O melhor café você conhece pelo cheiro

quarta-feira, 4 de janeiro de 2006

E nas minhas canelas lê-se

Queria me mover agora no sentido em que me movia no final do não retrasado e início do ano passado. Será que embruteci? Vejo nesse momento como se estivesse fazendo algo muito correto e bonitinho. Esqueço que um dia me angustiei. Não. Talvez eu não queira mais ser. Troquei toda uma fama criada por uma atitude hostil às autoridades por uma fama mentirosa baseada no passado, troquei por uma atitude calma da passividade de freiras cegas bordadeiras.
Sou calma não, só pareço.
Também não sou nervosa, agressiva. Eu sou extremamente intensa. Explodo com qualquer coisinha. Mas não necessariamente estou sentindo raiva ou quero matar ninguém. É só uma maneira de dizer: “Olha, me incomodou.” Maneira que devo ter adquirido no teatro. Porque antes eu nem falava nada, agora eu ajo com teatralidade, porque na verdade eu não sinto. Eu só descobri uma maneira de não ser mais magoada. Se te cutucam e apesar de não sentir dor ou algo do tipo tem uma sensação de que alguém está invadindo o seu espaço, o que há de se fazer? Duas opções: “Você na sua atitude de me cutucar está de certo modo invadindo o meu espaço, a minha privacidade de não ser cutucada”. Nesse tão calmo e pacífico. Ou você pode gritar: “pára de me cutucar, porra!” dentro do que eu venho fazendo de teatro (vai fazer 4 anos em fevereiro) vi que na segunda opção terei mais consistente da platéia. É. É mais fácil ser intensa.

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