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quarta-feira, 18 de junho de 2008

atemporalidade de um diálogo surrealista?

Menino – Olá!
Menina – Não se usa mais falar Olá!, não é mesmo?
Menina – É... Então eu devo não existir, ou então acabei de sair do século passado diretamente para o seu quarto!

Menina – O que faz aqui?
Menino – Aquilo que ainda não estamos fazendo...
Menina – Eu não vou transar com você!
Menino – Nossa... Imagino que nem esteja com tanta vontade...
Menina – Ai, menino...
Menino – É, menina...
Menina – O quê?
Menino – Você não quer?
Menina – O quê?
Menino – Você é ingênua, não é?
Menina – O quê?
Menino – E pudica também, não é mesmo?
Menina – O quê?
Menino – E costuma interrogar quando deve responder, não é?
Menina – Ah?Menino – Ou quando não sabe o que responder, usa sempre um gemido interrogatório, como esse seu Ah?...

Menina – Escuta uma coisa, pirralho!
Menino – Diga, amor da minha vida.
Menina – Saia já do meu quarto!
Menino – Não estou no seu quarto.
Menina – Ah?
Menino – Estou na folha de um escritor, sou um personagem, que por sinal é muito chato!
Menina – Ah? Então eu sou uma personagem vazia e perdulária, que quando não sabe o que dizer, fica perguntando coisas, é isso? Responda! É isso?

Menino – Não é preciso responder...
Menina – Ah, ótimo. Voltemos ao começo do diálogo pois.
Menino – O quê?
Menina – Não! Você dizia Olá!, lembrou-se?
Menino – Ah, sim. Olá!
Menina – Olá!
Menino – Eu não deveria existir. Sou daqueles que viveram no século passado.
Menina – E o que faz aqui, a essa hora?
Menino – Vim para aquilo que ainda não pudemos fazer...
Menina – O amor não carece de pressa!
Menino – Nossa... Acabo de me sentir menosprezado...
Menina – Ai, menino...
Menino – É, menina...
Menina – O quê?
Menino – Você não me quer?
Menina – O quê?
Menino – Eu sou ingênuo, não é?
Menina – O quê?
Menino – E pudico também, não é mesmo?
Menina – O quê?
Menino – E que costuma interrogar quando deveria responder, não é?
Menina – Ah?Menino – Ou daqueles que quando não sabem o que dizer, usam sempre uns gemidos interrogatórios...

Menina – Escuta uma coisa, não há nada de pirralho!
Menino – Diga então, amor da sua vida.
Menina – Saia, já pro meu quarto!
Menino – Não estou no seu quarto.
Menina – Ah?
Menino – Estou na folha de um escritor, sou poesia, que por sinal é de péssima categoria!
Menina – Ah? E eu sou uma estrofe vazia, que quando não sabe o que dizer, fica perguntando coisas. Não é isso?

Menino – Não saberia responder...
Menina – Pois isso é ótimo. Nos faz voltar ao começo do diálogo.
Menino – Olá, então!
Menina – Você dizia Olá?
Menino – Ah, sim. Dizia Olá!
Menina – Olha lá, hein!
Menino – Na verdade, eu não deveria existir. Sou daqueles que já viveram...
Menina – E o que faz aqui, então?
Menino – Vim para fazer algo que em vida não pude fazer...
Menina – O amor é eterno, já deu pra ver!
Menino – Nossa... Acabo me sentindo... Prezada senhora...
Menina – Ai, menino...
Menino – O que foi, menina?
Menina – O quê?
Menino – Você...
Menina – O quê?
Menino – Eu sou... não é?
Menina – O quê?
Menino – E também... não é mesmo?
Menina – O quê?
Menino – E que... deveria responder, não é?
Menina – Ah?Menino – Ou daqueles que... interrogatórios...
Menina – Não se usa mais falar, não é mesmo?
Menina – É... Então eu devo não existir e passar diretamente para o seu quarto?
Menina – E o que faz aqui?!
Menino – Aquilo...
Menina – Não!
Menino – Nossa...
Menina – Ai, menino...
Menino – É, menina...
Menina – Oh...
Menino – Você...
Menina – Oh...
Menino – Você...
Menina – Oh...
Menino – É pudica também...
Menina – Oh...
Menino – E... não é?
Menina – Ah!Menino – Ou quando... esse seu Ah?...
Menina – Escuta, pirralho!
Menino – Diga: amor da minha vida!
Menina – Saia!
Menino – Não!
Menina – Ah?
Menino – Estou na folha, no limbo...
Menina – Então eu sou vazia?
Menino – Sim, vadia!

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