O melhor café você conhece pelo cheiro

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

4 paredes

1 - Gostei do texto do Tomás porque me doeu logo de cara. Mas ele também abre espaço para extirpar a dor através dele. Não é uma coisa que apenas atira a dor na tua cara, como se fosse melhor que você, não é Cazuza (com todo respeito ao Cazuza, gosto pacas dele, mas Lucinha Araújo nunca pagou minha maconha). Estou animado com a proposta. Vai ser (in)tenso, mas tranqüilo, um ara de tranqüilidade por trás de tudo, deve ser por causa das pessoas.
2 - Alguma coisa da minha raiz tem emergido. A Paraíba no sangue, a Barreira do Vasco na alma, a Escola de Teatro Martins Pena na pele, a zona sul nos olhos. Acho que este sou eu. Meu pai é de uma terra úmida, do mato, de uma gente que mantém valores muito antigos, como cumprimentar pessoas desconhecidas ao cruzar com elas. Minha mãe é de uma geração depois, de uma terra de mato seco, sem banheiro em casa, sem horizonte, de uma gente que achava que a cidade era um paraíso e agora anda de cabeça baixa pelas ruas cinzentas, com medo, apesar de rirem muito alto quando estão entre os seus. E eu vim daí. Além disso, morei num lugar onde as crianças brincavam na rua. Mas a minha família era a família cabreira da rua. Eu não brincava na rua. Papai trabalhava em dois empregos e eu quase não o via. Ele era apenas o homem que comprava o pão e o leite. Mas se eu, raramente, o esperava até tarde, assistindo tv com mamãe, ele era um herói. Se homossexualismo tiver a ver com Édipo invertido mesmo, foi isso o que marcou: não atração por homens como meu pai, mas atração pela espera. A espera de minha mãe por ele. Papai é Nascimento. Mamãe é Da Silva.
3 - Retomando porque sei que Amanda gosta: "Sou Lucas, tenho 19 anos, e sou quase-feliz."
4 - Assistam Cinema Paradiso.

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