disse, mas a atmosfera toda. Quando acordei, senti vontade de chorar, e vontade de continaur no sonho para poder chorar. Mas a realidade de acordar foi muito forte e não chorei. Fiquei só com a angústia. A semsação pela manhã era horrível, parecida com a que tive quando Claudio se afastou e eu percebi que ele tava dizendo aquelas coisas pra se afastar mesmo. Estranhamente, hoje marquei com Amanda e não fui. Mas liguei pra ela, uma atriz falou comigo pelo celular e ela disse que viu a Cassia lá. Agora não estou tenso, não com isso. Estou certo de coisas boas. Amanda, o meu atraso foi por uma coisa boa, depois te conto, você vai gostar e vou precisar, de certa forma, de sua ajuda.