O melhor café você conhece pelo cheiro

terça-feira, 13 de maio de 2008

Resposta

-Querido Diário. Tenho andando distraído, impaciente e indeciso..
-Eii!!
-Não era bem isso que tínhamos pra dizer, não é?
-Hum.
-Então. Querido Diário: hoje acordei às onze, mal tomei café porque queria ir logo pro computador. Vi dois episódios de tal série e terminei de digitar o ensaio. Quando ia desligar o computador o Rubs surgiu. Ele gosta de se/me atrasar. Acho que faz mais de um ano que não vejo o Rubs no msn. Oportunidade de lembrar velhos tempos. Da igreja sem nome que virou ong e da favela que continua favela. Ele não tinha novidades. Fez perguntas, dei resposta. Acho. Disse pra ele assistir as minhas reuniões de hoje, ele disse que só dinha 15 centavos e que todo mundo tinha ido embora. Eu deixei ele. Cheguei em quase uma hora na faculdade com o guarda-chuva xadrez. Tirei o dinheiro. Fui ver a xerox, não tinha matriz. Encontrei com o Pedro, vi os calouros. Trocamos o banco de lugar. Comecei a reunião. No laguinho. Cortamos um pouco do Berço mais acho que não foi suficiente. O tempo não durou muito. Encontrei com o Júlio. Reunião relámpago. Continuaremos a nos prostituir. Cada um com suas idéias que de longe até parecem iguais, cada um é a muleta do outro. Tomei um pouco do capuccino dele. A Stefano chegou. Fomos pra aula do Piragibe, dele eu estava com saudades. Antes fui no banheiro, acho. E pedi a xerox com o Vaccari. Na volta teve a aula. Eu de par com o Daniel, de novo. Fizemos um ió-ió quase palpável. Depois improvisações. Tinha que ter levado um objeto, eu não sabia. Daí usei o guarda-chuva xadrez. A aula me eletrizou. No intervalo comi a pêra, peguei a xerox, fiquei devendo R$7,50. Estava com a coleira do Júlio. Fizemos performance. Foi legal. Psicologia nos viu. Eu concentrada. Várias pessoas me viram, estáticas. Me libertaram. Eu corri. Tá vendo, errei. Foi aí que peguei a xerox e devi R$7,50. O resto da aula foi boa. Sou voluntariosa e engraçadinha. Estava mais elétrica. Com o fim enrolei uns 10 minutos antes de partir. Ainda tenho aquela sensação: como seria se eu morasse por aqui? Peguei o 455 quando finalmente Pedro concordou em me levar ao ponto. Bom. Li o Berço, continuação dos cortes. Esperei muito tempo o 335 na Uruguaiana. Acho que cheguei 22:38 e saí às dez pras onze. O ônibus teve a mesma leitura, mas com a Takai nos ouvidos pra auxiliar à concentração. Hora depois. Arrumei o quarto em superfície e terminei de ver Once. Todos dormindo. Ninguém fez comida pra mim. Comi queijo e catchup, leite em pó e coca zero. O filme é a coisa mais linda do mundo, porque é filme. A vida tem beijo e tudo estraga. O corpo manda e a gente aceita. Corrói de mau o que duraria pra sempre. Liguei o computador. Fiquei puta com o Julio porque ele não respondia ao msn. Ele se justificouzinho. Eu digitei o que construi na aula da Zazá. E postei uma lista de cinema e série de casais que não se beijam, levemente influenciada por Once. Descobri que o Rubs tinha postado minha postagem no blog dele. Engraçado. E lembrei da resposta. Li antes a poesia. Gostei. Não quero saber do contexto. Porque a obra do século XX (e do nosso também) deve matar o autor. Percebi que bons poetas escrevem melhor em prosa e escrevi isso em um dos meus álbuns do orkut. Em outro escrevi: "Quantas vezes em todos os álbuns ele aparece?" Comecei a escrever a resposta. Que ficou sem sentido. Até agora.
-Era isso que você queria ter dito?
-Não.
-Quer começar de novo?
-Quero. Querido Diário, eu sei que ele já endereçou cartas que não mandou pra mim. Eu já fiz o mesmo. O que é a busca do interlocutor? Por que pensar em alguém pra pensar? Terapia funciona por causa disso? Terapia funciona? Eu queria muito ter alguém com quem falar. E num canal assim, leve, claro. Mas nem tudo são flores e eu fui engolida por um mundo de metáforas pra me roubar a liberdade, me entregar a máscara. A minha máscara é pesada e todos devem carregar a sua. Mas de vez em quando queria mais só um veuzinho pra poder mostrar certas coisas. Mas só pra ele. Nem sempre a gente consegue dizer. Nem sempre quando se consegue se quer. E nem sempre você é acessível. Daí escrevo pra vocês cartas que não vão chegar. Umas viram blog. Outras viram lixo. Outras viram papéis perdidos no buraco negro do meu quarto. Fiz um texto também depois do show do músico que poetiza suas músicas. Mas perdi o papel. Postei texto bobo naquela madrugada. Texto que se bastava, bem redondo. Texto limpo, de enunciado de prova de matemática da quarta série. Quero transgredir barreiras e não tá nem um pouco perto do que eu quero dizer. Nem o que disse naquela postagem. Nem o que digo nessa. Nem na próxima. Descobri que sofro da condição de antetristeza do instante-já. Ansiedade pra alguns. Nem lembro como foi meu domingo. Só lembro disso, da antetristeza, do anteprojeto de mim. E na segunda foi priorizada a válvula de escape. Escapismo. Esse foi o querido diário anterior. Queríamos no dia-a-dia. Mas a vida nos roubou. Vivemos de rolar pedra. Quem sabe se eu sei disso. Amanhã já é hoje. Vou dormir. Tô decidindo se vou pro cinema. Só se for drama. Só se for.
-Satisfeita?
-Não.
-Que bom.

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1 Comentários:

  • adoro o seu dia
    principalmente
    porque ele nunca será
    o seu dia

    sempre esquecemos uma bala
    que ganhamos
    ou demos para alguém

    não acha?

    eu também.


    bjo!

    Às 6:33 PM  

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