O melhor café você conhece pelo cheiro

sábado, 4 de outubro de 2008

Quase 20

Duas semanas para completar os 20. E não me sinto com 20, nem com idade nenhuma. Me toco, me vejo, não sei quantos anos pareço ter, sinto ter. Ontem senti uma vontade muito grande, mas não a realizei. Hoje um dos meus prazeres se mostrou insuficiente. É preciso viver, viver grandemente. Tenho roçado a barra de minha calça pela vida, a ponta de meus dedos, meus olhos ferinos. Eu não sei como se dança, eu não sei dançar, sete e sete são catorze. Dez e dez são vinte. Vinte e dez são trinta. Um dia eu bem que disse: Sou Lucas Passarinho Flor-de-laranjeira Cadeira, 30 anos.
"...a sombra leve da morte passando sempre por perto, e o sentimento mais breve rola no ar e descreve a eterna cicatriz. Mais uma vez, mais de uma vez, quase que fui feliz."
Mas não tenho vontade nenhuma de me matar. Nenhuma mesmo.
É que me envergonho um pouco. Por ser tão inerte, por não me arriscar (de acordo com o mundo, porque até me arrisco bastante). Além disso a cobrança da família. Por que todos começaram a trabalhar com 15 anos e o Luquinhas não. Acho que quem faz faculdade na minha família é astro ou vagabundo.
Como sempre, há algo inexplicável acontecendo. Deve ser o tempo. Ele deve estar acontecendo.
Os compromissos para amanhã, os planos para o ano. Quais os planos para hoje, para agora? O que eu deveria fazer? Deveria me arrumar, me perfumar, e sair sozinho. Mas não. Estou aqui digitando meu desespero em vez de curá-lo efetivamente. "Efetivamente" não expressa bem. Diluir, jogar um balde d'água nele, esfregar com sabão, rir da cara dele. Me sentir pequeno e gostar disso. Olhar pra uma paisagem horizontal, abrir os braços e andar.
Uma vez falei aqui de colher meus frutos. Isso foi esclarecedor demais, não foi?

Sei que falam de mim, sei que zombam de mim
Oh Deus, como sou infeliz
Vivo à margem da vida, sem amparo ou guarida
Oh Deus, como sou infeliz
Já tive amores, tive carinhos
Já tive sonhos
Os desamores levaram minh'alma por caminhos tristonhos
Hoje sou folha morta que a corrente transporta
Oh Deus, como sou infeliz, infeliz
Eu queria um minuto apenas pra matar minhas penas
Oh Deus, como sou infeliz.


Não sinto dor nenhuma quando escuto isso. Fico é sorrindo. Aliás, escrevi essas música só porque acho ela bonitinha. Minha dor não tem som que a represente. Minha dor é silêncio. Minha dor é leve, pequena, e é silêncio. Às vezes eu acho que sou feliz à beça e não sei.

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