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quinta-feira, 31 de julho de 2008

Pedaços de cais

MARIA - Daqui de onde me sento não posso ver a areia. Mas vejo a beira me causa dor, não sei porquê. Eu gostava de pisar e ver meus pés sumindo. Agora não. Agora é lama. E fede como fede cosia morta. a beira morreu. A beira é a própria morte.
Ali é só beira, pedra e mar. É bonito, mas perturba. Me dá agonia, vontade de gritar e guardar o grito na boca.
O vento aqui me corta. Deve ser a areia. A terra. Assim como Paulo me corta agora, e já foi vento úmido, me molhava e me limpava, trazia o mistério na mala e no corpo.
Trazia o mar e o mistério e as ondas na língua, nos lábios, nas costas, nos pés. E nas mãos. Agora é segredo. Segredo duro como pedra, verdade clara como sol. Dói como o vento que corta.
Lá longe. As nuvens não me deixam ver. Lá longe onde não há movimento. Pra onde eu olho e acho que posso pisar. Quisera eu andar sobre o mar, subir seus montes, descer escadas, chegar onde tudo é festa. Onde tudo brilhe. As cidades de Paulo têm uma luz amarga.
Azul, você me cansa, me tortura, porque você já sou eu, mas por fora, pela pele. Estou afogada. Afundando. É o peso de mim.

Mais detalhes em http://agnuslucas.blogspot.com/

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