Índios
Rio, 3/05/2009 - 19:40
Índio não gosta de usar sapatos. Meus pés se acostumaram com os chinelos que os índios fizeram para meus pés se acostumarem com o não pisar no chão. Quero pisar no chão, mas quero morar em paz. Estou a um passo da paz. Mas preciso pisar no chão.
Índio não gosta de açucar. Gosta de pintar o corpo. Gosta de se enfeitar e gosta de saber, pela observação da natureza, o que vai acontecer.
Índio gosta de trabalhar no que gosta e esquecer aporrinhação. Índio gosta de saber o quão o céu está estrelado. Gosta de sentir calor e gosta de andar nu.
Índio gosta de higiene.
Índio gosta de receber bem.
Índio gosta de partir.
Índio gosta de Liberdade.
Índio que é índio sorri o sorriso mais aberto e sincero do mundo a quem ele confia. E confiança é gratuita. Índio sabe em quem confiar. E índio sabe fugir de lugar que não o deixa bem. Fugir? Índio sabe o que faz ele bem e vai atrás.
Índio é forte e acredita no Tempo. Sabe a hora de dizer não. Sabe a hora de correr da chuva e sabe quando ela só vai durar trinta minutos. Quando ela vai ser passageira.
Índio sabe o quão pequeno é diante de tamanha natureza e ri de quem acha que é grande demais. Índio sabe pra onde aponta o sul e nem liga de ser chamado de índio por quem sabe - por muito "estudo" - pra onde fica o norte. Índio tem memória mas não guarda rancor. Índio fala melhor que escreve e passa a sabedoria dele. Porque ele é mais sábio que qualquer homem branco.
Índios vivemos em comunidade. Resolvemos nossos problemas dentro dela e não temos líderes, temos guias.
Nós índios, quando queremos brincar com homem branco - somos muito brincalhões aliás - dizemos que somos videntes, que temos poderes especiais. Isso passa. Sabemos falar sério como homem branco, talvez até isso seja uma brincadeira, também!
Para Tainá (ou que nome ela tenha), para Rubs como todo o meu amor, para os índios de toda terra e para Gio.
O texto acima foi escrito com algumas interrupções, natural, sou índio. A primeira foi de uma preocupação que eu tentei amenizar, não sei se consegui. De duas ligações telefônicas que precisei fazer. De uma conversa sadia com pessoa calma que nós índios sabemos identificar somente com os olhos. E para dúzias de vezes para olhar as estrelas que eu não conseguia ver de dentro da casa de homem branco. E pensamentos. Que desta vez não deixei fluir no papel. Só dessa vez.
20:55
Índio não gosta de usar sapatos. Meus pés se acostumaram com os chinelos que os índios fizeram para meus pés se acostumarem com o não pisar no chão. Quero pisar no chão, mas quero morar em paz. Estou a um passo da paz. Mas preciso pisar no chão.
Índio não gosta de açucar. Gosta de pintar o corpo. Gosta de se enfeitar e gosta de saber, pela observação da natureza, o que vai acontecer.
Índio gosta de trabalhar no que gosta e esquecer aporrinhação. Índio gosta de saber o quão o céu está estrelado. Gosta de sentir calor e gosta de andar nu.
Índio gosta de higiene.
Índio gosta de receber bem.
Índio gosta de partir.
Índio gosta de Liberdade.
Índio que é índio sorri o sorriso mais aberto e sincero do mundo a quem ele confia. E confiança é gratuita. Índio sabe em quem confiar. E índio sabe fugir de lugar que não o deixa bem. Fugir? Índio sabe o que faz ele bem e vai atrás.
Índio é forte e acredita no Tempo. Sabe a hora de dizer não. Sabe a hora de correr da chuva e sabe quando ela só vai durar trinta minutos. Quando ela vai ser passageira.
Índio sabe o quão pequeno é diante de tamanha natureza e ri de quem acha que é grande demais. Índio sabe pra onde aponta o sul e nem liga de ser chamado de índio por quem sabe - por muito "estudo" - pra onde fica o norte. Índio tem memória mas não guarda rancor. Índio fala melhor que escreve e passa a sabedoria dele. Porque ele é mais sábio que qualquer homem branco.
Índios vivemos em comunidade. Resolvemos nossos problemas dentro dela e não temos líderes, temos guias.
Nós índios, quando queremos brincar com homem branco - somos muito brincalhões aliás - dizemos que somos videntes, que temos poderes especiais. Isso passa. Sabemos falar sério como homem branco, talvez até isso seja uma brincadeira, também!
Para Tainá (ou que nome ela tenha), para Rubs como todo o meu amor, para os índios de toda terra e para Gio.
O texto acima foi escrito com algumas interrupções, natural, sou índio. A primeira foi de uma preocupação que eu tentei amenizar, não sei se consegui. De duas ligações telefônicas que precisei fazer. De uma conversa sadia com pessoa calma que nós índios sabemos identificar somente com os olhos. E para dúzias de vezes para olhar as estrelas que eu não conseguia ver de dentro da casa de homem branco. E pensamentos. Que desta vez não deixei fluir no papel. Só dessa vez.
20:55
2 Comentários:
Às vezes homem branco toma sol e mora em oca.
Às 11:12 PM
Minha diretora é índia e, eu a amo por isso...mesmo sem nunca ter suspeitado. Saber do seu indiocismo faz todo o sentido das coisas!!!
Às 10:10 AM
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