O melhor café você conhece pelo cheiro

terça-feira, 1 de julho de 2008

The Gift

(De: Lou Reed/John Cale
Traduzido por: Érica Bueno)
Waldo Jeffers alcançara seu limite.
Era agora meio de agosto, o que significa que ele
Estava separado de Marsha mais que dois meses.
Dois meses, e tudo o que ele tinha pra mostrar eram três cartas com orelhas
E duas ligações de longa-distância extremamente caras.
Verdade, quando ela terminou o celegial e voltou
Para Wisconsin, e ele pra
Locust, Pennsylvania, ela teve que jurar que manteria
uma fidelidade incorruptível. Ela marcará
encontros acosionais, mas só por mera distração.
Ela permanecerá fiel.

Mas ultimamente Waldo começou a se preocupar. Teve problemas
Para dormir à noite e quando
conseguiu, teve sonhos horríveis. Ele Fica acordado na cama à noite
Rodando e virando
Embaixo de sua colcha-protetora dobrada, lágrimas jorrando
Em seus olhos conforme ele
Imaginava Marsha, seu juramento entregue à bebida e
Ao afago tranqüilizador
De algum retardado, finalmente submetendo-se
Aos carinhos finais de um sexo entorpecedor
Era mais do que a mente humana poderia suportar.

Visões da traição Marsha assombrando-o.
Fantasiando nas horas do dia o abandono
sexual permeando seus pensamentos.
Não entenderiam como ela realmente é.
Ele, Waldo, entendia isso sozinho
Ele intuitivamente captava
Cada canto e fenda de sua psique (alma)
Ele a fez sorrir.
Ela precisava dele, e ele não estava lá (Ahwww...).

A idéia veio-lhe na quinta-feira antes do
Desfile de Máscaras ser agendado para acontecer.
Ele tinha acabado de aparar e traçar
a grama dos Edelsons por um dólar e cinqüênta
e tinha verificado a caixa postal para ver se
havia ao menos uma palavra de Marsha.
Não havia nada a não ser uma carta-circular
Da Companhia de Alumínio Fundido
Da América inquirindo a respeito de suas causas
Ao menos importaram-se o bastante para escrever.

Era uma Companhia de Nova York. Pode-se chegar à qualquer lugar
por correspondência. Então isso o fez perceber.
Ele não tinha dinheiro suficiente para ir a Wisconsin
Numa roupa aceitável, é verdade
mas porque não enviar-se pelo correio?
Seria incivelmente simples.
Se enviaria num embrulho pelo correio, entrega especial.
No dia seguinte Waldo foi ao supermercado
para comprar o equipamento necessário.
Comprou fita adesiva, uma pistola de grampo e uma
caixa-cartão de tamanho médio apropriado
para uma pessoa de seu porte. Ele descobriu que
Com o mínimo de bagagem poderia viajar perfeitamente confortável.
Algumas aberturas, um pouco de água, talvez
algum aperitivo pra de noite, e seria
Aprovavelmente tão bom quanto um passeio de turista.

Sexta-feira pela tarde, Waldo estava pronto.
Estava perfeitamente empacotado e o carteiro
concordou em apanhá-lo às três horas.
Ele marcou o pacote como "Frágil"
E enquanto ele estava lá dentro sentado enroscado
descansando no forro de espuma de borracha
Ele tinha tudo bem planejado, tentou
visualizar o olhar espantado e
feliz no rosto de Marsha quando ela abrise a porta,
e vise o pacote, daria gorjeta ao entregador
E então abriria e finalmente veria Waldo em pessoa.
Ela o beijaria e então talvez eles podessem assistir um filme.
Se ele tivese pensado nisso antes.
Derrepente mãos brutas seguraram seu pacote
e ele sentiu ser garregado pra cima.
Desembarcou com uma pancada num caminhão e foi.

Marsha Bronson tinha acabado de arrumar o cabelo
Tinha sido um final de semana muito difícil.
Ela teve que se lembrar pra não beber daquele jeito.
Bill tinha sido gentil de qualquer forma.
Depois que terminou ele teve que dizer que ainda a respeitava
e, depois de tudo, era certamente a maneira natural,
e mesmo assim, não, ele não a amava,
sentiu uma afeição por ela.
E depois, eles eram adultos crescidos.
Ah, o que Bill poderia ensinar à Waldo -
mas isso parecia muitos anos atrás.

Sheila Klein, sua melhor, melhor amiga,
andou através da porta de tela da varanda
e foi pra cozinha.
"Meu Deus, lá fora está incrivelmente sentimental."
"Ach, sei o que quer dizer, me sinto repulsiva!"
Marsha apertou o cinto em seu robe de algodão
com a borda exterior de seda. Sheila ficcionou o dedo
sobre alguns gãos de sal na mesa da cozinha,
lambeu o dedo e fez uma careta.
"Creio que eu deveria
pegar esses gãos de sal mas," ela enrrugou o nariz,
"Eles me dão a sensação de um arremesso pra cina."
Marsha começou a dar tapinhas embaixo
do queixo, uma prática que ela
viu na televisão. "Deus, nem fale nisso."
Ela se levantou da mesa
e foi até a pia onde pegou
um frasco de vitaminas rosa e azul.
"Quer um? Era pra ser melhor que bife,"
então tentou tocar seus joelhos.
"Acho que eu nunca mais vou tocar num daiquiri outra vez"

Ela levantou e sentou, dessa vez mais próxima
da pequena mesa onde estava o telefone.
"Talvez Bill ligue," ela disse para o olhar que Sheila deu.
Sheila mordiscou uma cutícula.
"Depois da noite passada, eu pensei que talvez
você seria sincera com ele."
"Sei o que quer dizer. Meu Deus, ele parecia um polvo.
Mãos por toda parte."
Ela gesticulou, levantando a os braços para cima em defesa.
"A coisa é que, depois de um tempo,
você se cansa de lutar com ele, entende,
e depois de tudo eu realmente não fiz nada
Sexta e sábado, então eu meio que devia isso à ele.
Você sabe o que quero dizer.."
Ela começou a se coçar
Sheila estava rindo com a mão tampando a boca.
"Vou te dizer, eu senti a mesma coisa
e mesmo depois de um tempo.."
aqui ela se curvou num sussuro,
"Eu queria isso!" Agora ela estava rindo bem alto.

Foi aí que o Sr. Jameson
do Escritório Postal de Clarence Darrow
tocou a campainha da ampla casa estruturada em estuque colorido
Quando Marsha Bronson abriu a porta
ele a ajudou a carregar o pacote para dentro
Ele tinha esse papel-cupom amarelo e outro verde
assinado e deixado com quinze centavos de gorjeta
que Marsha havia conseguido
na pequena carteira bege de sua mãe que estava num esconderijo.
"O que você acha que é?" perguntou Sheila.
Marsha ficou de pé com os braços cruzados atrás das costas.
Olhou fixamente para o cartão marrom que estava
no meio do quarto. "Eu não sei."

Dentro do pacote, Waldo virava de
exitação em ouvir as vozes abafadas.
Sheila arranhou sua unha na fita adesiva
que percorreu até o centro da caixa.
"Porque você não olha o endereço do destinatário
e vê de quem é?
Waldo sentiu seu coração batendo.
Ele podia sentir a vibração dos passos.
Seria em breve.

Marsha andou em volta da caixa
e leu a etiqueta com a tinta borrada.
"Ah Deus, é de Waldo!"
"Que babaca!" sisse Sheila.
Waldo tremia com a expectativa.
"Bem, talvez você deva abrir," disse Sheila.
Ambas tentaram erguer a aba do grampo.
"Ah merda," disse Marsha, grunhindo,
"Ele deve ter lacrado com pregos."
Elas puxaram o grampo de novo.
"Meu Deus, precissa de uma broca pra
abrir essa coisa!" Elas puxaram de novo.
"Não se pode apertar tanto."
As duas continuaram de pé, respirando pessadamente.

"Porque você não pega uma tesoura?" disse Sheila.
Marsha correu pra cozinha, mas
tudo o que conseguiu encontar foi uma pequena tesoura de costura.
Então se lembrou que seu pai
mantinha uma coleção de ferramentas no porão.
Ela correu escada abaixo, e quando voltou
carregava um enorme cortador com lâmina de metal na mão.
"Isso foi o melhor que eu consegui encontrar."
Estava bastante ofegante.
"Aqui, você corta. Eu vou morrer"
Ela afundou num grande sofá macio e expirou ruidosamente.
Sheila tentou fazer uma brecha entre
a fita adesiva e a extremidade
do grampo do cartão, mas a lâmina era muito grande
e não avia espaço sufisiente no quarto.
"Deus amaldiçoou essa coisa!" ela disse
sentindo-de bastante irritada. Depois sorrindo
"Tive uma idéia." "O que?" disse Marsha.
"Apenas olhe," disse Sheila,
tocando seu dedo em sua cabeça.

Dentro do pacote, Waldo estava tão transtornado com a
excitação que mal conseguia respirar.
Sua pele pinicava com o calor,
e ele podia sentir seu coração batendo na garganta.
Seria em breve.
Sheila manteve-se completamente reta e
deu a volta até o outro lado do pacote.
Então dobrou os joelhos para baixo,
agarrou o cortador por ambos os punhos,
respirou profundamente, e mergulhou a longa lâmina
através do meio do pacote,
através da fita adesiva,
através do cartão,
através do forro e (thud!)
bem no meio da cabeça de Waldo Jeffers,
que rompeu rapidamente causando
pequenos arcos harmoniosos em vermelho
a pulsar gentilmente no sol da manhã.



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