O melhor café você conhece pelo cheiro

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Breve descrição impessoal

As paredes são rudemente pintadas de branco. Junto com as maçanetas de metal acobreado. Junto com cada trinco. As portas, duas, têm vidros, dois, que escondem antes de revelar. Vem mais a luz. A luz do outro lado. A brancura, seca e rude é quebrada na ala leste. Onde paredes tristes e melancólicas foram levantadas de lilás. Ou rosa. O chão é madeira de taco que pode ser arrancado. Que esconde poeiras antigas, de peles históricas, de pêlos que não vivem mais em memória de ninguém. O chão que é branco pode ser assim por um ou dois dias, não mais, dada a quantidade de habitantes e as possibilidades de sujeira que eles podem produzir.
Tem, entre o chão de madeira e a parede que toca nele, uma madeirinha mais torta, pintada de branco também. Tem várias cadeiras, ou lugares pra sentar. Cada uma tem sua peculiaridade. Mas nenhuma está conjunta, em par. Tem um par, mas elas são bem novas e vão se separar em breve. Sem saudades.
Em alguns cantos têm paredes salientes, como se ao todo, em vez de quatro fossem seis. São seis paredes, algumas muitas gavetas. Uma porta com dois vidros escondidos, uma maçaneta de metal acobreado. Um trinco sem chave. Um interruptor, com uma tomada ao lado, redonda. Todas são. Algumas fotos. De pessoas que existem, nunca existiram e que não existem mais. Não existe mais. Era parte, membro. Órgão, não apêndice, não duplo, órgão vital. E morreu. O órgão morreu. A foto é de uma pessoa que não existe mais.
E o relógio.

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