Sentido - 2º tratamento
Direção e roteiro: Andreza Bittencourt
Arena vazia. Depois que o público entra. Música. Os atores vão aparecendo aos poucos. Cada um de um lugar diferente e inusitado. Caminham pelo espaço. Fazem perguntas formando um grande burburinho.
Por que o céu é azul?, O que faz a terra girar?, Por que a chuva cai em gotas e não de uma vez?, Quem inventou as palavras?, Cavalo poderia se chamar “sabiá” e sabiá se chamar “cavalo”?, Por que os bons morrem cedo?, Deus criou o mundo?, Existe inferno? Quem o criou?, Pra onde vão os dias que passam?
Essa caminhada vai aos poucos, junto com o movimento da música diminuindo o espaço e acelerando. O burburinho acompanha. Até que o espaço se reduz ao máximo e os atores continuam passando uns pelos outros. O burburinho aumenta. A música sai. Depois que a música sai o burburinho diminui e desaparece, junto com a saída dos atores.
Off – Tudo isso tem sentido, tem sentido tudo o que aparentemente não tem sentido, e tem sentido tudo o que realmente não tem sentido. Sei que estamos todos aqui pra sempre, desde sempre. Nada muda aqui desde que estou aqui, mas não me atrevo a concluir que não venha a mudar nunca.
Aqui sentado e, como sempre, sem tudo o que se precisa, encarar o sentido. Sentido. Esta notável palavra em português que, beirando o poético, possibilita uma variada gama de significados.
Déborah entra correndo pára no meio da arena.
Déborah- Há certas coisas que eu preferiria dizer. Há outras que eu preferiria calar. Há outras que eu preferiria dizer. Agora não sei se digo as coisas que eu preferiria calar ou se calo as coisas que preferiria dizer.
Off – Com o fim de falar. Começamos a falar como se pudéssemos parar, querendo. É assim mesmo. A busca do meio de fazer cessar as coisas, calar sua voz, é que permite o discurso continuar. Segundo o novo dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, são 18 as significações que o termo sentido carrega em nosso idioma, afora algumas mais, advindas de expressões compostas com outras palavras.
Déborah - Uma imagem bonita seria: o cão vermelho passeia suas patinhas no gramado molhado. Ou então: o cão verde passeia suas patinhas no gramado vermelho. O gramado vermelho recebe as patinhas molhadas do cão. Verde. Molhado.
Off - Não tenho, portanto que inquietar-me. Apesar disso estou inquieto.
Não houve lugar em minha vida para outra coisa... Eu não parei nunca. As paradas que fiz não contam. Era pra poder continuar. Tenho que continuar, como se houvesse alguma coisa a fazer, alguma coisa já começada, alguma parte aonde ir. Tem sentido tudo o que aparentemente não tem sentido, e tem sentido tudo o que realmente não tem sentido.
Música. Todos entram com suas maçãs. Olham a maçã sedentos em devorá-la.
Sthéphanie - uma miríade de impressões que o corpo ordena.
Todos comem a maçã. Só se escuta o som das mordidas.
Amanda – Música! Música!
Todos - Música! Música!
Ao longo do texto abaixo forma-se um bolo de pessoas. Um querendo passar pelo outro. Confusão. Pausas. Ao final do texto todos dispersam.
Amanda – Onde fica o coração disso tudo? Será que é o coração que bombeia, faz tudo isso circular?...O coração de tudo isso está no fundo do ventre nos músculos do ventre. São esses mesmos músculos do ventre que, comprimindo as tripas ou os pulmões, servem para defecar ou acentuar a palavra. Não adianta bancar o inteligente, tem é que botar os ventres, os dentes, as mandíbulas pra trabalhar.
Sthéphanie aparece de dentro no armário. Acende a luminária. Observa o público. Um pouco assustada.
Sthéphanie - Meu primeiro dia em meu novo apartamento. Acordei e levei um tempo para assimilar onde estava. Achei que tivesse bebido e dormido num lugar do qual não lembrava, mas não, percebi que era na verdade um sonho, um sonho realizado. Agora tenho meu apartamento próprio, meu próprio apartamento. Tenho próprio, apartamento tenho, próprio, próprio, meu, meu, meu.
A minha sala. Uma sala só minha. Minha só sala tinha! O quarto, o banheiro, a cozinha, as portas, a janela, o chão, o teto, as paredes, tudo só meu e de ninguém mais. Nem me desanimei por ter que desencaixotar, desembrulhar e arrumar tudo, até porque, não tinha tanto lugar assim pra colocar as coisas.
Enquanto fazia a arrumação já imaginava em fazer algo para apresentar minha casa a todos. Mas acho que terei que dividir em grupos, caso contrário não haverá nem espaço, nem lugar para todos sentarem. O que me interessa eu tenho: uma casa minha própria tenho sala cozinha teto minha. O que mais preciso para ser feliz?
Corta para a cena da Amanda vendo televisão com o aparelho de abdominal. Raquel aparece pela porta de trás.
Raquel - Detesto entrevistas de emprego. É ridículo tentar descobrir defeitos e qualidades das pessoas em menos de 30 minutos de entrevista. Entrevistar mais de uma pessoa ao mesmo tempo, então, só demonstra se a pessoa é comunicativa ou tímida, e ainda assim é relativo! Sem contar as perguntas enigmáticas que eles fazem... “O que você faria na situação tal?” “Se acontecesse isso, isso e isso, como você reagiria?” Posso inclusive me ver numa situação e dizer como eu gostaria de agir se tal coisa acontecesse. Como eu gostaria de agir, não significa que eu agiria desta forma...
Só que eles querem saber como eu reagiria... Qual animal eu seria? Essa pergunta é ótima! Lógico que seria uma águia! Porque águia é uma boa resposta! Águia é um animal soberano, que voa, que tem olhos que enxergam longe! Eu amo lagartixa! Se eu falo que gostaria de ser uma o que eles pensariam de mim? Adoro aquela: “Me cita três defeitos seus”. Eles acham que alguém vai se definir como?
Amanda – Eu sou muito maconheiro e minha mãe quer que eu me ocupe pra largar essa vida.
Cremida – Eu tenho um plano pra matar a lucinha do andar de cima. Quer ver?
Dri – Eu tenho um primo que mora nos EUA e daqui eu posso falar com ele de graça. Não é ótimo?
Déborah – Eu to afim do Marquinhos, da recepção, preciso ficar mais próxima dele.
Manu – Eu tenho catalepsia.
Raquel - Na verdade, li uma estatística que diz que o as pessoas vêem em você é quase 50% diferente do que você pensa sobre você mesmo. Desta forma como eu posso me definir, se a minha definição não será a definição definitiva das próprias pessoas do meu convívio. Então na hora dessas perguntas enigmáticas eu parto para defeitos que podem ser considerados qualidades também, tipo... “Sou exigente demais, muito observadora, detalhista, e ansiosa.” Talvez ansiedade faça com que o candidato seja mais competente naquilo que faz. Demonstra pressa. Pressa nos dias de hoje é bom para o empregador. O importante é fazer o trabalho no tempo determinado. Qualidade é bom, mas fazer o trabalho é melhor! Sei lá!
Rubens - Ligo para Receita Federal. A telefonista atende. Eu digo: Preciso falar com o delegado da Receita Federal... . Pergunta a telefonista: Quem gostaria? Respondo: Gostaria? Eu não disse que gostaria. Na verdade eu não gostaria. Eu preferiria não ter que falar sobre imposto de renda. Eu só disse que preciso falar com o delegado mesmo sem gostar.
Apresentei-me à recepcionista da empresa e disse: Sou Rubem Rodrigues. Tenho uma entrevista marcada. Ela me olhou e perguntou: De onde? Levantei o meu braço em curva e, com o indicador, apontei verticalmente para o cocuruto da minha cabeça e lhe disse: Daqui. Eu poderia ter dito: Da rua Frei Antônio de Pádua, 1521. É no bairro Guanabara, Campinas. Conhece?
Taís - Havendo Deus colocado limites precisos à nossa inteligência é profundamente lamentável que ele não tenha estabelecido limites para nossa estupidez.
Manu - Aviso aos navegantes: serei crítica e radicalista. O colégio é ambiente de socialização, dizem. É também onde você aprende as coisas inúteis que vai usar o resto da vida. Sem dúvida, a grande ilusão que temos é de conseguir desenvolver e/ou aprimorar talentos entre as quatro paredes da sala de aula. Militar ou não, escolas criam soldados. Durante os mais de quinze anos de instrução muitos nadam contra a maré, tentando não afogar uma vocação ou um dom. O que me irrita é ter que saber Bhaskara, se nem cursando matemática avançada na faculdade eu vou usá-la. E eu não estou brincando! Perguntem ao matemático que me contou.
Taís – Avestruz!!!!!! Falam muito mal dos avestruzes injustamente. Seus detratores, movidos por motivos inconfessáveis, declaram que aquelas aves são de estupidez sem paralelo. Dizem que elas, ao se defrontar com um leão, enterram suas cabeças na areia. Se assim eles se comportam é porque devem ser adeptos de uma antiga filosofia que afirmava que “ser é perceber”. Raciocinam os avestruzes: se não percebo o perigo, o perigo não existe para mim. (Traduzido popularmente: “Aquilo que os olhos não vêem , o coração não sente”). Continua o pensamento dos avestruzes: “Posso, assim, me comportar como se ele não existisse, desde que continue com a cabeça enterrada na areia”. Tudo estaria bem se o leão não fosse de verdade. E o resultado é que o avestruz acaba na barriga do leão... Estupidez igual eu somente encontrei em exemplares da espécie Homo Sapiens a que pertencemos. Acham que não percebendo a coisa não existe. Havendo Deus colocado limites precisos à nossa inteligência é profundamente lamentável que ele não tenha estabelecido limites para nossa estupidez. Agora lembrei! Veio-me a memória essa frase ao pensar em leitura dinâmica.
Cena dos comerciais. Cena frenética.
Atriz – Ler rapidamente com retenção total! Por que gastar um mês lendo Grande Sertão – Veredas se com as técnicas de leitura dinâmica você poderá lê-lo em uma hora?
Atriz – A vida moderna corre rápida. Não há tempo para vagarezas. Ler dinamicamente é muito importante no preparo para o vestibular.
Atriz – Quem anda devagar fica para trás.
Taís – Sugiro que a filosofia da leitura dinâmica seja também aplicada a outras áreas.
Atriz – Sexo dinâmico. Por que perder tempo gastando uma hora fazendo amor se com a técnica do sexo dinâmico tudo se realiza em dois minutos?
Atriz – Comer dinamicamente! Quanto tempo se perde nas refeições! Com a técnica da comida dinâmica um jantar termina em cinco minutos.
Atriz – Música dinâmica! A Nona Sinfonia pode ser ouvida em dois minutos!
Atriz – Durma também dinamicamente! Você terá muito mais tempo para fazer outras coisas!
Déborah – Milagre dinâmico! Esse existe há muito tempo!!!!!!!!!! Muito antes da leitura dinâmica.
Anote essa data 19 de abril, dia de santo Expedito. Expedito quer dizer “aquele que resolve problemas com presteza”. É o santo milagreiro de minha devoção porque atende o pedido por um milagre no dia em foi feito. Sendo assim, não entendo por que os outros santos milagreiros ainda têm devotos. Prefiro soluções rápidas. Com tal presteza, é certo que os devotos dos santos vagarosos acabarão por aderir ao santo Expedito.
Todos – Santo Expedito, Santo Expedito, Santo Expedito.
Todos – Amém!
PAI (Amanda) - Vamos , vamos começar ... hoje estamos todos reunidos em pró do espírito natalino. Agora daremos início ao nosso tradicional amigo oculto. O meu amigo oculto trai minha filha há dois anos e só ela não enxerga isso !
FILHA (Déborah) - (levanta e grita) Armando !!
PAI - Acertou meu filha.
ARMANDO (Rubens) - (recebe o presente) Obrigado, obrigado... Bem, a minha amiga oculta é uma pessoa que eu gosto muito, muito, em todos os sentidos ela é uma gracinha....
FILHA - ( levanta e grita) Inês !! (esposa de Armando)
ARMANDO - Não, é a Maria (empregada da família).
MARIA (Sthéphanie) - (recebe o presente)Obrigada ,obrigada (pisca para Armando). Bem, o meu amigo oculto está me devendo 300 reais...
MÃE (Dri) - (um pouco sem graça) Sou eu (recebe o presente e demonstra-se insatisfeita). O meu amigo oculto é uma adolescente um pouco rebelde, drogada... e já foi até presa...
FILHA - Aeee valeu mãe !! ( dá um tapa nas costas da mãe). A minha amiga oculta é...(faz um gesto de chifruda).
TODOS: Inês !!
INÊS - (recebe o presente )Aii, que presente horrível ! O meu amigo oculto é uma pessoa um pouco mau humorada mas que admiro muito... (pausa, todos estranham o elogio, mas acabam se emocionando)... admiro sua coragem de correr da polícia quando é pego roubando, sua cara de pau de andar com a cabeça erguida mesmo devendo até a alma. Ele é o meu pai!!
PAI - (recebe o presente)Obrigado filha. Agora é a hora daquele abraço caloroso, afinal somos uma família não é mesmo?
Todos se olham meio sem graça e ao mesmo tempo desconfiados , mas acabam se abraçando... o abraço acaba virando um show de beliscões, mordidas enfim um show de agressões
Toque de telefone. Os atores saem de cena e entram duas atrizes.
Margarida: (estaca) ACONTECEU! Juro!
Telefone toca 4 vezes.Sente uma dor aguda no coração a cada toque.
Margarida: Alô...
Constança: Por obséquio, por favor, pode chamar ao aparelho para mim a Flávia? Meu nome é Constança.
Margarida: Madame Constança, sinto lhe informar que nesta casa não vive ninguém com o nome de Flávia, sei que Flávia é um nome muito romântico, mas é que não tem aqui nenhuma, que é que eu posso fazer?
Constança: Mas essa não é a rua General Isidro?
Margarida: É, sim, mas que número de telefone pediu? Asseguro-lhe que moro aqui há exatamente trinta nos, quando nasci, e nunca houve nesta casa nenhuma jovem chamada Flávia!
Constança: Jovem, coisa alguma, Flávia é um ano mais velha que eu e se esconde à idade isso é problema dela!
Margarida: Talvez não esconda a idade, quem sabe, Madame Constança.
Constança: Que esconde, lá isso esconde, mas pelo menos faça-me o favor de lhe dizer que atenda logo o aparelho e já!
Margarida: Eu... eu... eu estava tentando lhe dizer que nossa família foi a primeira e única moradora desta casinha e lhe afianço, juro por Deus, que nunca morou aqui nenhuma senhora Flávia, e não estou dizendo que a senhora Flávia não existe, mas aqui, minha senhora, aqui -não e-x-i-s-t-e...
Constança: Deixe de ser grosseira, sua sirigaita! Aliás como é o seu nome?
Margarida: Margarida Flores do Jardim.
Constança: Por quê? Há flores no jardim?
Margarida: Ah, ah, ah, a senhora tem bom humor! Não, não há, flores no jardim mas é que meu nome é florido.
Constança: E isso adianta alguma coisa?
Silêncio.
Constança: Adianta ou não adianta, enfim?
Margarida: É que não sei responder porque nunca tinha antes pensado nisso. Só sei responder coisas que já pensei.
Constança: Então faça uma forcinha e mentalize o nome de Flávia e verá que saberá responder.
Margarida: Estou mentalizando, estou mentalizando... Ah, encontrei! O nome de minha empregada de criação é Augusta!
Constança: Mas, criatura de Deus, estou perdendo a paciência, não é de empregada de criação que quero, é Flá-vi-a!
Margarida: Não quero parecer grosseira, mas minha mãe sempre disse que as pessoas insistentes são mal-educadas, desculpe!
Constança: Mal-educada? Eu? Criada em Paris e Londres? Você ao menos sabe francês ou inglês, só para praticarmos um pouco?
Margarida: Só falo a língua do Brasil, minha senhora, e creio que é tempo da senhora desligar porque há essa hora meu chá deve estar gelado.
Constança: Chá às três horas da tarde?
Margarida: O chá é porque eu não tinha o que fazer... Madame Constança. E agora eu lhe imploro em nome de Deus que não me torture mais, imploro de joelhos que desligue o telefone para eu acabar de tomar meu chá brasileiro.
Constança: É, mas não precisa choramingar por isso, Dona Flores, minha única e pura intenção era falar com Flávia para convidá-la para um joguinho de bridge. Ah! Tive uma idéia! Já que Flávia saiu, por que é que você não vem à minha casa para umas carteadas a dinheiro baixo? Hein? Que acha? Não se sente tentada?
Margarida: Meu Deus, não sei jogar jogo nenhum.
Constança: Mas como não?!
Margarida: É isso mesmo. É como não.
Constança: E a que se deve essa falha na sua educação?
Margarida: Meu pai era estrito: na sua casa não entravam vícios de baralho.
Constança: Seu pai, sua mãe e Augusta eram muito antiquados, se me permite dizer e acho que...
Margarida: Não! Não lhe permito dizer! E quem vai desligar o telefone sou eu mesma, com licença de sua madame (deixou o telefone fora do gancho).
Sinal de ocupado. Música. Abraços, brigas, brincadeiras, gargalhadas, choros. Exaustos caem no chão)
Amanda - A cada dia que passa mais e mais o nó cresce a vontade de explodir em gestos e palavras e encantos e em poesia cresce e cresce sem fim... são milhões de imagens, sons, cores, cheiros, gostos, sensações, sublimações, olhares,
Manu- Debaixo das horas eu constantemente estou...isso porque não quero estar acima (das horas)
Amanda – Sei.
Manu-Quem assim se encontra, obviamente é pálido e possui asas compridas.
Amanda – O que você quer dizer com isso?
Manu- Quem parou de nadar afobado e desesperadamente por debaixo do tempo. Aquele que bóia descorado, com os ossos levemente arqueados e desconstruídos.
Amanda - Olha, eu necessito muito ser e estar ao mesmo tempo, para que, o mesmo tempo, não desabe sobre mim e me torne um balão murcho; eu preciso...simplesmente porque preciso.
Manu - E os segundos?
Amanda - me doem os segundos, um após o outro, um após o outro, sem fim nem explicações...
Manu - Temos um motivo sério e cabível para continuar...simplesmente continuar.
Amanda - Dentro do algo que me toca existe um vazio que a cada instante me corporifica dentro de mim, esse vazio é fundo e presente, é dentro e fora do que sou,
Manu - Tudo para e continua, é recortado e colado continuamente; e tudo para e continua, para e continua, mas eu sigo ileso e intocado por tudo.
Amanda - Tenho tanta coisa que preciso sempre ter cada vez mais.
Manu - Preciso do algo que me toca, das flores que me cheiram, do mundo que me gira, dos lábios que me falam, das cinzas que me queimam, dos ombros que me encolhem,
Amanda - das facas que me cortam, dos mortos que me escutam, dos cílios que me piscam, das placas que me acenam, das ruas que me correm, dos sonhos que me acordam, dos livros que me entendem, dos cegos que me enxergam,
Manu - das luas que me apagam, da pele que me sente, dos cheiros que me acolhem, dos olhos que me olham, dos braços que me abraçam, das bocas que me beijam, da vela que me acende...
Amanda - continuar...simplesmente continuar.
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