Candice
"Eu vejo você com cara de fúria, que ninguém tinha visto antes, olhando pra mim sentado, você de pé, você parece um gigante. Gesticula de forma viril, aponta o dedo na minha cara e diz, e grita:
- Você é patético! Patético.
Eu abaixo a cabeça. Não tenho força, ou necessidade de fazer qualquer coisa. Posso chorar. Mas você realmente não dá a mínima, sabe que eu estou agindo como alguém que quer que os outros tenha pena dele. Eu quero sua pena. Mas você me arrasta ainda mais e diz tudo que pode dizer. Cruelmente, agressivamente. Você não liga a mínima se qualquer coisa cai do meu olho. Não te interessa. Não é esse o seu problema, o problema sou eu ter atravessado sua rua sem permissão.
E você está certo. Ninguém poderia ser mais justo que você. Saber que está certo te dá um ar de pai, bom pai. Eu quero te matar por isso. Você pode me tratar mal, me xingar. Mas não é meu pai. Eu saberia diversas maneiras de humilhar meu pai caso algo desse tipo acontecesse entre nós. Ele imploraria pelo meu silêncio. E eu pararia, porque tenho bom coração.
Não se finja de santo, mártir, ou qualquer coisa assim. Sou um merda e você é perfeito. Sim, você é um santo. Mas sua glória acaba quando começa o seu sadismo. Você que é patético! Como pode ter tanta raiva de algo tão banal. Aliás, como pode ter raiva? Isso nem devia te incomodar. Deveria ser um velho costume. Pare de agir como se fosse o portador da verdade. Você não é perfeito.
E eu sou perfeito? Eu sou. No que eu tô escrevendo agora eu sou a pessoa mais perfeita possível, e ainda tenho um terrível tirano me torturando. O que acha disso? Convincente? Eu me engano sim, você nunca fez isso? Ora, sim sou patético por tentar me convencer que você não vale nada e adora maltratar pessoas sem ação. Podia dar certo. Eu realmente vejo a cena. Mas ela termina depois de você falar que eu sou patético, o resto eu inventei pra te enfeiar. Preciso te enfeiar porque imagino um lindo pedido de desculpas depois disso e o seu dedo que me acusava passaria a me acariciar o rosto. Por isso eu sou patético. Porque imagino. E se você lesse essa carta. Você se enfureceria? Me bateria? Me acariciaria? Eu não posso saber. Então crio fatos. É nossa história que não aconteceu que eu devo contar. Várias vezes, com todos os detalhes, histórias de todos os pequenos momentos. Eu tô construindo minhas lembranças. Nossas lembranças. Lembranças das nossas possibilidades. E como nada pode ser totalmente bom, eu crio os momentos ruins também. Mas sempre termina bem.
Lembro de te odiar naquele dia, pra te amar mais e mais. Porque você é incomparável. Surpreendente. E não deixa nada pra consertar depois. Você cata cada pedacinho de mim espalhado no chão e cola, com toda a paciência do mundo. Porque você me quer inteiro. E eu me deixo consertar. E quebrar de novo, eventualmente. Porque eu também quero você inteiro."
Professor Igor
- Você é patético! Patético.
Eu abaixo a cabeça. Não tenho força, ou necessidade de fazer qualquer coisa. Posso chorar. Mas você realmente não dá a mínima, sabe que eu estou agindo como alguém que quer que os outros tenha pena dele. Eu quero sua pena. Mas você me arrasta ainda mais e diz tudo que pode dizer. Cruelmente, agressivamente. Você não liga a mínima se qualquer coisa cai do meu olho. Não te interessa. Não é esse o seu problema, o problema sou eu ter atravessado sua rua sem permissão.
E você está certo. Ninguém poderia ser mais justo que você. Saber que está certo te dá um ar de pai, bom pai. Eu quero te matar por isso. Você pode me tratar mal, me xingar. Mas não é meu pai. Eu saberia diversas maneiras de humilhar meu pai caso algo desse tipo acontecesse entre nós. Ele imploraria pelo meu silêncio. E eu pararia, porque tenho bom coração.
Não se finja de santo, mártir, ou qualquer coisa assim. Sou um merda e você é perfeito. Sim, você é um santo. Mas sua glória acaba quando começa o seu sadismo. Você que é patético! Como pode ter tanta raiva de algo tão banal. Aliás, como pode ter raiva? Isso nem devia te incomodar. Deveria ser um velho costume. Pare de agir como se fosse o portador da verdade. Você não é perfeito.
E eu sou perfeito? Eu sou. No que eu tô escrevendo agora eu sou a pessoa mais perfeita possível, e ainda tenho um terrível tirano me torturando. O que acha disso? Convincente? Eu me engano sim, você nunca fez isso? Ora, sim sou patético por tentar me convencer que você não vale nada e adora maltratar pessoas sem ação. Podia dar certo. Eu realmente vejo a cena. Mas ela termina depois de você falar que eu sou patético, o resto eu inventei pra te enfeiar. Preciso te enfeiar porque imagino um lindo pedido de desculpas depois disso e o seu dedo que me acusava passaria a me acariciar o rosto. Por isso eu sou patético. Porque imagino. E se você lesse essa carta. Você se enfureceria? Me bateria? Me acariciaria? Eu não posso saber. Então crio fatos. É nossa história que não aconteceu que eu devo contar. Várias vezes, com todos os detalhes, histórias de todos os pequenos momentos. Eu tô construindo minhas lembranças. Nossas lembranças. Lembranças das nossas possibilidades. E como nada pode ser totalmente bom, eu crio os momentos ruins também. Mas sempre termina bem.
Lembro de te odiar naquele dia, pra te amar mais e mais. Porque você é incomparável. Surpreendente. E não deixa nada pra consertar depois. Você cata cada pedacinho de mim espalhado no chão e cola, com toda a paciência do mundo. Porque você me quer inteiro. E eu me deixo consertar. E quebrar de novo, eventualmente. Porque eu também quero você inteiro."
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