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"A diferença é que no amor a gente é menos sincero."
Professor Igor.

O retorno de Eva

Estou com fobia de gente. Medo de me relacionar. Sinto como se eu fosse um concentrado de estupidez, estranheza, feiura. Me sinto desmerecedora de olhar, de falar, de cumprimentar. Tenho angústia. Então fico em casa. Me aproximando de você por um caminho estranho e obsessivo. Me desculpa se mais uma vez te tratei como você não merecia. Com essa são duas. Eu cada vez me sinto menor e desmerecedora do Sol. Eu sou o pior lixo de todos os tempo. E você tem toda razão em pisar em mim. Ou se esquivar o máximo possível. Eu mereço a morte mesmo.
Espero um dia rir disso tudo. Por agora eu tô bem ocupada com a minha fuga. Fui pra ilha deserta e não quis te levar porque tinha medo de te olhar no olho. Mas estou muito bem. A gente sempre se acostuma a qualquer tipo de vida. Aqui é indolor, sem angústias, sem medos, sem esbarrões.
Eu queria dizer que queria que você vivesse feliz com a dita em nãofrases, mas só consigo pensar em novela, conto de fadas. O pior é que eu não me adequo a minha personagem. Sou a pior bruxa verruguenta esperando ser Aurora.
Devo me sentir mal por mais dois, três dias. Vou voltar a sair e, logo depois, qualquer coisinha vai me fazer voltar pros abraços do lar. Eu estou assim. Fraca, omissa, frágil. É claro que eu sei o que tenho que fazer. E daí, é bem mais divertido sentir pena de mim mesma agora. Preciso tirar férias da minha vida, vivendo outra de verdade.
Por que a gente acha que começando do zero as coisas vão dar mais certo? Raspar a cabeça pro cabelo crescer mais certo. Mudar de cidade. Emagrecer. Eu quero uma grande mudança. Seria minha segunda chance.
Ultimamente venho vivendo mundos paralelos. Poucos se cruzam. E eu me sinto uma grande mentirosa e incompleta em cada um deles. Queria juntar tudo. Mas daí vem a maldita fraqueza. A confiança de estar em cima do muro é perfeita. Queria sair da minha vida e viver um mundo só. Mais sozinha, claro. Mas mais sincero. Ou não. Meu passado seria o mundo duplo e eu nunca ia deixar de ser uma mentira.
Quero. Eu que não fumo queria um cigarro. Quero sair por aí, sorrindo de Sol, beijando árvore, dançando estrela. Quero um mundo sem ninguém. Acredita? Nem eu.