Os nomes
Quantas pessoas. Semana passada, ou retrasada, encontrei uma menina que fazia aula de teatro comigo, há anos atrás. Ela me cumprimentou, me chamou pelo meu nome, falou de sua vida, perguntou sobre a minha. Me despedi e fui embora. Não lembrava e ainda não lembro o nome dela. Dias depois, voltando de Botafogo, lembrei disso, tentei mais uma vez buscar o nome dela, não consegui, mas veio na minha cabeça um dia em que ela me disse alguma coisa bonita depois de uma improvisação em aula. Alguma coisa tão bonita que eu nunca poderia ter esquecido. Mas esqueci, junto com o nome dela.
Hoje é véspera do mais importante feriado cristão e a primeira ligação que atendi no telefone de casa foi de uma outra pessoa que já fez aula comigo. Ele me chamou pelo nome, me desejo feliz Natal, se desculpou por tanto tempo que ficou sem me ligar e pediu o meu número de celular. Essa é umas das coisas que não se podem esquecer também. Junto com o nome dele. Junto com a pessoa.
Ensaiamos algum tempo uma cena. Não lembro o nome, mas lembro de uma frase:”O mundo gira feito uma roda gigante, e eu não consigo pensar em nada, só nisso.” Também não me lembro no que minha personagem só conseguia pensar. Os ensaios pararam quando ele presenciou um assalto num supermercado e levou um tiro no pé. A bala ficou alojada e ele ficou um tempo sem poder andar. Não sei como está hoje. Não perguntei porque tem momentos em que não suporto o imediatismo do telefone. Nem a comunhão mundial dos feriados cristãos.
Os dois episódios, como os omitidos, me fazem pensar que devo dar mais atenção às pessoas. E valor. Humilde e simbólica e inutilmente eu peço desculpa. Por não lembrar do nome do Ney, da Gio, da Helaine, do Rubens, da Nara, da Bianca, do Pedro, do Júlio, da Marymília, do Lucas, da Cynara, do Caio, da Nina, da Dadá, da Simoni, da Maíra, do Diogo, do Tomás. O nome...
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