Meu amor
Eu não acredito em nada. Tento acreditar de novo, mas não consigo, eu perdi o fio. Sei que você existe. Mas não posso acreditar que vá ler. Mesmo assim invento que você pode me escutar e me ler. E acredito nisso pra poder ser feliz, e pra dizer um monte de coisas que não disse.
Passei esses dias com as pessoas que conheci por sua causa. Acabei não vendo as pessoas que conhecemos juntos. E eu me tornei mais que “o amigo da Amanda”, mas estou com remorso e queria voltar a ser “o amigo da Amanda”. Já senti culpa. Eu podia ter estado lá em algum momento. Mas sua mãe, que é uma mulher incrível, contou sobre como foram as coisas, a luz, Marlene. Agora está doendo, por exemplo, e eu nem tinha pensado nisso, nas festas que eu não fui, nos dias que saí escondido logo de manhã, nas vezes em que não lutei por um motivo tão bom e tão forte: você.
Todos nos reunimos e choramos muito. Rimos, lembramos. Madame se preocupou muito e evitou desesperar as pessoas. Ela estava muito forte, e às vezes gritava. Aliás, todos se mostraram como são, voltaram a ser o que sempre foram. Eu voltei pra minha casa, claro. A maioria se reuniu na casa da Nina. Deve ter sido uma homenagem bonita. Aqui em casa foi um inferno. Perdoe meus pais. Eles se importaram com o meu cheiro de cigarro enquanto eu dizia: minha amiga morreu. Ontem, depois do enterro, houve ensaios, um esforço pra continuar a vida. Alguns tentaram ser mais práticos, chorar tudo o que tinham pra chorar. Outros ficaram sozinhos pelos cantos, sem dizer palavra.
Não sei se vou conseguir sem você, levar à frente nossos sonhos. Sei que é um compromisso. Mas não sei se consigo sozinho. Não sei se vale a pena subir num palco sem ter a esperança de que você vai me assistir. Não sei se vale a pena ver um filme em preto e branco. Não sei se vale a pena ver peça de um real. Se eu cantasse, sei que algumas canções só você entenderia e riria sozinha. Você sorrindo. Nó na garganta. Todos te amam muito. Minha mãe chorou com a sua. Renaide te chamou de bebê. Você ouviu? Você também voltou a ser o que sempre foi: um bebê, uma menina que morava em Cordovil com sua boneca, carinha de levada. Um exemplo tão forte pra mim, tão grande. Que mulher! Eu perdi um referencial. E nossa casa? E nossos almoços? Nossos porres? Como disseram você está em cada um de nós. Às vezes parece que você nunca existiu, que foi um sonho e agora eu acordei pra uma vida que não faz muito sentido. Se alguma daquelas pessoas maravilhosas que agora gosto tanto imaginasse o esforço que eu tinha que fazer pra atravessar aqueles corredores e olhar nos olhos. E você dizendo que eu era legal, que me amava. De repente parece que era mentira. Eu imagino a voz da Madame dizendo e penso se não seria uma brincadeira, e esses dois dias, sonho, talvez. E a Amanda do 665 voltando pra casa comigo. E a Amanda em cena comigo, comendo pizza? Amanda tentando vestibular? Amanda me apresentando pessoas. Vocês viram a Amanda? Em que sala que ela ta? Amanda no quarto lilás, na sala branca, na Praia Vermelha. Amanda no Catete. Amanda dirigindo, a gente aprendendo um com o outro. Eu não agüento. Quando é que a gente vai se ver?
Eu te amo. A gente tá sorrindo. Estamos satisfeitos. Eu continuo do jeito que você me deixou: pequenininho, puro, meio bobo, às vezes sério, às vezes levado por você a ser maior, a ter coragem.
Depois de amanhã vou esquecer e vou ter vontade de te visitar. Aí vou lembrar de novo. Estou com medo de estar te devendo alguma coisa. E de me punir depois. Na verdade foi pouco tempo que a gente passou junto. E você é uma das pessoas mais importantes da minha vida. Quando crescer vou ser que nem voce, forte.
O TREM AZUL
(Lo Borges e Ronaldo Bastos)
Coisas que a gente se esquece de dizer
Frases que o vento vem as vezes me lembrar
Coisas que ficaram muito tempo por dizer
Na canção do vento não se cansam de voar
Você pega o trem azul
O sol na cabeça
o sol pega o trem azul
Você na cabeça
O sol na cabeça
SAMBA DA PERGUNTA (ASTRONAUTA)
(Pingarrilho e M. Vasconcelos)
Ela agora mora só no pensamento
Ou então no firmamento
Em tudo que no céu viaja
Pode ser um astronauta
Ou ainda um passarinho
Ou virou um pé de vento
Pipa de papel de seda
Ou, quem sabe
Um balãozinho
Pode estar num asteróide
Pode ser a Estrela Dalva
Que daqui se olha
Pode estar morando em Marte
Nunca mais se soube dela
Desapareceu...
MENINA AMANHÃ DE MANHÃ (O SONHO VOLTOU)
(Tom Zé e Perna)
Menina , amanhã de manhã
Quando a gente acordar quero te dizer
Que a felicidade vai desabar sobre os homens
Vai, desabar sobre os homens
Vai, desabar sobre os homens
Na hora ninguém escapa
De baixo da cama ninguém se esconde
A felicidade vai desabar sobre os homens
Vai, desabar sobre os homens
Vai, desabar sobre os homens
Menina, ela mete medo
Menina, ela fecha a roda
Menina, não tem saída
de cima, de banda ou de lado
Menina, olhe pra frente
menina, todo cuidado
Não queira dormir no ponto
Segure o jogo, atenção de manhã
Menina a felicidade
É cheia de praça, é cheia de traça
É cheia de lata, é cheia de graça
Menina, a felicidade
É cheia de pano, é cheia de peno
É cheia de sino, é cheia de sono
Menina, a felicidade é cheia de ano,
É cheia de eno
É cheia de hino, é cheia de onu
Menina, a felicidade
É cheia de an, é cheia de en
É cheia de in, é cheia de on
Menina, a felicidade é cheia de a,
É cheia de é, é cheia de i, é cheia de ó
É cheia de a, é cheia de é,
É cheia de i, é cheia de ó
Eu não acredito em nada. Tento acreditar de novo, mas não consigo, eu perdi o fio. Sei que você existe. Mas não posso acreditar que vá ler. Mesmo assim invento que você pode me escutar e me ler. E acredito nisso pra poder ser feliz, e pra dizer um monte de coisas que não disse.
Passei esses dias com as pessoas que conheci por sua causa. Acabei não vendo as pessoas que conhecemos juntos. E eu me tornei mais que “o amigo da Amanda”, mas estou com remorso e queria voltar a ser “o amigo da Amanda”. Já senti culpa. Eu podia ter estado lá em algum momento. Mas sua mãe, que é uma mulher incrível, contou sobre como foram as coisas, a luz, Marlene. Agora está doendo, por exemplo, e eu nem tinha pensado nisso, nas festas que eu não fui, nos dias que saí escondido logo de manhã, nas vezes em que não lutei por um motivo tão bom e tão forte: você.
Todos nos reunimos e choramos muito. Rimos, lembramos. Madame se preocupou muito e evitou desesperar as pessoas. Ela estava muito forte, e às vezes gritava. Aliás, todos se mostraram como são, voltaram a ser o que sempre foram. Eu voltei pra minha casa, claro. A maioria se reuniu na casa da Nina. Deve ter sido uma homenagem bonita. Aqui em casa foi um inferno. Perdoe meus pais. Eles se importaram com o meu cheiro de cigarro enquanto eu dizia: minha amiga morreu. Ontem, depois do enterro, houve ensaios, um esforço pra continuar a vida. Alguns tentaram ser mais práticos, chorar tudo o que tinham pra chorar. Outros ficaram sozinhos pelos cantos, sem dizer palavra.
Não sei se vou conseguir sem você, levar à frente nossos sonhos. Sei que é um compromisso. Mas não sei se consigo sozinho. Não sei se vale a pena subir num palco sem ter a esperança de que você vai me assistir. Não sei se vale a pena ver um filme em preto e branco. Não sei se vale a pena ver peça de um real. Se eu cantasse, sei que algumas canções só você entenderia e riria sozinha. Você sorrindo. Nó na garganta. Todos te amam muito. Minha mãe chorou com a sua. Renaide te chamou de bebê. Você ouviu? Você também voltou a ser o que sempre foi: um bebê, uma menina que morava em Cordovil com sua boneca, carinha de levada. Um exemplo tão forte pra mim, tão grande. Que mulher! Eu perdi um referencial. E nossa casa? E nossos almoços? Nossos porres? Como disseram você está em cada um de nós. Às vezes parece que você nunca existiu, que foi um sonho e agora eu acordei pra uma vida que não faz muito sentido. Se alguma daquelas pessoas maravilhosas que agora gosto tanto imaginasse o esforço que eu tinha que fazer pra atravessar aqueles corredores e olhar nos olhos. E você dizendo que eu era legal, que me amava. De repente parece que era mentira. Eu imagino a voz da Madame dizendo e penso se não seria uma brincadeira, e esses dois dias, sonho, talvez. E a Amanda do 665 voltando pra casa comigo. E a Amanda em cena comigo, comendo pizza? Amanda tentando vestibular? Amanda me apresentando pessoas. Vocês viram a Amanda? Em que sala que ela ta? Amanda no quarto lilás, na sala branca, na Praia Vermelha. Amanda no Catete. Amanda dirigindo, a gente aprendendo um com o outro. Eu não agüento. Quando é que a gente vai se ver?
Eu te amo. A gente tá sorrindo. Estamos satisfeitos. Eu continuo do jeito que você me deixou: pequenininho, puro, meio bobo, às vezes sério, às vezes levado por você a ser maior, a ter coragem.
Depois de amanhã vou esquecer e vou ter vontade de te visitar. Aí vou lembrar de novo. Estou com medo de estar te devendo alguma coisa. E de me punir depois. Na verdade foi pouco tempo que a gente passou junto. E você é uma das pessoas mais importantes da minha vida. Quando crescer vou ser que nem voce, forte.
O TREM AZUL
(Lo Borges e Ronaldo Bastos)
Coisas que a gente se esquece de dizer
Frases que o vento vem as vezes me lembrar
Coisas que ficaram muito tempo por dizer
Na canção do vento não se cansam de voar
Você pega o trem azul
O sol na cabeça
o sol pega o trem azul
Você na cabeça
O sol na cabeça
SAMBA DA PERGUNTA (ASTRONAUTA)
(Pingarrilho e M. Vasconcelos)
Ela agora mora só no pensamento
Ou então no firmamento
Em tudo que no céu viaja
Pode ser um astronauta
Ou ainda um passarinho
Ou virou um pé de vento
Pipa de papel de seda
Ou, quem sabe
Um balãozinho
Pode estar num asteróide
Pode ser a Estrela Dalva
Que daqui se olha
Pode estar morando em Marte
Nunca mais se soube dela
Desapareceu...
MENINA AMANHÃ DE MANHÃ (O SONHO VOLTOU)
(Tom Zé e Perna)
Menina , amanhã de manhã
Quando a gente acordar quero te dizer
Que a felicidade vai desabar sobre os homens
Vai, desabar sobre os homens
Vai, desabar sobre os homens
Na hora ninguém escapa
De baixo da cama ninguém se esconde
A felicidade vai desabar sobre os homens
Vai, desabar sobre os homens
Vai, desabar sobre os homens
Menina, ela mete medo
Menina, ela fecha a roda
Menina, não tem saída
de cima, de banda ou de lado
Menina, olhe pra frente
menina, todo cuidado
Não queira dormir no ponto
Segure o jogo, atenção de manhã
Menina a felicidade
É cheia de praça, é cheia de traça
É cheia de lata, é cheia de graça
Menina, a felicidade
É cheia de pano, é cheia de peno
É cheia de sino, é cheia de sono
Menina, a felicidade é cheia de ano,
É cheia de eno
É cheia de hino, é cheia de onu
Menina, a felicidade
É cheia de an, é cheia de en
É cheia de in, é cheia de on
Menina, a felicidade é cheia de a,
É cheia de é, é cheia de i, é cheia de ó
É cheia de a, é cheia de é,
É cheia de i, é cheia de ó
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